Admito: eu falo com o meu piano

Falar com objetos inanimados é coisa de doido.

Mas tenho de dizer que acho muito estranho quando sinto meu carro funcionar melhor depois que lavo ele.

A mesma coisa quando limpo meu piano.

Talvez a coisa possa se estender pra organização em geral. Embora uma baguncinha traga uma sensação de aconchego, no mais das vezes é um ambiente limpo e organizado que propicia clareza pras nossas atividades. Nossa mente não trabalha bem em meio à barafunda. É aqui que falar com o piano faz sentido.

Não me refiro a um diálogo completo.

Estou considerando um carinho no tratamento a ele.

É um “vamo nessa, bichão!”, depois de deixá-lo limpo e de ter organizado minimamente o ambiente em que ele está antes da prática diária.

Às vezes pode sair um “não faz isso comigo, mermão!”, quando os dedos se embaralham e esbarram nas teclas durante a execução de uma escala.

A gente sabe que a culpa não foi dele.

(quer dizer, eu não sei, falei sério a respeito do meu carro, só estou tentando parecer normal)

Mas entre amigos essas inversões acontecem.

A gente sabe que o nosso instrumento não tem vida nem vontade.

O que, na verdade, é um alívio.

Já pensou se o nosso piano falasse?

(ótima ideia prum próximo e-mail!)

O que está em jogo é exercitar a nossa capacidade de reconhecer a existência do outro.

Mantenha o seu piano limpo e troque uma palavrinha com ele (sem ninguém ouvir).

Ele vai cooperar com você.

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