Lição de piano de um piloto de avião bêbado

Recentemente assisti ao filme “O Vôo” (com acento) de Denzel Washington.

Basicamente o que acontece é que a personagem principal tem o costume de passar a noite inteira bebendo. Até aí, tudo parece normal. Outro costume que ele parece ter é, depois da noitada e de dormir pouco, cheirar uma boa quantidade de cocaína pra despertar e trabalhar. Até aí, tudo parece normal. Acontece que ele é um piloto de avião. Aí a coisa não parece tão normal.

Numa das ocasiões de pilotar nessas condições, acontece um problema no avião.

A queda fatal parece inevitável.

Mas Denzel Piloto faz alguns malabarismos e consegue evitar uma grande tragédia.

O avião cai.

Seis pessoas morrem.

Ele é considerado herói por ter evitado o pior.

Assim o filme transcorre entre os problemas pessoais do piloto e o acidente.

Eis a parte interessante:

Enquanto o avião está caindo, quase todo mundo está desesperado.

Os passageiros…

As comissárias…

O copiloto novato…

Menos o piloto.

Aliás, ele até poderia estar desesperado.

Mas sabia tanto o que estava fazendo, que nem o desespero, nem o álcool, nem a cocaína, nem a falta de sono impediram sua reação.

A coisa fica ainda mais interessante:

Ao ser perguntado porque reagiu da maneira que reagiu, ele simplesmente respondeu:

“– Não sei. Simplesmente reagi.”

E aqui chegamos no ponto principal:

Tocar piano de verdade é tocar sem pensar.

É apenas reagir.

O mundo pode estar caindo ao redor…

O músico pode estar drogado, surrado, molhado, pelado, melado…

Nada disso pode impedi-lo de fazer o trabalho.

Agora, o que muita gente pensa, é que isso é coisa de profissional.

Lamento informar:

Isso não é coisa de profissional, mas sim de quem é EXPERIENTE.

Profissional ou amador não importa.

É preciso alcançar um certo nível de experiência.

E seria muito instrutivo alguém tentar pilotar um avião somente pra acumular experiência.

Sem pilotar o avião direito.

Só fazendo de qualquer jeito.

Com o único objetivo de acumular experiência.

Estou quase certo de que, quem fizesse isso, não sobreviveria pra continuar acumulando experiência.

É a mesma coisa no piano.

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