O dia que quase me mataram (ou pior: quase me assaltaram)

Este texto não tem nada a ver com piano.

Você não vai perder nada se parar de ler agora.

Outro dia comentei que um dos benefícios de ser músico é que assaltantes têm pena de músicos.

E, por causa disso, me perguntaram se algum caso já tinha acontecido comigo.

Mas é claro que sim!

Tudo que ensino provém da minha experiência pessoal.

O caso foi o seguinte:

O ano era 2014.

Estacionei o carro e fui despreocupadamente buscar minha esposa no ballet. Quem é de São Paulo sabe como é praticamente impossível estacionar perto dos lugares que você pretende ir, então tinha uma boa caminhada até chegar no lugar. Quando comecei a caminhar, dei mais uma olhadinha em direção ao carro e, puxa!, percebi que tinha feito uma barbeiragem…

Ocupei duas vagas ao invés de uma.

Ainda despreocupadamente fui consertar o vacilo.

No momento que abri a porta do carro, um sujeito encostou uma arma na minha barriga e me empurrou para o banco de trás.

Enquanto ele gentilmente me fazia companhia no banco traseiro, outro sujeito entrou pra dirigir.

Só pra vocês imaginarem a cena corretamente:

Eles não pareciam mal-encarados de nenhum jeito.

Tudo boa pinta.

Bem, assim que ganhou o trânsito, o motorista me disse:

“– Tira teu cartão e se prepara pra sacar todo o dinheiro da tua conta…”

Tirei o cartão do bolso.

Estava em estado deplorável.

Quase ao ponto de quebrar em duas pontas diferentes.

Gentilmente informei aos senhores assaltantes:

“– Tudo bem, mas já aviso: minha conta está totalmente zerada e só tenho esses 60 reais aqui”

E isso era a mais pura verdade.

Meu saldo era mesmo zero.

“– O que tu faz da vida?”, me interpelou o que me acompanhava.

“– Sou pianista”, respondi.

“– Putz!”

Então, ligando pra alguém que provavelmente estava nos seguindo em outro carro, disse:

“– Vamos pra outra porque esse aqui é músico! Esse tá pior que a gente!”

E depois de estacionar o carro, saíram sem pressa.

Bem, agora fazendo um esforço pra rememorar a cena, acabo de lembrar que realmente fui assaltado.

Levaram minha mochila com um par de tênis e um celular.

Mas acho que poderia ter saído tão pior, que é como se nada tivesse acontecido.

Viram só?

Música salva vidas.

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