Jamais alguém me disse assim:
“– Nossa, filipu, nos últimos meses estou com tempo sobrando e por isso fiz tudo que sempre quis no piano e agora estou tocando várias coisas que me deixam muito feliz… ainda bem que meu dia é livre e posso ficar no piano, bem concentrado, por muito tempo”
Nunca.
Nunquinha.
Nem mesmo algo parecido.
O que acontece com frequência é:
“– Abandonei o piano pq o trabalho, a família, o gato, a tartaruga, o governo, o dedão do pé, o sofá, o avião, a nuvem, a guerra, o cazaquistão, o ornitorrinco…”
Ou:
“– Continuo no piano e estou conseguindo avançar, mesmo que na maioria das vezes tenha só alguns minutos pra praticar”
Aí sim…
Uma dessas duas coisas acontecem com adultos no piano:
1) Têm tempo e desistem.
2) Não têm tempo e desistem.
3) Não têm tempo e continuam.
Ou seja, a hipótese “têm tempo e continuam” jamais foi realizada.
Antigamente pode ter sido realizada por adolescentes.
(desconfio que com video-games e celulares, adolescentes com tempo sobrando pra fazer coisas relacionadas a música se tornaram tão raros que podemos considerá-los extintos)
Por isso quando digo “20 minutos no piano” não é porque inventei uma fórmula mágica que funciona com 20 minutos. É porque é melhor mesmo que você não tenha muito tempo e coloque energia concentrada nesse pouco tempo.
Tá…
Tudo bem…
Talvez “falta de tempo” não seja exatamente uma benção…
Mas você definir que vai fazer tal e tal coisa no piano e que tem 20, 30 ou 50 minutos pra realizar essa tal e tal coisa, é uma espécie de “falta de tempo” que traz muitos benefícios.
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