O curioso caso dos alunos de mentira

“Dedicação”

“Disciplina”

“Trabalho duro”

Essas são palavrinhas mágicas que rondam o aprendizado de piano.

Apesar de utilizá-las, evito ao máximo.

Não porque eu ache que não é necessário “trabalho duro” pra aprender piano…

Mas toda vez que alguém lê “trabalho duro”, “dedicação”, “disciplina” toda uma carga emocional confusa paira sobre isso… e aqueles que simplesmente não conseguem trabalhar duro, apenas se lamentam: “– Sim! Sei que eu deveria me dedicar mais e amar o trabalho duro…”

Simplesmente acho esse um ponto de vista esquisito.

Existe um motivo para “trabalho” estar acompanhado do adjetivo “duro”.

E o principal é que ninguém ama trabalho duro.

Porque é “duro”, oras.

Queríamos apenas desejar e que a coisa imediatamente já estivesse em nossa posse.

Acontece que pessoas que alcançam algum sucesso em qualquer área, e aqui está incluído o piano e a música em geral, conseguem perceber a dedicação como uma ferramenta para alcançar o seu objetivo de sucesso, então o esforço delas não é pelo “trabalho duro”, mas em alcançar o objetivo final que elas almejam e que, por maturidade e discernimento, elas sabem que é alcançado pela dedicação.

Agora, existem 1001 maneiras de “trabalhar duro” de maneira errada.

Uma das mais curiosas é o que podemos chamar de “aluno de mentira”.

Se você perguntar pra esse tipo de aluno como está o aprendizado, ele responderá todo orgulhoso “– Ah… estudo várias horas, o problema não é falta de dedicação… estou com algumas dificuldades, mas vou continuar trabalhando pra resolvê-las… “

Nossa!

Essa realmente parece a atitude de um aluno responsável…

Consciente e dedicado.

Alguém que não se deixa enganar.

A não ser por si mesmo.

Vamos dar alguns exemplos:

Esse aluno de mentira senta no banquinho pra estudar piano.

Muito bem!

Dedilha alguma coisa nas teclas pra entrar no clima.

Certo!

Aí ele se sente incomodado com o som.

Pega seu celular e pesquisa alguns instrumentos de modelos diferentes…

Com a boa intenção de comparar o timbre.

Ah! Sem problemas! Parece normal.

Aí ele decide praticar escalas.

Pega o ciclo das quintas e procura alguma que nunca tenha estudado.

Tenta um pouco…

Mas está difícil, as duas mãos não obedecem.

Então ele volta pro ciclo e escolhe alguma com menos notas pretas.

Fica com a de Dó Maior mesmo.

Pratica um pouco…

Mas pensa que deve existir um exercício melhor pra esquentar as mãos…

Vai até o Youtube e procura alguns…

Acha uns 30493049…

No caminho assiste algum vídeo sobre alguma “progressão mágica que vai impressionar seus vizinhos…”

Então decide parar de perder tempo e estuda alguma música diretamente.

Pega a partitura…

Começa com a mão esquerda, porque ele sabe que tem mais dificuldade ali.

Um pouquinho depois já está na mão direita, nem sabe o motivo…

Simplesmente aconteceu…

Ensaia alguns compassos…

E percebe que aquela música está em uma escala que ele desconhece.

“– Seria mais produtivo ter essa escala na ponta dos dedos”

Então volta pro ciclo e vai praticar aquela escala.

Ué!

Que escala esquisita!

A descida é diferente da subida.

Então ele procura alguma explicação no seu livro de teoria…

Ah sim! Ele lembrou que é a diferença que existe entre tipos de escalas menores.

Ok!

Estuda mais um pouco…

Sem variar a articulação, porque o importante é mover os dedos nas teclas.

Bom!

Agora pode voltar pra música…

Tenta um pouco com as duas mãos…

Que coisa travada!

Mas, ufa!, deve ser porque ele já está a quase duas horas ali dedicado, com toda a disciplina, trabalhando duro… é melhor fazer uma pausa e continuar depois… porque não tem quem aguente tanta dedicação.

E assim vai…

Esse aluno de mentira vai mentindo pra si mesmo todos os dias…

Com muita dedicação.

Perceberam o problema?

Perceberam a total falta de método e de saber como estudar?

Então, quem não quiser cair nessa, inscreva-se no “O Pianista Aprendiz” aqui:

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