“– Agora com certeza o Felipe ficou maluco”
É, pode ser…
Mas veja bem:
Desde sempre faço a diferenciação entre “praticar” ou também “estudar” piano e o “tocar” ou “passar os dedos nas teclas”. Claro que existe uma diferença nessas duas coisas (praticar e tocar) e poderíamos facilmente dizer que praticamos para podermos tocar.
Acontece que recentemente um sujeito daqueles que “tocam piano há 10 anos” chegou aqui pra ter aulas.
E bom, a primeira coisa que aconteceu foi a “confissão”:
“– Felipe, nunca fiz direito… só tirava umas melodias, enrolava algumas coisas, mas depois dos seus vídeos no Youtube comecei a reparar nos meus erros e comecei a desejar fazer outra coisa… então eu realmente estou praticando… agora eu preciso de dicas mais avançadas”
Uma boa confissão, não?
Bem, aí eu pedi pra descrever como ele pratica:
“– Todos os dias eu toco a música que quero deixar melhor, 3 vezes do começo ao fim”.
Ué!
Eu não lembro nunca de falar pra ninguém tocar uma música do começo ao fim 3 vezes.
Muito menos que isso era “praticar”.
E hoje acordei com uma baita ficha caída…
(sou do tempo da ficha no orelhão)
(sou do tempo do “orelhão”)
(sou do tempo que se diz “sou do tempo”)
Na verdade, praticar todo mundo pratica.
Afinal, vamos lá pro piano e apertamos as teclas, não é mesmo?
E aí?
Isso faz alguma diferença?
Pode fazer diferença pra sua satisfaçãozinha pessoal…
Pode fazer diferença pra fraude de se imaginar num grupo seleto…
E pode fazer diferença pra passar o tempo…
Agora, só passar os dedos nas teclas ou inventar uma prática aí qualquer de “repetir 3 vezes do começo ao fim”, isso tem pouco a ver com REALMENTE praticar piano, naquele sentido de praticar piano com o objetivo de dar corpo e alma para uma música, e não simplesmente transformá-la num corpo sem vida ou numa alma penada.
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