Dia 1:
“Querido diário, começo hoje a aprender piano. Já entendi teoricamente quais são as notas e teclas e já brinquei um pouco com elas. Agora me falta descobrir qual dedo vai em qual tecla pra aprender todas as músicas que eu quiser.”
Dia 2:
“Ainda não descobri a relação dos dedos e das teclas, mas já consegui tocar seis notas com a mão direita de um tutorial que vi no Youtube. Estou muito feliz, acho que é só questão de tempo. Meus amigos vão ficar surpresos quando eu aparecer do nada tocando as melhores músicas do universo.”
Dia 3:
“Enjoei daquelas seis notas da musiquinha de ontem. Hoje toquei mais umas notas de 3 tutoriais diferentes. Minha mão direita é muito melhor, tentei tocar algo com a esquerda, mas desisti por enquanto. Ah! Descobri que os dedos têm números: 1-2-3-4-5. No total, então, já sei algumas notas de 4 músicas. Estou muito feliz, vai dar certo!”
Dia 4:
“Que droga! Eu não sirvo pra isso! Primeiro fui tentar usar novamente a mão esquerda junto com a direita, mas é impossível. Me subiu uma raiva e quis chutar o piano, errei e chutei o chão. Fiquei 6 horas no hospital pra enfaixar meu dedão do pé que quebrou em 3 partes diferentes. Pior do que isso: levei meu celular pro hospital e pesquisei outros tutoriais. Deduzi que estava dando tudo errado porque ainda não havia descoberto qual dedo utilizar em qual tecla. Encontrei um vídeo de um barbudo com sobrenome esquisito, que diz que não existe relação de dedo e tecla, que tudo depende do fraseado. Que porcaria é um fraseado? Aff… nasci sem dom pra música.”
Dia 35:
“Querido diário, já estou bem mais calmo. Tinha desistido de aprender piano, mas comecei a receber e-mails daquele barbudo que falei, e acho que entendi melhor algumas coisas. Você não ia gostar desse professor, ele nunca diz ‘olá’, ‘bom dia’, ‘basta acreditar que tudo vai dar certo’, nem nada disso. Mas ele repete tantas vezes a mesma coisa que acho que estou começando a entender.”
Dia 36:
“Tomei coragem e recomecei a aprender piano. Vou seguir alguns princípios que aprendi e ficar atentos as minhas dificuldades. Coloquei os 5 dedos da mão direita nas teclas e tentei seguir uma melodia (até aprendi o que é uma melodia). Reparei que tocar com os dedos em sequência 1-2-3-4-5 é bem fácil, mas tenho dificuldade quando existe um salto na sequência, por exemplo, 1-3-5. Tenho que pensar como resolver isso.”
Dia 37:
“Exercitei um pouco a sequência de dedos 1-3-5. Reparei também que qualquer salto na sequência é mais difícil, então ainda faz parte do mesmo problema de ontem. Seguindo mais um princípio, tentei criar algo pra que meus dedos se acostumassem com isso, então o exercício que fiz é tocar: 1-3, 2-4, 3-5 depois a volta 5-3, 4-2, 3-1. Fiz isso também com a mão esquerda (AQUELE PROFESSOR NÃO ME DEIXA ESQUECER QUE NÃO POSSO ESQUECER DA MÃO ESQUERDA, (ele me mandou 15 emails sobre isso)). Os dedos 4 e 5 são mesmo bem rebeldes.”
Dia 38:
“Comecei a fazer o exercício de ontem com as duas mãos. Pra não ficar com vontade de chutar o piano, fiz bem devagar, e falei em voz alta a nota que deveria tocar. Parece que funciona mesmo.”
Dia 45:
“Continuei ao longo da semana fazendo aquele exercício e adicionei variação de articulação (CONFORME AQUELE PROFESSOR NÃO ME DEIXA ESQUECER). Também estou estudando uma música, seguindo os mesmos princípios que utilizei pra estudar o exercício”
Dia 50:
“Querido diário, estou tocando minha primeira música no piano com as duas mãos. ESTOU TOCANDO UMA MÚSICA!!!”
Dia 55:
“Fiz minha inscrição no treinamento ‘O Pianista Aprendiz’ pra estudar um material que ensine a resolver a base desses problemas que passei no piano. Pelo que entendi, serve para iniciantes ou pra quem não teve boa formação. Li todos os detalhes e fiz minha inscrição nesta página:”
