Tocar lindamente, sem isso, non ecziste

Tocar piano lindamente é uma atividade que transmite uma unidade muito grande.

Perceba que, ao falar em unidade, não estou destacando o efeito afetivo da música. Não estou falando que quem toca bem provoca arrepios e frios na barriga. Esses efeitos também existem, já que os nossos sentimentos, obviamente, reagem ao ouvir uma música. Mas aqui quero chamar a sua atenção a algo anterior… a algo que, na verdade, tem de estar presente na música para que a intenção afetiva dela atinja a platéia no máximo da sua força…

Sem importar qual intenção afetiva seja…

Euforia, tristeza, melancolia, saudade…

Tudo isso aí depende de a música ter UNIDADE.

Pra entender melhor o que quero dizer com unidade, pense em coesão, homogeneidade, integridade, inteireza, união… que é o oposto de algo desconexo, separado, quebrado, inconstante…

A primeira coisa que vai garantir unidade na música é a regularidade rítmica.

Esse é o último elemento do que eu chamo de corpo da música.

A segunda coisa que vai garantir unidade é o controle das intensidades.

É regular o toque forte ou fraco na hora e na medida certa.

Esse é o primeiro elemento do que eu chamo de alma da música.

Veja…

Na junção do último elemento do corpo com o primeiro da alma se localiza a força da unidade.

Não que a unidade não dependa das notas certas (que é o primeiro elemento do corpo da música)…

Mas as notas estão na preocupação de qualquer estudante de piano.

Nunca preciso falar delas.

Mas nem todo mundo percebe que o tempo que cada nota soa é importantíssimo (regularidade rítmica).

Também tem pouco aluno preocupado com a força que toca cada nota (intensidade).

Mas são justamente esses dois elementos juntos que cimentam a sensação de unidade:

A música terá um corpo estável e uma alma fluída, comunicativa…

O poder do discurso musical poderá atingir de verdade nossos sentimentos.

Quando falta unidade, a música fica capenga.

É como sentar numa cadeira quebrada:

A gente não se entrega, não confia.

Uma cadeira quebrada está muito perto de não ser mais uma cadeira.

Da mesma forma, uma música sem unidade está muito perto de não ser bem uma música.

Enfim…

Ouça um grande pianista e perceba que a unidade está sempre ali presente.

Quem quer tocar lindamente precisa dela.

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