Pelo jeito, sou um dos professores de piano mais afortunados da história.
Nasci no melhor lugar do mundo pra ensinar piano.
Por essas bandas, os alunos já estão a meio caminho andado…
Já estão prontos em vários aspectos.
Desde a época do piano de pedra lascada, os praticantes de piano fazem contagem em voz alta pra regular o ritmo da música. Nas escolas das cavernas, não era permitido passar pra próxima música sem antes deixá-las “quadradinhas” (palavra de então que significava algo perfeito).
Cedo percebeu-se que pouquíssimos alunos eram portadores naturais de um, digamos assim, balanço rítmico regulado, para os quais, contar em voz alta seria perda de tempo.
As primeiras pesquisas a esse respeito saíram já na Era Babilônica, quando descobriu-se que 1 a cada 312,5 alunos não precisava contar.
Ou seja, 99,68% só aprendia contando.
Minha hipótese é que, desde essa época, ninguém mais, no mundo inteiro, foi agraciado com essa habilidade natural até o surgimento de um fenômeno curiosíssimo:
Aluno brasileiro de piano.
Nada mais explica a convicção que o aluno brasileiro tem na falta de importância da contagem.
Não pode ser verdade que eles tocam tudo desregulado sem perceber.
Isso seria muito estranho ao povo com mais ginga-no-pé do universo.
A única explicação pra essa aversão é que, depois do Império Babilônico, ninguém mais nasceu com senso rítmico e houve uma concentração de indivíduos portadores dessa graça nas terras a leste do meridiano de Tordesilhas.
Aqui, tudo que se planta dá.
É a terra da fartura.
Fomos poupados do trabalho árduo.
Então, quem aprende piano por essas terras está livre do esforço de diminuir a velocidade de estudo e contar, concentradamente, em voz alta.
Vejam só que maravilhoso…
Vocês não precisam contar e eu não preciso ensinar contagem.
Pior, somos o único país em que isso acontece.
É muita fortuna, fartura, boa sorte…
E autoengano.
Exorcize essa enganação toda e caia na prática eficaz aqui: