Falso problema que ronda os interessados em música

Ontem, enquanto procurava notícias se haveria ou não uma nova paralisação dos caminhoneiros no Brasil, topei com um texto totalmente sobre outro assunto: existe uma certa crise entre pessoas (normalmente jovens) que fizeram sucesso nas mídias sociais (principalmente no Youtube), mas chegaram em um ponto que não estão felizes com o que alcançaram.

Elas conseguiram dinheiro…

Conseguiram fama…

Mas algo está errado.

O subtítulo do texto diz:

“Isto é tudo que eu sempre quis. Por que estou tão infeliz?”

Não nos interessa analisar aqui o caso desses jovens.

Isso me parece apenas a explosiva fórmula “juventude + sucesso” em ação.

Acontece que alguns interessados em música, aqueles que ainda NÃO começaram a estudar nada, muitas vezes têm um drama parecido: “– O que farei quando aprender a tocar piano? Depois que alcançar o objetivo, como serei mais feliz?”. Tenho certeza que neste momento quem é um VERDADEIRO estudante de piano está pensando: “– Ahhhh… eu gostaria de ter esse problema… gostaria muito de já ter a habilidade de tocar satisfatoriamente e apenas ficar me perguntando o que fazer com isso…seria um problema maravilhoso!”

De fato é difícil compreender esse drama.

Parece algo bobo.

E realmente é bobo.

É o típico problema falso que ronda quem ainda NÃO começou a estudar música.

Pra sair dessa confusão, o sujeito poderia se perguntar:

“– O que eu faço com o habilidade de ‘falar’?”

Ou:

“– O que eu faço com a habilidade de ‘ler’ e ‘escrever’?”

Ora, se não for óbvio que a felicidade não está no “falar apenas por falar” ou no “ler apenas por ler” ou “escrever apenas por escrever”, mas sim no acesso a riqueza humana que essas artes propiciam (em outras palavras, em capacitar o sujeito a DESFRUTAR dessa riqueza), então esse sujeito tem uma profunda falta de humanidade.

A coisa toda é tão óbvia, que eu complementaria com o seguinte:

Nunca vi alguém que, uma vez aprendida a arte, tem dúvidas sobre sua utilidade.

Isso é apenas um drama falso de quem olha de fora.

E ficar olhando por esse ângulo é pouco frutífero.

Uma reposta teórica sempre pode levar a mais e mais objeções.

Por isso a solução final é:

Meter a mão na massa.

Experimentar o contato pessoal com música.

Assim fica óbvio, patente, e arqui-evidente o quanto ela pode ter de utilidade.

(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

minicurso-piano-note