React ao injusto concurso Van Cliburn 2025

O grandioso Concurso Internacional de Piano Van Cliburn é um evento de prestígio enorme que revela muitos talentos.

E sua edição de 2025 parece que não ficou isenta de injustiça.

Veja o porquê aqui:


Por que os “modernos” e “tradicionais” estão igualmente errados

Ontem esbarrei numa velha acusação em um vídeo qualquer do YouTube:

Um professor de piano moderno atacando outro tradicional.

O crime do tradicional?

Ensinar nota por nota.

A virtude do moderno?

Ensinar o “fluxo musical”.

Assistindo essa frescura disfarçada de metodologia, pensei:

“– Será que dá pra ser mais raso que isso?”

Essa polarização é tão artificial quanto tecladinho de bichinhos da fazenda: de um lado, os “revolucionários” que ensinam a sentir o caminho da música como uma jornada fluida, livre, quase espiritual. Do outro, os “dinossauros” que supostamente aprisionam os alunos em cada nota, cada dedo, cada movimento.

É como se alguém perguntasse:

“– Para dançar bem, você precisa conhecer os passos OU sentir o ritmo da música?”

A resposta óbvia é:

Você precisa dos dois, seu besta!

(ok, me exaltei… respirando…)

Veja bem:

O olhar musical que podemos chamar de “global” (aquele que vê o todo, o caminho, o fluxo), não é revolucionário.

O velho e rabugento Beethoven pensava assim…

Mozart já pensava assim…

Bach já pensava assim…

E todos os músicos de todos os tempos e lugares.

Esse olhar te dá unidade musical e, sim, mais agilidade.

Mas e o olhar “local” (aquele que foca em nota, em posição, em movimento)?

Esse não é antiquado.

Músicos atuais usam isso o tempo todo…

Inclusive na música pop, na guitarra, na flauta, na gaita etc.

Esse olhar dá profundidade e, principalmente, clareza.

A pergunta não é qual abordagem é melhor.

A pergunta é:

Quando usar cada uma?

Quando você está resolvendo problemas, provavelmente o olhar local é seu melhor amigo. Quando você já pegou os movimentos e quer dar vida à música, o olhar global provavelmente é a melhor estratégia. Às vezes, você precisa alternar entre os dois constantemente.

É como respirar:

Você não escolhe entre inspirar OU expirar.

Você faz os dois, no momento certo.

A música precisa de clareza?

Sim.

A música precisa de fluidez?

Também.

E quem decide quando priorizar cada aspecto?

Você.

Aquela pessoa sentada no banquinho, com as mãos no teclado, a verdadeira responsavel por dar vida às notas.

Bem, eu já aprendi uma coisa:

Sempre que algum guru do piano disser que encontrou o método revolucionário que dispensa um desses olhares…

Imediatamente clico em “Não me recomendar este canal”.

Pra aprender a desenvolver tanto o olhar global quanto o local, com exercícios práticos que realmente funcionam, entre para o curso “Do Zero à Pour Elise” aqui:

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Como roubar dos grandes pianistas sem ir pra cadeia

Ontem assisti a um vídeo do Rubinstein tocando Chopin.

Não vou dizer que foi “incrível” ou “mágico”.

Foi mas não.

Vou dizer o que realmente aconteceu:

Fiquei com raiva.

Ele fazia parecer tão simples…

Tão natural…

Normalmente os grandes mestres do piano apenas nos hipnotizam.

E “semideus” não parece uma palavra absurda do passado.

Só que ontem eu estava preparado, eu não ia cair no truque dele. O que eu queria era aprender alguma coisa, estava disposto a passar da admiração passiva pra o aprendizado ativo, queria avançar em alguma direção tendo tirado alguma lição daquele Rubinstein que, pra falar a verdade, mais parece um ser intocável do que uma fonte de algum aprendizado.

Ali estava um fã querendo ser detetive.

O fã aplaude.

O detetive investiga.

O fã suspira.

O detetive anota.

O fã diz “– Impossível…”.

O detetive pergunta “– Como?”

Será que aprendi alguma coisa?

Olha, não foi fácil calar o “fã” e isso me deu muita raiva.

Eis aqui um roteiro pra tentar roubar alguma lição de um grande mestre do piano:

(caso você queira arriscar também)

1) Escolha uma única característica pra investigar

Pode ser a maneira como o pianista usa o pedal.

Ou como ele articula certas passagens.

Ou como ele equilibra as vozes.

Escolha UMA coisa. Só uma.

2) Assista com os olhos de águia

Não apenas ouça.

Como estão posicionadas as mãos?

Que movimento ele faz antes daquela passagem difícil?

Para onde vai o cotovelo naquele trecho?

3) Isole o DNA da interpretação

Todo grande pianista tem um “DNA interpretativo”.

Não são as notas (essas estão na partitura).

É o COMO ele toca as notas.

É o timing entre duas notas específicas…

O contraste entre dois acordes…

O quase imperceptível rubato em certo trecho.

4) Experimente no seu próprio piano

Não tente tocar a peça inteira.

