Como NÃO deve ser uma aula de piano
Como uma aula de piano deve ser, e como você pode fazer pra assim identificar um professor promissor ou uma aula proveitosa, eu já comentei por aqui. Claro, falei de maneira genérica. Cada professor tem seu estilo e uma maneira de COMO dar a aula.
Agora, sabe de uma coisa?
Talvez exista algo ainda mais evidente pra identificar uma boa aula de piano:
(ou “conteúdo” como se diria na internet)
Nunca deve-se eliminar totalmente as experiências negativas.
Primeiro porque é impossível.
Segundo, e porque é impossível fugir totalmente delas, você deve LIDAR com elas e não fugir delas.
Se só fugir…
Significa que não vai avançar.
Sabe todas essas promessas mirabolantes que a internet inflacionou?
Elas já existiam antes.
E todas elas tentam prometer que você jamais vai ter nenhuma experiência negativa no piano…
Tudo vai ser divertido…
Fácil…
Rápido…
Você vai amar e se sentir emocionado, motivado, e pleno…
Realizando algo revolucionário que ninguém nunca fez antes.
Vou dar um exemplo bem banal:
Nem todas as músicas te emocionam da mesma maneira.
Aliás, não são muitas músicas que te levam sozinhas a praticar piano.
E várias vezes você vai precisar da experiência negativa de se forçar e ir pro piano de qualquer jeito.
Aliás, o buraco é mais embaixo:
Nem todo dia você vai querer praticar a “Clair de Lune”.
Sim, você ama essa música…
E ela lhe causa tremendos arrepios.
Mas muitos dias você simplesmente não vai estar no clima.
E não vai ser gostoso…
Você não vai sentir que é positivo.
E aí?
Você vai precisar sim se colocar no desconforto de fazer mesmo assim.
Poderíamos dar outros exemplos, mas acho que você entendeu.
Se você mesmo está fugindo de qualquer experiência negativa no piano, ou se alguém está prometendo pra você um caminho sem nenhum tropeço, onde tudo é emocionante e florido, provavelmente esse próprio caminho não vai te levar a lugar nenhum, pois mesmo que não saiba ou não queira, você se beneficia muito das experiência negativas.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Pianista toca por 22 horas sem parar
Um pianista desafiou os limites da resistência humana ao enfrentar um desafio absurdo, testando não apenas suas habilidades, mas sua própria sanidade (sem contar a nossa paciência).
E não só isso:
Uma grande empresa do entretenimento tentou transformar a música clássica em um espetáculo inovador, mas o resultado foi, digamos, desfalcante (existe essa palavra?).
E um renomado artista garante que o futuro da música clássica está mais vivo do que nunca, contrariando quem acredita que esse gênero está morrendo.
O que está por trás dessas histórias?
Assista a este vídeo e surpreenda-se:
A arte de alcançar um resultado praticando o contrário
Já que algumas pessoas se espantaram com o “pra tocar rápido é preciso tocar devagar”, então vamos continuar no assunto, aliás, vamos ampliá-lo um pouco.
Existem dois pares de recursos comuns de expressão no piano:
1) Tocar rápido e tocar devagar
2) Tocar forte e tocar fraco.
No meio de cada um desses pares está o normal.
Velocidade normal e toque normal.
Mas a quase todo momento devemos variar.
E como a gente faz pra tocar rápido direito, sem parecer um peru desgovernado?
Devemos tocar o trecho de forma lenta.
Bem lenta.
Várias vezes.
Isso vai fazer você entender o papel de cada nota e a relação de uma com a outra.
Num trecho rápido, é fácil a gente não pensar nas notas individualmente.
Então, tocando devagar, cada uma vai chamar a atenção que precisa…
E o gesto usado pra cada uma vai ser melhor avaliado.
Assim vai ser com os demais recursos:
Em trechos lentos…
Você vai praticar rápido.
Em momentos que é pra tocar forte…
Você vai praticar fraco.
Nos momentos que é pra tocar fraco…
Você vai tocar forte.
Cada uma dessas inversões tem uma razão específica.
Não é tão simples perceber a continuidade da linha melódica quando o trecho é originalmente lento… então você pratica mais rápido pra captar essa continuidade. Não é tão fácil entender a melodia quando você deve tocar forte… então você toca leve pra entendê-la direito. É bem fácil cair num toque superficial quando é pra tocar leve… então você toca forte pra ganhar pegada.
Sem essas inversões o peru corre e tropeça…
Ou anda lento e esquece onde tá indo…
Ou pisa forte e parece que não sai do lugar…
Ou pisa fraco e realmente não sai do lugar.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Porque tocar rápido piano é tão difícil
Você já me ouviu falando que “pra tocar rápido é preciso tocar devagar”?
Sim?
Ótimo!
Não?
Então se ainda não ouviu:
Pra tocar rápido é preciso tocar devagar.
Pronto!
Aí está a resposta curta:
É difícil tocar rápido porque ainda não tocamos nem mesmo devagar.
Agora vamos pra resposta longa:
“Tocar rápido” é relativo, certo?
“Tocar rápido” feito Martha Argerich?
“Tocar rápido” feito Lang Lang?
“Tocar rápido” feito a marcação de metrônomo inalcançável anotada em algumas obras de Chopin?
Vamos ser sinceros:
Martha Argerich, Lang Lang e metrônomo de Chopin são tipos de “tocar rápido” que não são possíveis de alcançar pra quem não estuda desde pequeno e mantém o estilo de vida de um profissional. Não estou falando isso pra desanimar ninguém… um adulto que vai pro piano tem que saber aonde não pode chegar, só assim ele está livre pra realmente chegar em algum lugar.
Agora, veja bem, isso não é o fim da história:
“Tocar rápido” é relativo, certo?
Não foi o que acabamos de concordar?
Então aí está o segredo pra você tocar rápido:
Você pode sim “tocar rápido”, desde que seja tocar mais rápido do que você mesmo.
E como conseguimos isso?
Aqui voltamos pro começo:
Pra tocar rápido é preciso tocar devagar.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Salieri envenenou Mozart
Você sabia que uma lenda viva do piano fez um retorno inesperado após décadas de silêncio e carrega consigo segredos de um dos maiores gênios da história?
E que Mozart pode ter sido vítima de uma conspiração mortal digna de um filme de suspense?
Além disso, revelações chocantes sobre sua personalidade, sua morte misteriosa e até mesmo uma possível imagem de sua viúva podem mudar tudo o que você achava que sabia.
Quer saber os detalhes?
Então assista a este vídeo aqui que você não vai se arrepender:
Você sabia? Nem tudo é seriedade, comprometimento e rigor
Não sei se você também percebe assim, mas parece que cada um de nós tem dois lados:
lado A) Aquele que faz as coisas dentro de um esquema pré-concebido, lógico, estruturado.
lado B) Aquele que faz as coisas de maneira desvairada, sem lógica, por impulso.
Umas pessoas são mais do “A”, outras mais do “B”…
Mas me parece que todos alternam entre um e outro lado.
É claro que a pessoa que for mais do “A” tem inclinações mais fortes pra seguir um método de aprendizado de piano. Pra ela é absolutamente natural alcançar um resultado positivo por meio de uma estrutura colocada em prática, de maneira muito semelhante, todo dia.
A questão é que existe o outro lado.
E esse outro lado pede umas loucuras de vez em quando.
Estou falando agora do lado “B”.
Quem é naturalmente mais desorganizado, mais intuitivo, sofre pra aprender, pois fica sempre procurando seguir umas maluquices que aparecem na cabeça (ou de sugestões fortuitas) e, aqui mora um problema, essas maluquices não geram consistência. Geram, isso sim, momentos isolados de extremo prazer e liberdade (sem esquecer que também há muitas frustações aí), mas não levam ao aprendizado propriamente dito…
Ao aprendizado completo.
(talvez falemos mais sobre esse “aprendizado completo” outro dia)
A solução do impasse?
Acho que está na alternância consciente desses dois lados.
A alternância consciente evita que um dos lados escravize você.
E a alternância sem confusão faz você superar dificuldades de várias maneiras.
Por exemplo:
Talvez você adore Bach, Chopin, Dream Theater e Yann Tiersen.
