Leitura de banheiro do Marechal

Não há limite para a bizarrice na internet.

A última que chegou aqui foi:

“– Felipe, qual é a sua leitura de banheiro?”

Bem, não tenho nenhuma leitura de banheiro.

Aliás, já ouvi falar de “livro de cabeceira”, nunca de banheiro.

E também não tenho um livro de cabeceira.

Neste momento estou lendo, mais uma vez, Otelo, de Shakespeare.

E não estou contando isso só por contar. Muita gente me faz a pergunta (que é também um pouco bizarra) “– Como você consegue descrever tão bem o que acontece em uma música sem utilizar teoria musical?”. Resposta: é preciso irrigar a imaginação com coisas extra-musicais. Não é estudando harmonia e figuras rítmicas que se adquire a capacidade de falar sobre música. É estudando outras coisas e buscando relações com o universo musical.

Minha técnica é buscar na literatura ficcional.

Claro, isso não é nada científico.

Gera muitas discordâncias com quem tem outras experiências…

Mas fazer quê?

É a vida, oras.

Acabo de me lembrar de uma coisa:

Não tenho nenhum livro de cabeceira nem leitura de banheiro, mas ontem, depois de tocar os 24 prelúdios de Chopin pra testar a recente afinação do meu novo piano, fui descansar assistindo um vídeo do grande Leonard Bernstein. Seria algo como “vídeo de descanso”. No trecho que assisti, Bernstein explicava a influência de três grandes maestros que foram professores dele. Basicamente seu estilo de conduzir uma orquestra nasceu desses três mestres.

Isso serve pra outra pergunta que me fazem (mais uma um pouco bizarra):

“– Como criar meu próprio estilo de tocar?”

Simples:

Imitando.

Sem nenhum medo.

O mais simples e descarado plágio.

O segredo está em imitar vários intérpretes diferentes.

Isso vale inclusive para composição.

Inclusive para qualquer ação artística.

E, pensando bem, o que as crianças fazem senão imitar variadas pessoas que têm contato?

É da imitação que nasce a inovação verdadeira.

Bem, chega de responder perguntas meio-bizarras por hoje.

Amanhã voltamos a nossa programação normal.

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