Ritmo: ame-o ou ame-o

Quando presenciamos alguém fazendo algo espetacular (pode ser em música, nos esportes, nas artes marciais, etc), dificilmente imaginamos a trabalhão que deu chegar naquele resultado. Muitos simplesmente pensam “– Pra essa pessoa é fácil…”. Existe ainda outro tipo de comportamento que é o “místico”.

Aquele que pensa que basta querer e pronto, magicamente vai conseguir.

Esse tipo “místico” é o que mais lota minha caixa de e-mails.

Está sempre querendo mostrar o quanto “sente” e se “emociona” com música.

Agora, estudar que é bom, neca peteca.

O professor Luiz Gonzaga de Carvalho Neto (filho do agora inimigo público número 1, professor Olavo de Carvalho), sempre diz para os artistas em geral:

“Menos mística, mais engenharia”.

E uma das mais essenciais engenharias na música, é a divisão rítmica.

O objetivo é interiorizar a capacidade de percepção da divisão corretamente.

Sentir o trabalho vital do nosso corpo reagindo ao ritmo…

Você sente seu coração…

Seu fluxo sanguíneo…

Seu peito…

Suas pernas…

Sua nuca…

Tudo reagindo ao ritmo.

O “místico” fica faceiro porque “interiorizar” tem cara de coisa mágica.

Parece que é pra sentir…

Pra deixar fluir…

hmm…

… que coisa boa é mágica…

…..

Lamento.

Não é assim que funciona.

Uma das maneiras de desenvolver essa intimidade com a divisão rítmica, é contar os tempos em voz alta (e também mentalmente como recomenda o maestro Carl Czerny), e assim os “místicos” são os primeiros a pular fora, porque aí a coisa ficou por demais engenherística, afinal “– Não sou bom com esse negócio de números!”. Outra ferramenta essencial é o solfejo rítmico bem feitinho (o que equivale a enfiar uma agulha debaixo da unha para o “místico”).

Com certeza não é algo trivial conseguir contar os tempos.

É preciso paciência pra reduzir a velocidade de estudo e encaixar as coisas.

Além de insistir até conseguir coordenar a execução com a contagem.

Agora, também é certo que não é necessário um dom pra isso.

Também não se pode esperar que essa habilidade se desenvolva sozinha.

Quem faz o que recomendo, que é montar uma rotina de estudos, já está com meio caminho andado.

E sem pressa pra aprender as coisas!

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