Não tenho nada contra esteira de caminhada (aquelas de academia).
Eu mesmo uso uma todo dia no conforto do meu lar.
Mas não ando nela pra ir buscar pão ou leite na padaria.
Nem faz muito sentido dizer “ando” quando os passos são dados numa esteira.
Andar é se locomover, é sair de um lugar e ir até outro.
Os movimentos das pernas sozinhos não configuram um “andar”.
Pois bem, existe um tipo particular de interessado em piano que se vicia em exercícios e evita a todo custo o estudo de peças, às vezes sem perceber direito o que está fazendo. Eles são obcecados pelo aperfeiçoamento técnico puro, sem música, que só faz reproduzir em pequena escala a tendência atual de se maravilhar pela velocidade com que alguém executa o instrumento.
Não que esses sejam a maioria, tenho de dizer.
Na verdade, a maior parte evita o estudo técnico…
Como se fossem uma versão local da Martha Argerich.
Mas preciso falar dessa minoria dentro da nossa grande minoria.
Preciso tocar definitivamente o coração deles dizendo que os amo.
Da mesma forma que amo os exercícios quando ocupam 20% ou 30% do tempo. Principalmente quando praticados no começo da sessão do dia. Quem sabe assim, com essa declaração meio brega, esses amados do meu coração percebam que aprendemos a tocar piano por causa das músicas: elas é que são o nosso propósito.
Exercícios são muito bons.
Melhor ainda é abrir a janela, se encantar pela paisagem e sair para uma caminhada com os pés no chão.
Não esqueça:
Nosso compromisso é com a música.
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