Você não precisa de técnica

“Técnica” é papo de professor e coisa de sabichão que só sabe criticar. É uma palavra genérica demais, imprecisa demais, opressora demais. Concordo com tudo isso. E vou mais além: teclados eletrônicos com teclas molinhas, sem sensibilidade de intensidade, somados ao jeito “toque piano fácil” espalhados pela internet, que é tocar a nota fundamental na mão esquerda, repetindo uma tríade na direita, tudo em semínimas num 4/4, com toda certeza não exigem técnica praticamente nenhuma.

125% de acordo.

Agora… hmmm…. vamos colocar um pouquinho de sal…

E se ao invés de uma tríade, colocarmos uma sequência de 3 tríades?

Bem, aí precisa de um pouquetito de técnica, certo?

Afinal de contas, pra não perder o ritmo, precisamos pensar em como encostar nas teclas, mesmo que sejam molinhas… mas ainda concordo 105% que não é preciso muita técnica não.

Peraí…

Isso que estamos fazendo é um acompanhamento, não é?

Sim, pois o jeito “toque piano fácil” na internet é sempre assim.

Então temos de acompanhar alguém.

Ou nós mesmos cantando ou um terceiro.

Então os vacilos de ritmo tem que ser eliminados.

Senão fica impossível acompanhar alguém cantando.

Ok.

Concordo 90% que ainda assim não é preciso tanto de técnica.

E se surgir uma vontadezinha de colocar uma melodia com esse acompanhamento no instrumento? Um solo, uma frasezinha qualquer… lembre-se que estamos num contexto de acompanhamento, então essa frase musical não pode perder o ritmo nem sair do andamento sem motivos. Calma! Concordo 79% que não é preciso de muita técnica.

Quando você topar com alguém tocando em um instrumento com sensibilidade de dinâmica… vai pensar “que magia é essa? que coisa mais maravilhosa!”… as teclas ainda são molinhas, mas há nele a capacidade de tocar 3 ou 4 níveis de intensidade diferentes… e que maravilha isso faz com as frases!

Bom, pra lidar com um instrumento desse… hmmm…

Digamos que concordo 65% que não é preciso de tanta técnica assim.

Finalmente o Youtube recomenda pra você um vídeo que não é apenas o estilo “toque piano fácil” normal, com frases que quase se resumem a escalas, mas você vê um vídeo de alguém tocando uma música que tem tudo ali, parece um coisa cheia, completa, porque não é apenas acompanhanento + verso, parece uma orquestra inteira.

Ok…

Não precisamos exagerar…

Vamos procurar a versão facilitada dessa música..

E achamos uma que tem alguns arpejos na mão esquerda…

Frases de mais de 8 compassos na direita…

Tudo espalhado pelo instrumento.

Bem aí acho que é que concordo 39% que não é necessário tanta técnica assim.

Mas, claro, já estamos alguns meses nisso…

Não somos mais iniciantes.

Vamos procurar “como melhorar a técnica no piano” lá no Youtube.

Aí tem gente que fala de praticar escalas…

Praticar arpejos…

De dividir trechos difíceis…

E a coisa já está bem longe de ser só acompanhamento no geral, de ser só uma nota simples na esquerda, de ser formado de acordes chapados e semínimas em 4/4. A divisão rítmica está virada em bolinhas e hastes, o andamento não pode variar pra não desconfigurar a música, bem, nesse cenário, só concordo 10% que a técnica não é importante.

E se optarmos por um instrumento mais sensível?

Com mais resposta à força…

E com um som mais natural e menos eletrônico?

Aí acho que já concordo -45% que não precisamos de técnica.

Moral da história?

“Técnica” é a própria maneira que tocamos piano.

Dependendo do quê você quer fazer, pode dar mais ou menos atenção para sua maneira de encostar nas teclas. Mas o que acontece na maioria das vezes, é que as pessoas mudam o que querem sem perceber que isso exige uma mudança nas ações que precisam fazer pra alcançar esse desejo. Essa falta de percepção causa desânimo e possivelmente desistência.

Não se engane que só porque está tocando em teclas, tudo pode ser feito da mesma maneira.

Eduque-se aqui:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/