Quem consegue tocar Rachmaninoff

Quando um adulto pergunta pra mim:

“– Felipe, começando agora no piano, consigo tocar Rachmaninoff?”

Pra ele, essa pergunta é a mais objetiva do mundo.

Afinal, o tal adulto convive consigo mesmo a vida inteira.

Ele quer saber dele mesmo.

Eu nunca o vi…

Muitas vezes não sei nem o nome.

Mesmo assim, vamos lá:

Tratando-se de obras originais, não de facilitações ou deturpações, nunca na minha vida vi alguém que não tenha começado na infância, conseguir tocar de maneira bonita qualquer coisa do alto repertório clássico. Com “alto repertório clássico” quero dizer aquelas coisas de virtuoses, aquelas músicas que mais nos impressionam pela seu malabarismo técnico, seja Rachmaninoff, Liszt, Chopin ou Beethoven.

Vamos entender a “maneira bonita” de uma maneira que não seja só impressionar leigos.

Mas não se espante.

Na minha arrogante opinião, também não existem muitos profissionais, dedicados desde a infância pra esse negócio de piano, que conseguem tocar de maneira bela essas coisas.

Pois é, sou chato e exigente.

E aqui estou deixando bem claro que estou excluindo qualquer “o importante é participar”.

E não paremos por aí, não.

“Alto repertório clássico” ainda pode incluir não só o romantismo.

Podemos facilmente adicionar, Bach, Mozart, Haydn, e tantos outros conhecidos e desconhecidos.

Qual o meu ponto?

Ninguém começa a treinar futebol aos 50 anos e joga a Copa do Mundo. Além disso, a neurociência não descobriu o atalho fatal pra aprender piano instantaneamente, como é a esperança de tantos adultos que caçam truques na internet.

A conclusão é que você passo-a-passo vence a você mesmo.

Entende algo a mais, pratica, ganha habilidades musicais…

E melhora o que antes era ruim ou fraco.

Mas não é possível criar “profissionais” tardios.

Você vai ser você mesmo.

E, na verdade, isso já é um grande privilégio.

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