Um Conto de Estudante de Piano

Ebenezer Pianooge era um homem triste e amargurado.

Não suportava ver a felicidade alheia.

Principalmente não suportava presenciar alguém apreciando música.

Agora, se alguém estivesse TOCANDO alguma música, então a coisa ia pra outro nível…

Pianooge considerava isso uma ofensa profunda e torceria com prazer o pescoço do músico.

Em alguma Véspera de Natal, Pianooge recebe a visita do seu antigo professor de piano, morto já há muitos anos, que recebeu a tarefa de voltar e avisar que também foi muito amargurado com o sucesso das outras pessoas enquanto estava vivo, mas que isso só o prejudicou e agora tentaria desviar seu antigo discípulo do mesmo destino cruel, enviando três espíritos para convencê-lo a ser diferente e, portanto, reescrever o resultado final.

O primeiro espírito que chega é o “Espírito do Empolgado no Piano”.

Esse relembra para Pianooge sua juventude.

Tempo em que tentou aprender piano.

Como fazer isso utilizando 10 dedos em 7 notas musicais?

Deveria existir algum segredo.

Por meses Pianooge tentou de tudo.

Utilizou aplicativos para reconhecer as notas na partitura rapidamente…

Decorou todos os acordes possíveis…

Comprou o melhor teclado eletrônico possível pra ter ajuda nos acompanhamentos…

(sua mão esquerda era capenga)

Mas sempre faltava alguma coisa.

Procurou o tal professor, mas esse não se importava com os alunos e suas dificuldades.

Queria apenas o pagamento e continuar tentando o sucesso na música.

Onde estaria o segredo?

Enquanto revia essas imagens, Pianooge percebia como era empolgado e se emocionava com as músicas.

E também como começava a invejar aqueles que tocavam.

“– Esses malditos devem ter algum segredo”, pensava.

Relembrou até o ponto em que desistiu de aprender.

O segundo espírito chegou logo depois.

É o “Espírito do Estudante de Piano”.

Esse espírito conduziu Pianooge até o cotidiano daqueles que sabiam tocar piano.

Viu o tempo que esses dedicavam escutando a mesma música…

Tentando sentir seu ritmo…

Seu fraseado…

Seu caminho harmônico…

Viu como estudavam com mãos separadas…

Buscando desenhar um fraseado.

Em como mantinham uma sequência de exercícios para a mão esquerda jamais ficar travada.

Enfim, ele não conseguiu perceber onde estava o segredo.

O terceiro espírito então chegou.

É o “Espírito do Pianista”.

Esse não diz nada, apenas aponta para Pianooge aqueles mesmos estudantes que se dedicavam, mas agora mostravam sua arte para outras pessoas (amigos, vizinhos, familiares…).

O resultado não estava “perfeito”.

Muitos desses estudantes falavam antes de tocar:

“– Ainda estou entendendo esta música, então me perdoem pelos erros…”

E quando tocavam, Pianooge não via erro algum, mas a luz que brilhava no rosto das outras pessoas.

E foi-se embora esse último espírito.

Ao acordar no dia 25, Pianooge era outro homem.

No espelho diz pra si mesmo:

“– Agora eu sei o segredo! Nada pode me deter!”

Feliz Natal!

Glória a Cristo!

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