Cartas do Papai Noel empilhadas na minha porta?

Não deveria ser ao contrário?

Era a porta do Papai Noel que deveria estar escondida de tantas cartas minhas, certo?

Acontece que eu acordei hoje e nem consegui sair de casa, pois na frente da minha porta estava uma pilha tão alta de cartas do Papai Noel (Pai Natal, para meus alunos de Portugal) que não tive outra alternativa senão tentar resolver esse problemão.

Pra encurtar a história:

Parece que uma porção de gente decidiu apelar para o bom velhinho, pedindo que ele trouxesse um grande presente neste Natal, algo do tipo: “Querido Noel, quando passar por aqui, por favor, me dê de presente o esclarecimento de quando devo estudar teorial musical… desde o começo? depois de 2 meses de piano? depois de 6 meses? depois de 10 anos? Obrigado e Feliz Natal”

E como o velhinho não sabia como responder isso…

Me encaminhou a correspondência.

Vamos lá:

A pergunta certa não é “quando”, mas “como”.

Porque o “quando” é simples:

É INEVITÁVEL que seja desde o começo.

Você precisa aprender as notas e como lidar com o ritmo, certo?

Pois isso está encharcado de teoria musical.

Ela que nos informa as definições e nomes dessas primeiras coisas.

Ou em nome da simplificação para os iniciantes ninguém fala de “notas” ou em “dividir os tempos”?

Claro, um iniciante pode não saber o que é um “tempo musical”.

Mas é exagero considerar que ele não possa intuir um pouco o que é e, dentro de poucas semanas, já começar a ter mais claro o que possa ser, sem que essa ignorância inicial seja motivo de desespero.

Que a teoria esteja desde o começo já vimos que é inevitável.

Então o “como” certo é que ela não seja a SENHORA do aprendizado.

Você não precisa saber que o valor das “notas musicais” são na verdade uma relação… nem precisa decorar todos os tipos possíveis de divisão rítmica, sabendo todos os seus nomes numa sabatina.

Porque assim a teoria musical se tornaria uma autoritária que manda no seu aprendizado, decretando com seu cetro de ferro que você só pode avançar para a próxima definição teórica assim que for um especialista da definição teórica anterior.

Nada disso!

A teorial vai sendo usada pra esclarecer o caminho prático.

Usada como uma conselheira que fornece o nome das situações.

Assim você vai desenvolvendo um vocabulário compartilhado com todos.

Enquanto é esclarecido das definições das coisas que faz na prática.

Esse é o “como” certo.

Esse é o “como” que não vai falsificar seu aprendizado…

Que não vai fazer parecer que só porque você já sabe a definição de “intervalo musical” ou “tríade maior” é porque é um avançadão que sabe muito de piano.

Nem vai se enganar que sabe usar os 365 acordes que memorizou num ano.

Então vamos queimar todos os livros de teoria musical?

Enforcar todos os tratadistas?

De jeito nenhum.

Enquanto é aconselhado pela teoria na sua prática…

Não vejo nenhum problema em estudar MEDITANDO MUITO qualquer livro de teoria.

O que acontece é que os iniciantes não vão muito tirar proveito disso.

E provavelmente nem estarão muito interessados.

Isso parece mais coisa daqueles que, depois de 2 ou 3 anos de piano, começam a intuir uma certa estrutura e ficam sedentos por uma explicação ou indicação que jogue uma luz mais forte no universo musical.

Mas no fim isso é o mesmo que dizer que a prática os levou até a teoria.

Porque foi ela que plantou o desejo.

Então, meus queridos, espero que parem de importunar o Papai Noel com isso.

Pois pretendo poder sair de casa amanhã.

(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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