Pegue um compasso ou uma frase ou um ornamento.

Tente reproduzir EXATAMENTE aquele detalhe que você isolou.

5) Transforme em ferramenta

O detalhe que você roubou não pode ser apenas um truque isolado.

Deve virar um princípio que você possa aplicar em outras peças.

Uma ferramenta sua.

(sim, sim, além de detetive, você também é mecânico)

Isso não é plágio ou um simples roubo:

É uma investigação que vai criando o seu próprio estilo.

Quando às vezes você deixa de ser fã e vira detetive, cada vídeo de um grande pianista se transforma numa aula particular.

E o melhor:

Uma aula do melhor professor do mundo.

Pra desenvolver suas habilidades e conseguir roubar alguma coisa de algum mestre, entre para o curso “Do Zero à Pour Elise” aqui:

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Método de Prêmio Nobel para dominar o piano

Você sabia que um método criado por um físico Prêmio Nobel pode revolucionar seu aprendizado musical? Neste vídeo também veremos a fascinante colaboração entre Martha Argerich e o teatro japonês Noh, e o polêmico caso do pianista que processou uma orquestra por milhões após fazer um protesto político no palco… assista aqui:


Quando sua música favorita começa a dar sono

Vou te contar mais um segredo sujo do mundo do piano:

Às vezes a gente se cansa das músicas que mais ama.

Sim, aquela peça que você ouviu mil vezes…

Que fez você chorar de emoção…

Que parecia conter todo o sentido da vida em suas notas…

Um dia, ela simplesmente… entedia.

Você senta no piano, começa a tocar, e sente aquela sensação estranha:

“– Cadê a magia?”

Isso acontece com todo mundo. E não importa se profissional ou amador, se famoso ou anônimo, se está batendo um violão, uma gaita, ou tocando piano, todo músico precisa ter uma tolerância com esse tédio. Numa entrevista, um músico não vai admitir isso. Pra ele é melhor reforçar toda a aura de pura maravilha ao redor da música.

Totalmente compreensível isso.

Mas voltando ao assunto:

O problema não é a música ter ficado chata.

O problema é você achar que ela não PODE ficar chata.

É como aquele restaurante favorito que você frequenta toda semana.

No começo, era o paraíso.

Depois de um tempo, virou só mais uma terça-feira.

Não é que a comida piorou.

É você que é humano.

Bom, então, o que fazer quando sua peça favorita começa a dar sono?

Existe alguma solução fora abandonâ-la completamente?

Basta apenas colocá-la no mesmo lixo de “Faroeste Caboclo”, “Ana Júlia” e “Eu nasci há dez mil anos atrás”?

Não tenho a solução final, mas vou dizer o que funciona comigo.

1) Parar de tocar ela por um tempo.

Meses ou às vezes anos mesmo.

2) Mudar completamente a abordagem.

Se você tocava rápido, toque absurdamente devagar.

Se tocava com rubato, toque com metrônomo militar.

Se focava na melodia, foque só no acompanhamento.

Descubra detalhes que nunca notou antes.

3) Estudar a história por trás da peça.

O que estava acontecendo na vida do compositor?

Que outras obras ele escreveu no mesmo período?

Quais influências moldaram aquela música?

(isso funciona demais comigo)

4) Ouvir interpretações radicalmente diferentes.

Não apenas as consagradas.

As mais estranhas.

As mais controversas.

As que te fazem pensar:

“– Mas que diabos ele fez com essa música?”

5) Ensinar a peça a alguém.

Já que sou professor é fácil falar isso, não é?

Bem, estou contando aqui o que funciona comigo. Ver outra pessoa descobrindo uma certa música pela primeira vez, é como assistir seu filme favorito com alguém que nunca viu… de repente, você está vendo através dos olhos deles, e muito da magia retorna.

A verdade é que o tédio musical não é um problema.

É um sinal.

Um sinal de que você está pronto para uma nova camada de compreensão.

Ou, às vezes, simplesmente um sinal de que é hora de explorar novos territórios.

Ambas as opções são válidas.

O que não é válido é deixar o desânimo dominar.

Então, qual música já te entediou depois de tanto amor?

E mais importante: o que você fez a respeito?

Pra jamais estagnar num nível e manter-se avançando no piano, entre para o Método Real de Piano aqui:

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A sua vantagem secreta no piano (não é talento)

Hoje a gente tem piano digital que imita acústico, app que promete te ensinar em semanas, vídeo no YouTube mostrando tudo mastigadinho… é uma enxurrada de facilidades que, pense bem, não seria nem possível explicar pra alguém lá do ano 1900.

Mas como você está aqui me lendo, já deve ter percebido que:

1) Sim, a tecnologia facilita um montão…

2) Ela não constrói a habilidade por você.

Tenho quase certeza que isso está claro pra você.

Mas saiba de uma coisa:

Se você já percebeu isso, faz parte de 0,001%.

Não, não é 0,001% da população em geral.

É 0,001% dos interessados em aprender piano.