(isso é só um exemplo)
As combinações de prática que misture tudo isso, seguindo alternadamente os lados A e B são inúmeras, mas a que vou propor é baseada no caminho mais sólido de desenvolvimento de acordo com a técnica pianística que foi desenvolvida ao longo da história da música. Ou seja, o seu estudo sério, organizado, vai mirar em Bach e Chopin.
O seu estudo desvairado vai brincar com Dream Theater e Yann Tiersen.
Você não vai querer tocar Chopin já desde o início.
Não dá pra fazer isso.
Aliás, bem no começo, também não vai ser possível lidar com Bach puro.
Facilitações e outros compositores farão parte da sua lista. E você vai seguir esse caminho de maneira séria, comprometida, como alguém capaz de colocar a si mesmo objetivos de longo prazo, que exigem um desenvolvimento gradual e constante, por isso Bach e Chopin como pontos de chegada são excelentes.
Ao mesmo tempo que percorre esse caminho, em alguns outros momentos do dia…
Sem precisar ser todo dia…
Você pode e deve brincar com Yann Tiersen.
(Dream Theater é mais complicado, fica pra mais tarde)
Isso é justo e necessário.
Isso faz você experimentar outras perspectivas…
E experimentar outras perspectivas amplia sua visão…
E ampliar sua visão faz você usar melhor os dois lados…
Sem ser escravizado e torturado por nenhum deles.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Ovos nunca tiveram a ver com trinados, até agora
Não consegui entender o motivo, mas vi um dono de mercado simplesmente adivinhando quantas caixas de ovos estavam sendo devolvidas por um cliente:
“– Marca aí que é umas 50”
…e me lembrei da importância crucial das quantidades exatas.
“– Quantidades exatas do quê, Fileipe?”
Ora, do número de batidas de um trinado, óbvio!
Ovos e trinados não têm nenhuma relação um com outro, acontece que no momento que você presencia um dono de mercado considerando a devolução inexata de caixas de ovos e no momento que fica óbvio que isso representa um certo risco desnecessário na administração de um mercado, aí exatamente neste momento é disparado na sua mente o quanto um trinado sem número exato de batidas é um risco que o pianista passa, torcendo pra dar certo no final…
E o quanto isso também é um risco desnecessário.
Quando você faz isso…
Quando se joga livre-leve-solto num trinado…
Sem ter fixado um número exato de batidas…
Você está se arriscando demais.
Um descontrole rítmico desse vai exigir adaptação no outros tempos musicais.
Você está preparado pra isso?
A conta não vai fechar.
E o que era pra trazer um retorno rápido em termos de beleza musical…
Vai ser um passo importante em direção à falência.
(isso porque não falamos do tropeço técnico)
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Uma palavrinha que não se vence com outra palavra
Não tem idade, não tem homem, mulher, baixo, alto, gordo, magro, branco, negro, amarelo ou avermelhado… não importa se é dirigir na rodovia, morar longe da mãe, trabalhar no turno da noite, falar que só pensa nela, convencer o júri, aprender francês, alemão, tailandês erudito do século XVI, tricô, pintura de pano de prato, violão, bateria ou piano…
Aquela palavrinha está em todo lugar…
E toda hora ela pula na nossa frente.
Qual palavrinha?
Insegurança.
Ela está em todo lugar, afeta todo tipo de decisão.
“– Será? Será que consigo?”
Não sei.
Mas só tenho uma resposta pra isso…
É a resposta que sempre dou…
Pode procurar no Youtube, no Facebook, no Instagram…
Você vai encontrar a mesma resposta…
Várias vezes…
Porque muita-muita-muita gente já me perguntou…
E tenho certeza que muita-muita-muita ainda vai me perguntar…
E eu não preciso mais pensar, nem avaliar, nem me incomodar…
Porque não é com palavras que se derrota a insegurança.
SÓ HÁ UMA MANEIRA:
Agindo.
Se você vai aprender piano ou não…
Se vai evoluir ou não…
Só você pode descobrir:
E é metendo a mão na massa e fazendo.
Pra esmagar sua insegurança com a ação bem definida e sem confusões, siga o passo a passo do curso “Do Zero à Pour Elise” aqui:
https://www.metodorealdepiano.com.br/
7 notações básicas da partitura
Aqui está um guia rápido para notação musical para iniciantes ao piano: