No último fim de semana, tive uma conversa muito franca com um velho amigo meu. Ele me perguntou qual seria a grande motivação pessoal que sozinha levaria alguém a aprender piano, do começo ao fim.
Bem, eu já tinha minha resposta padrão pra isso.
No começo, é comum a motivação pessoal ser uma música específica.
Depois de algum tempo acumulando músicas…
É o próprio amor à prática que entra em cena.
Isso já é motivação muito mais profunda e duradoura.
Mas o segredo final, pra mim, é quando COMPARTILHAR passa a ser a motivação. Quando, de uma vez por todas, oferecer aquele resultado às pessoas passa a ser a motivação, aí a profundidade e o caminho do desenvolvimento e dedicação alcança um patamar insuperável.
Esse daí é o meu discursinho pronto.
Mas esse meu amigo, com um olhar de peixe-boi me respondeu:
“Bonitas essas palavras. Mas as pessoas são mentirosas. Elas podem até utilizar essas mesmas palavras, mas no fundo elas querem aquilo que é mais mesquinho… elas querem ser amadas pelos outros, ou pior ainda, querem ser invejadas, querem que os outros pensem que elas são maravilhosas porque tocam piano… querem os aplausos… querem a veneração… acho que esse tipo de coisa vai ser sempre a motivação pessoal mais profunda”
Eu não sabia muito o que responder, então só disse:
“– Pode ser que isso seja verdade”
E, bem, continuo achando que em alguns casos isso pode ser verdade.
Agora, considerando qualquer motivação que seja…
Péssima ou ótima…
Desejo de brilhar…
Desejo de compartilhar…
De ser o centro das atenções…
De dar vida à música…
Qualquer dessas inclinações pessoais…
Não importa muito…
Pois o piano tem sua própria motivação.
E ele não vai se entregar somente a um desejo de alguém.
Ele quer você lá…
Com as mãos nas teclas…
Lutando pra descobrir os segredos dele.
Então não importa a motivação…
Desde que você REALMENTE esteja metendo a mão na massa.
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