Pequenas adaptações invisíveis

Vamos começar com um exemplo simples:

  1. Amarrar balões de festa

Existem várias técnicas diferentes pra amarrar balões de festa.

Sou testemunha viva que depois de meia hora amarrando (e um pouco de dedos assados de tanto esfregar em balões), alguém que parecia um orangotango tentando resolver uma equação de 2º grau, começa a amarrar balões com tanta segurança que pode amarrar e jogar conversa fora ao mesmo tempo.

  1. Escrever um texto rápido

Aqui a coisa não muda nada em meia hora.

Mas, de novo, sou a prova viva de alguém que escrevia no máximo umas mensagens bobas para amigos e parentes pela internet, e que se torna capaz de escrever para milhares de pessoas, quase todos os dias, algo com início-meio-e-fim e, ainda mais importante, que faça essas pessoas entenderem algo que não entendiam ou caçar algo que não imaginavam que existia.

Em meia hora isso não é possível…

Mas em 1 ano a diferença na capacidade de criação é como da água para o vinho.

  1. Cuidar de bebês

Eu não tenho filhos (ainda).

Por isso sei que um bebê chorando, um bebê com fome, um bebê com fralda suja, um bebê com dor, um bebê que não dorme, um bebê engasgado, um bebê 24 horas por dia precisando de atenção e cuidado me faria desejar resolver várias equações de 18º grau, só pra ter a sensação de que sei o que estou fazendo.

E como tenho muitos amigos que, graças a Deus, têm muitos filhos e que, igual a mim, também não sabiam nada de bebês, bem, posso facilmente perceber que tudo se resolve no final.

Aonde quero chegar com esses exemplos?

Aqui:

Quando nos expomos à alguma atividade, nós nos adaptamos a ela.

Agora, o segredo dessa adaptação é que ela não é repentina.

Mesmo a mais simples delas.

Na verdade, ela é composta de várias pequenas adaptações.

Pra parecer centífico, alguém poderia citar adaptações musculares, neurais, e blá-blá-blá…

Mas isso não é importante.

O importante é que a exposição continuada vai empilhando algumas adaptações invisíveis, inumeráveis, que vão se somando e fazendo nos aproximar de alguma habilidade que antes não tínhamos e que, na maioria dos casos, parecia até que éramos amaldiçoados com a mais pura negação de chegar perto de ter essa habilidade.

E acho que não preciso explicar nada do que isso tem a ver com piano.

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