Porque o estudo lento é essencial até para pianistas profissionais

Sei que o sonho de quase todos é chegar no piano e tocar qualquer coisa que venha na cabeça.

A primeira objeção quanto a isso é:

Não é óbvio que a maioria de nós tem apenas porcaria na cabeça?

Transformar essa porcaria em música só vai resultar em uma porcaria de música.

Mas, bem, não vou insistir nesse assunto pois acho que um número suficiente de pessoas que está cadastrada aqui no meu site já tentou colocar a mão na massa e percebeu que o buraco é mais embaixo. É preciso estudo e dedicação.

Muito bem!!!

Depois que entende isso, a próxima dúvida é:

“– Se eu me dedicar uns 3 meses já tá bom?”

“– … e uns 6 meses?”

“– Dois anos já é suficiente?”

Bem, eu responderia assim:

Nelson Freire, Martha Argerich, Daniel Barenboim, András Schiff, Krystian Zimerman etc… todos mantém-se estudando lentamente e com mãos separadas. Mesmo tendo décadas de estudo e estando no topo da carreira. Claro que o motivo deles são outros. Não estão buscando desenvolver agilidade de dedos ou formato das mãos pra atacar acordes.

Só pra listar dois motivos:

1) Limpeza:

Depois de tocar algum repertório durante anos e anos, é preciso garantir que a experiência não acabou resultando em algum vício que trava a continuidade do movimento.

O estudo lento é a ferramenta pra evitar isso.

2) Independência:

Evitar com todas as forças a dependência da “memória muscular”.

Esses músicos chegam a tocar 1, 2, 3 horas de música e não podem se dar ao luxo de depender só dos dedos.

Tem de ter controle intelectual e teórico do que estão fazendo.

Como manter essa independência da memória dos dedos?

Com o estudo lento.

Mas vamos esquecer esses monstros.

Voltemos aqui para o nosso mundo de meros mortais…

O estudo lento serve apenas pra absorver as notas das músicas e direcionar a coordenação as mãos?

Claro que não.

Veja aqui um exemplo no seguinte comentário de Luciana Bacellar em um vídeo meu:

“Minha mão esquerda não obedece. Parece uma pata de cavalo!”.

Excelente comparação!

Além de cavalo agir apenas de maneira, digamos, cavalar, ele não possui dedos…

Apenas desce sua pata inteira com toda força.

É pra isso que fazemos um estudo lento:

Para aos poucos a nossa pata de cavalo não descer com toda força nas teclas…

E até quem sabe, algum dia, comece a crescer dedos nessa pata.

O problema pode estar na mão direita.

Mas a solução é a mesma.

Podemos ainda complementar:

Se alguém acha que tem alguma dificuldade especial com alguma mão, comece a dar atenção a ela o dobro de tempo que dá à outra.

Abandonando o pensamento mágico e agindo assim, o estudante pode chegar no momento de finalmente dizer:

“– Puxa! Não pensei que seria possível, mas finalmente aprendi esse negócio!”

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