A falácia da falácia dos custos irrecuperáveis

Pela internet afora você pode encontrar facilmente textos, vídeos, e áudios sobre a “falácia dos custos irrecuperáveis”. Vou tentar resumir aqui, o máximo possível, com minhas próprias palavras, o que significa essa falácia. Qualquer erro na interpretação ou explicação, é minha culpa. Aqui está: quanto mais tempo dedicamos ou dinheiro investimos em alguma coisa qualquer, ou seja, quanto mais dessas coisas irrecuperáveis colocamos em uma determinada atividade, MENOS provável é que abandonemos essa “alguma coisa” mesmo quando não faz mais sentido nenhum continuar insistindo nela.

Para exemplificar isso, são utilizados investimentos financeiros…

Relacionamentos amorosos…

E, o meu preferido, o do curso superior:

Se no 3º ano, faltando apenas um ano pra se formar em um curso qualquer, o sujeito se arrepende daquilo e pretende fazer um outro curso qualquer, ele provavelmente não desistirá porque pensa “estou quase me formando, já paguei tantas e tantas mensalidades, já perdi tanto tempo estudando, pesquisando, escrevendo, debatendo, agora vou terminar esse curso e depois faço outro que julgar melhor”.

A falácia está em encobrir com uma desculpa aparentemente racional, uma escolha que é apenas apego emocional.

Ou então pra evitar a sensação de “sem chão” depois de se separar de algo muito familiar.

Ok.

Acontece que a criatividade humana tende ao infinito.

Agora temos a falácia da falácia.

Pra evitar não conseguir se separar, não nos apegamos a nada.

“– Já estou estudando há 5 dias e ainda não aprendi piano…”

“– Passei a tarde tentando tocar a peça e não consegui…”

“– Decorei as notas e os acordes, mas ainda me confundo na hora de tocar…”

“– Esse método não funciona, estou dois meses tentando e ainda não consegui…”

(essa é especial, principalmente sem definir o que é o “tentando” e o “não consegui”)

Vou apenas repetir minha resposta padrão sobre esse negócio de tempo:

Aprender a tocar piano é uma atividade distribuída em ANOS.

Não em poucos meses…

Nem poucos dias…

Nem muito menos numa tarde.

Você só sentirá que “sabe tocar” quando se sentir seguro em uma porção de aspectos.

E isso é um trabalho contínuo de anos.

A não ser que, como expliquei ontem ou alguns dias atrás, você queira algo muito muito muito simples.

Pra ensinar a tocar uma peça ou compreender como resolver um problema, basta uma lição.

Agora, pra juntar todas as dimensões que dêem alguma liberdade, é preciso uma porção de lições.

É preciso misturar princípios diferentes, vindos da técnica, da sensibilidade, da teoria…

Tudo aplicado com muita prática.

Se não é isso que você pretende fazer, se quiser pular de galho em galho, tentando encontrar a bala de prata pra resolver todos os problemas ao piano, muito provavelmente só estará encobrindo a própria má-vontade de estudar, com alguma desculpa esperta do tipo “esse método não funciona” ou “isso não é pra mim” ou, a melhor de todas, “não tenho o dom”.

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