Um dia desses eu conversava com um amigo sobre o seguinte caso: Há 23 anos, enquanto dirigia um Escort 92 emprestado, sintonizei na Rádio Cultura de São Paulo e estava tocando as Danças Polovtsianas de Aleksandr Borodin. Fiquei tão impressionado, e era a primeira vez que eu escutava Borodin, que tive de parar o carro pois não estava conseguindo fazer mais nada e acabaria por causar um acidente.
E meu amigo perguntou:
“– E o que Borodin tem de tão poderoso pra te obrigar a parar o carro?”
(A primeira coisa que pensei no momento foi: “Isso foi há 23 anos? Nossa! estou ficando velho!”)
Bem, um pequeno contexto histórico antes de responder:
Aleksandr Borodin faz parte do “Grupo dos Cinco” da Rússia.
Esse grupo é formado por compositores que, no século 19, criaram músicas com apelo nacionalista russo.
Guardadas as devidas proporções, esse grupo está para Rússia assim como Villa-Lobos e Camargo Guarnieri estão para o Brasil.
O mais interessante é que Borodin não era um músico profissional.
No sentido de que música não era seu ganha-pão.
É verdade que teve contato com música desde pequeno.
Mas era formado em medicina e atuou como químico.
Inclusive é o descobridor de algumas coisas nessa área.
Então, podemos dizer que é um tipo de “músico amador”.
“Um compositor aos domingos” como ele mesmo se descrevia.
Bem, e o que as Danças Polovtsianas de Borodin tem de tão poderoso?
Claro que a sonoridade tipicamente russa é evidente.
Mas, pra quem vai um pouco além do simples reflexo sensível da música, impressiona muito o ambiente fantástico que Borodin cria. Não consigo escutar essa música sem ser transportado para um mundo de contos de fada. Não sei se isso é bom ou ruim. Acontece que as melodias que ele cria, são tão fantásticas e belas que, se alguém prestar atenção na música, vai acabar sendo arrebatado também. O segredo dele está no poder das melodias.
Então, em clima de Copa do Mundo, se alguém quer sentir algo da sonoridade russa…
Procure no Youtube por “Polovtsians Dances” (existem várias boas interpretações) e veja se não tenho razão.
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