O mito do músico “inspirado”

Conheço algumas pessoas que têm “inspiração” musical.

Ou seja, que lidam com música de forma muito natural…

Que dão contornos melódicos sem grandes dificuldades…

E encaixam o ritmo com certa destreza.

O resto de nós, os outros 99.999%, olham com inveja pra essa capacidade.

Agora, a maior parte do que imaginamos que essa inspiração toda é capaz de fazer, é um mito danado. Primeiro porque a “inspiração” não se aplica a absolutamente qualquer coisa musical, sempre existe um certo estilo, ou melhor, existe uma limitação das coisas que a pessoa faz por inspiração, sem precisar parar pra pensar. Isso se torna uma maldição, porque com o tempo a pessoa só seleciona aquilo em que é “inspirada”, deixando a esmagadoria maioria de outros tipos de música (ou níveis) de lado, porque não sente nenhuma familiaridade natural com elas. Sim, isso mesmo, se deixados por conta, os “músicos inspirados” se tornam excessivamente repetitivos.

Outro problema:

No geral, os “inspirados” são muito ansiosos.

E nem estou falando da vida.

Estou falando na música mesmo.

Começam a tocar alguma música e erram?

Bem, o costume normal desses tipos é volta e tocar tudo de novo.

E tocam de novo buscando entender onde erraram?

Que nada!

Voltam a tocar tentando fazer mais rápido pra chegar logo no final.

Como se estivessem numa disputa consigo mesmo.

Como se quisessem provar que podem.

Mesmo não tendo ninguém ali exigindo nada.

E vocês já sabem o que acontece quando tentamos simplesmente tocar mais rápido sem parar pra entender e sem treinar habilidades.

Sabem aonde quero chegar nesse papo de “inspirados”?

Que tenho alguns alunos assim.

E eles também precisam de disciplina.

De mãos separadas…

De atenção pra encontrar as dificuldades próprias…

E de estratégias pra desenvolver habilidades que não possuem.

Então, adivinhem?

Eles também precisam de um processo.

Precisam do mecanismo que os transformam em algo que ainda não são.

Isso soa familiar?

Pois é!

É igualzinho a nós que não temos inspiração nenhuma.

Moral da história?

Mergulhemos logo no mecanismo que nos transforma.

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