O resto pensa que o Vale do Sicílio inventou o instragram do piano que você passa o dedo pra cima e toca feito o Lang Lang. Ok, exagerei um pouco mas não tanto. Realmente a maioria dos interessados está condicionada pelo uso cabeça de pudim das redes sociais.

Aí é que você pode ter uma vantagem.

Se usar a tecnologia como ferramenta ou como “via” pra construir suas habilidades, meu amigo, você vai se desenvolver muito.

Veja bem, não estou fazendo aqui apologia ao trabalho duro.

Tem muito “trabalho duro” por aí que só dá errado.

Estou falando em usar a tecnologia pra esclarecer como você pratica com propósito, como resolve suas dificuldades, para ouvir referências, para se gravar, para ajustar, iluminando a ação que você constrói ali no banquinho, colocando suas mãos nas teclas.

Pensando assim é fácil:

1) sentir pena de quem viveu no passado…

2) sentir pena de quem vive no presente.

(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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O compasso fantasma em Bach

Um compasso FANTASMA se infiltrou numa famosa música de Bach há 200 anos e poucos perceberam. Descubra como um editor alemão teve a ousadia de corrigir Bach, alterando uma das músicas mais tocadas da história. Assista aqui e você nunca mais ouvirá esta obra da mesma forma:


Hoje meu cérebro está cansado demais pro piano

Hoje realmente estou sem paciência nenhuma pro piano.

E neste momento escrever isso daqui é mil vezes mais empolgante do que chegar perto daquele quatro pernas preto e branco.

“Estou sem paciência pro piano”.

Quantas vezes você já disse isso?

Ou pior:

Quantas vezes você nem disse, mas simplesmente decidiu que era verdade e usou isso pra abandonar o piano depois de três compassos?

Sim, o cérebro é fundamental.

Sim, a prática não deve ser feita no modo zumbi.

Sim, o cansaço mental existe.

Mas…

Esses “sim” são perigosos.

Também é verdade que o cérebro é um grande contador de histórias. E quando você dá a ele uma chance de desistir com elegância, ele aproveita. É assim que inventamos profundidade onde só existe desculpa esfarrapada.

É assim que a falta de paciência se fantasia de autocuidado.

E quando você vê, já está achando que “o seu momento hoje é de descanso”, quando na verdade o que você precisava era mesmo sentar no banquinho e praticar.

Nem toda preguiça vem com pijama e travesseiro.

Algumas aparecem de roupa técnica…

Com discurso pronto e tom reflexivo.

Olha, quem tem habilidades desenvolvidas…

Quem está longe da confusão e sabe do que precisa…

Até pode confiar quando o corpo ou a mente dão um sinal claro.

Mas pra quem ainda está construindo…

Parar cedo demais é exatamente o que impede o progresso.

Não se trata de desrespeitar os próprios limites.

Mas também não se trata de acreditar em qualquer limite que pareça sofisticado.

Frequentemente “meu cérebro hoje não está rendendo” é só o novo nome do velho e conhecido corpo mole…

É o disfarce dum verme desprezível.

E o corpo mole não desaparece descansando…

Mas praticando.

Mãos nas teclas pra já!

(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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NOVO VÍDEO: Quando a crítica musical elogia… e quando ela destrói

O que acontece quando uma das pianistas mais midiáticas do mundo decide abandonar o “espetáculo” e surpreende com uma apresentação quase intimista? E quando um dos concursos de piano mais famosos do planeta vira alvo de críticas duríssimas (antes mesmo de terminar)?

Aqui está:


Isto é pior do que tocar piano pelado

Vou confessar algo imediatamente:

Jamais toquei piano pelado.

Nem mesmo sozinho em casa.

E vou confessar outra coisa:

Nesses 10 anos de trabalho online, algumas pessoas já me mandaram fotos tocando piano peladas, como se a junção das duas coisas fosse despertar em mim algum tipo de admiração superior do que simplesmente vê-las tocando piano da maneira civilizada. O máximo que conseguiram foi despertar o tipo de admiração que conduz a tocar no botão “bloquear”.

Calma que o assunto de hoje não é esse.

Pois tem algo ainda muito pior do que tocar piano pelado:

São as músicas curtas.

Aquelas de 2 minutos.

Com nome doce, andamento simples, melodia cantável.

Você começa a tocar achando que vai ser fácil.

E aí vem o susto.

Nada pra esconder atrás.

Nenhum pedal pra salvar.

Nenhum drama pra disfarçar a falta de intenção.

A peça é leve…

Mas se você não tiver leveza, ela te derruba.

Aí a sensação de estar pelado vai parecer até reconfortante.

Acho que não preciso destacar a força didática de uma coisa dessas.

Talvez eu devesse fazer um comentário de quanto os “autodidatas” gostam mesmo é de fugir desse tipo de “força didática”, mas também não vou fazer isso não. Só vou comentar o seguinte: essas músicas que exigem clareza são muito boas para uma limpeza no “paladar” musical, principalmente depois de uma degustação de coisas pesadas.

E cumprir esse papel de “leveza” torna aquilo que parecia menor, em algo essencial.

Incluindo na construção de nossas habilidades pianísticas.

(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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