Me fizeram essa pergunta meio de brincadeira.
Como bom oportunista, resolvi pensar nisso em público:
Eu e as pessoas sensatas achamos que não.
E o motivo é óbvio:
Um troglodita ensanguentado não combina com a harmonia sensível de uma música ao piano. Sei lá, talvez ele devesse tentar percussão, ou bateria. Qualquer coisa assim. Mas, piano, que exige sutileza e refino, acho que não. A não ser que ele estive consciente do seu estado inicial (da dureza dos dedos, rigidez geral das articulações, dentre outras coisas) e passasse a praticar todo dia aquilo que o levasse a obter progressivamente o que ele não tem.
Nem precisava ser muito por dia.
Até 30 minutos bastaria.
Mas não vejo ele tendo paciência pra isso.
Só se ele quisesse mesmo.
Nesse caso, ele querendo e tomando a decisão de praticar, dava até pra apostar que funcionaria.
Às vezes os teimosos nos surpreendem.
Já tive alunos teimosos que me surpreenderam.
Mas não sei se o Rambo seria perseverante por muito tempo.
Talvez ele se irritasse e metralhasse o piano depois de um ano.
A coisa só seria diferente se, depois de usar de uma certa teimosia pra continuar, ele percebesse que a perseverança o fez conseguir realizar coisas no piano que antes lhe pareciam impossíveis, que comparando ele agora com ele há 10 meses a diferença lhe saltasse aos olhos.
Se o Rambo tivesse essa perspicácia, eu até mudaria a minha opinião.
Mas não sei, melhor não apostar.
Se bem que não me parece que ele não tenha paciência e perseverança.
Acho que ele tem mais delas do que a maioria de nós, a julgar pelas operações solitárias, complicadas e arriscadas em que já se meteu.
Eu não diria que ele só busca resultados imediatos.
E isso me faz pensar que talvez o Rambo tenha um preparo interior ideal pra aprender piano.
Sem dizer que aquele jeito introspectivo combina com música.
Olha, já não sei mais.
Tudo depende, em primeiro lugar, de ele querer.
Depois depende de usar o que está a seu favor para superar o que está contra ele.
Enfim, é hora de parar.
Já tá me parecendo que de Rambo e louco todo mundo tem um pouco.
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