Um tiro na nuca do seu polegar

Minha aluna Lúcia N. comentou que pretende estudar o primeiro prelúdio de Bach, mas que já previa a dificuldade em domar o indomável polegar, o famoso dedão. Esse dedo é simplesmente um representante do maldito patriarcado opressor e capitalista no meio da nossa pacífica comunidade de dedos. Vamos dar uma lição nele.

Se ele não for doutrinado, acaba deixando toda a mão tensa.

E nesse prelúdio em particular, vai causar um acento indesejado.

Vamos então começar a torturá-lo.

* PRIMEIRA TORTURA:

Simplesmente dê atenção ao dedão.

Toda vez que for utilizá-lo, conscientemente evite que ele desça como um porrete.

Se você não conseguir se concentrar nesse trabalho, ao menos encaixe uns minutos na rotina somente pra isso.

* SEGUNDA TORTURA:

Posicione os outros quatro dedos em teclas e as toque em sequência.

Um dedo de cada vez.

Enquanto isso, apoie o dedão em alguma parte do instrumento. Seria bem mais eficaz se você não fizer isso em modo cabeça-de-pudim, mas que tente relaxar o dedão cada vez que tocar com outro dedo. É como se você estivesse gritando no ouvido do maldito opressor: “– É ASSIM QUE VOCÊ DEVE FICAR!!!”. Pra dissipar a tensão do dedão, também é bom chacoalhar um pouco os dedos de vez em quando.

* TERCEIRA TORTURA:

Essa é uma pequena variação da segunda tortura.

Mexa os quatro outros dedos como se estivesse tocando em sequência, mas fora das teclas.

Isso quer dizer que você pode torturar seu dedão mesmo longe do instrumento.

O importante aqui é não deixar seu dedão enrijecer em alguma direção.

Pra ele entender isso, pare um pouco de mexer os dedos e dê uns tapinhas no dedão.

Até que ele relaxe.

* QUARTA TORTURA:

Esse não é um exercício.

É um modo de estudo.

Quando estiver estudando alguma peça, estude de modo a não articular o dedão, mas de apenas levá-lo até a tecla necessária. Pra deixar ainda mais eficiente, você pode revezar estudando COM articulação. O resultado final que queremos, não é nem o dedão totalmente estático, nem bem articulado, queremos ele articulando apenas um pouco. O problema é que ele não sabe disso, então utilizamos os extremos alcançar a medida correta.

* QUINTA TORTURA:

Se o seu dedão for muito teimoso, tente o seguinte:

Repita segunda tortura, mas dessa vez segure o dedão com a outra mão.

Faça bem devagar.

Quando o dedão tensionar, aperte-o um pouco no ponto mais rígido até que relaxe.

É isso.

Coloque essas práticas de tortura sócio-educativas em uma rotina e viva a revolução!

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