Maldito Fá que me tirou do sério

Ano passado me aventurei em afinar meu piano.

Passei semanas mexendo no meu instrumento antigo, testando todo tipo de afinação.

Foi muito divertido…

Muito cansativo…

E muito irritante.

Achei até que essa história de mexer na afinação eram águas passadas.

Que tudo que aprendi nas semanas que me dediquei a isso, seria algo apenas que aconteceu.

Que não voltaria a acontecer.

Mas, como sempre, tudo que a gente pensa que está resolvido, volta pra nos provar.

Nesta semana, enquanto dava uma aula pra minha esposa, notei que um maldito Fá estava tão desafinado, que cada vez que as mãos delicadas da minha senhora passavam naquela tecla (com um som vindo das profundezas do inferno), eu tinha a impressão que uma foca bebê era torturada em alguma região semi-selvagem do planeta.

Simplesmente não suportei.

Abri o piano e meti a chave nele.

Pronto!

Problema resolvido!

Depois que esse maldito Fá voltou ao normal, percebi que um Mi também tentava acabar com o meu dia.

Meti a chave nele também.

Ufa!

Outro problema resolvido!

Agora, pense bem, o problema não tinha sido resolvido naquele momento.

Mas sim muito tempo antes.

Naquelas semanas que passei me divertindo e me irritando com esse negócio de afinação.

Foi lá que aprendi os problemas da afinação.

Em como usar as ferramentas.

(uma chave para o parafuso esquisito que estica as cordas, um diapasão, três borrachinhas pra abafar as cordas, e uma tira de flanela que também é utilizada pra abafar as cordas)

A abrir o ouvido pra relação fina entre as notas.

E toda vez que alguém me pergunta:

“– Professor, tenho mesmo que usar esse dedilhado?”

“– Professor, é obrigatório usar este staccato nesse trecho?”

“– Professor, tenho de estudar esse salto assim?”

A resposta tem de ser:

“– Sim, é obrigatório.”

Todas essas coisas são pensadas pra que você não passe por problemas futuros…

O problema de não realizar uma frase por causa dum maldito dedilhado que não sai…

De não dar expressão porque não consegue diferenciar a maldita articulação…

De não tocar tal ou qual música porque o maldito salto é muito difícil…

Enfim, essas coisas não existem por acaso.

Não são ensinadas por acaso.

E quem as aprende, tem mais liberdade.

(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)

Como Criar Exercicios De Piano - Clique e Cadastre-se