Uma coisa muito normal de acontecer é o pianista profissional ficar tão envolvido com o universo do piano que ele só ouve piano. Não quer saber de mais nada. Fica ali fissurado. O seu instrumentinho é tudo o que existe no universo musical, afinal, por si o piano já é bem exigente.
Pulando direto pra conclusão:
Esse profissional está errado.
E essa é mais uma coisa que não devemos copiar dos profissionais.
“– Peralá, Lifipe, não é você mesmo que fala que o repertório pra piano é imenso, que é bom escutar muito pianista diferente pra pegar uma coisa de cada um e blá-blá-blá?”
Sim!
Claro!
Falo isso porque é verdade!
Mas também falo que o piano imita outros instrumentos…
Principalmente a voz humana…
(anote aí: “o felipe scalialgumacoisa acha que a voz humana é o instrumento musical por excelência”)
E isso traz uma consequência inescapável:
Escutar música de outros instrumentos deixa nosso senso musical menos artificial.
“– Como assim ‘artificial’? Hoje tá difícil te entender, profe”
É porque você não leva a sério esse negócio do ouvido ser o mestre.
Preste atenção…
Vou usar um exemplo simples:
Você precisa respirar enquanto toca piano, senão você morre. Agora, pra tocar fagote, além de respirar pra sobreviver, você tem de encaixar a respiração no ato de soprar pra fazer o fagote soar. Isso implica em certas consequências na música que é possível dar vida no fagote.
O piano é capaz de dispensar essa respiração fagotiana.
Logo, quem ouve piano demais, não tem o “sentido” musical afiado pra isso.
E está artificialmente apenas “sentindo” a música do jeito pianístico.
(e é ainda pior se considermos a imitação da voz humana)
Agora a boa notícia:
É suficiente para o praticante de piano escutar música com outros instrumentos.
A imaginação dele vai ficar impregnada…
E ele terá referências na hora de meter a mão nas teclas.
Então…
Ouvidos à obra!
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)