Aprender a ouvir pra aprender a tocar

Provavelmente você pensa que sabe ouvir.

Não digo que não…

Só vou colocar uma pulga atrás da sua orelha (ou tirar de dentro dela, não sei)

Pra começar, vou dizer que uma coisa é escutar, outra é ouvir.

Não sei se os cientistas e dicionaristas estabeleceram uma diferença entre esses dois conceitos, mas, mesmo assim, vou usá-los pra apresentar meu ponto. Antes disso, deixe-me destacar que se você não aprender a ouvir, vai penar demais pra aprender a tocar.

Sim, grave isso, é estranho mas é verdade.

Eu também poderia dizer que tocar vai desde o que seu sobrinho faz no pianinho de uma oitava até o Rubinstein apavorando num Steinway de 1 milhão. Sejamos equilibrados e consideremos a execução regular, no ritmo certo, num andamento adequado e com as dinâmicas apropriadas, o nosso tocar particular.

Então… voltando…

Digamos, primeiro, que o nosso ouvido, quando em bom funcionamento, escuta.

Digamos, também, que a gente não repara em tudo que o nosso ouvido escuta.

Digamos, então, que a nossa atenção é um selecionador de conteúdos da escuta.

Aqui começamos a vislumbrar o que vou chamar de ouvir.

Para chegar a ouvir, temos dois elementos:

1) “atenção” e 2) “o que se escuta”.

Resumindo bastante, digo que:

Melhor ouvimos quando escutamos com mais atenção.

“– A conclusão é que tenho de ouvir muito bem, como um profissional, o repertório de piano, para poder tocar piano direito?”

Não, não é isso.

Você tem de praticar piano aplicando com mais cuidado a sua atenção ao que você está fazendo. Também tem de começar a escutar música cada vez mais atentamente, procurando mais ouvir do que escutar.

Isso vai afinando a sua percepção e aprimorando a sua capacidade de tocar.

Afinal, ninguém consegue tocar o que não concebe.

E concebemos a partir de uma ou mais percepções.

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