“Um músico superficial não executa sua arte com planejamento, ele simplesmente vai pra música sem se preocupar com nada além do que o próprio sentimento — o que no caso é apenas uma impressão vaga, sem forma, sem objetivo, e com um puro sensualismo sentimentalista. Seu acompanhamento afoga a melodia, seu ritmo é complacente demais, dinâmica e outras propriedades artísticas tornam-se histéricas. Mas nada disso importa, porque ‘ele sente’. Na verdade constrói uma casa em que o porão está no teto e o sótão no subsolo”
Essa é uma das opiniões do maestro Josef Hofmann.
Dito por alguns como um dos melhores pianistas do séculos XX, e por outros como uma das maiores mentes musicais da época, embora criticassem bastante seu estilo.
Mas mesmo seus críticos dizem que é um grande mestre.
E sua visão sobre os problemas de um estudo superficial não poderia ser mais certa.
Principalmente de quem se diz “estudante intermediário” no Brasil.
Se alguém decide em algum ponto na sua vida:
“Bem, está na hora de aprender a tocar algum instrumento…”
Então é quase inevitável que busque uma maneira “branda” de seguir o aprendizado.
Quem sabe aprender uma música aqui outra ali…
Conseguir lidar com alguns acordes…
E algumas partituras simples.
Sei que a sensação de produzir música é maravilhosa, não importa como.
Mas sei também de algumas coisas a mais:
Assim como é praticamente inevitável que alguém que, em idade madura, procure estudar um instrumento, busque uma maneira indolor de aprendizado, também é praticamente inevitável que essa mesma pessoa se recuse a repousar no resultado que conquistou. Não é errado dizer que música é uma arte infinita (ou pelo menos muito ampla). Existe sempre algo a se conquistar.
Se não fosse assim, ninguém teria motivos pra dedicar 30, 40, 50, 60 anos nisso.
É aqui que a bola de neve de problemas acontece.
Aquela “emoção” que esse estudante sentia, passa a ser o condutor do seu estudo.
Ele tenta avançar tendo essa sensação como guia.
E, claro, porque está 10 anos nessa atividade, se considera um “intermediário”.
Foi isso que o maestro Hofmann chamou de “músico superficial”.
Com esse aprendizado construído na areia, o músico tenta avançar sem ter as habilidades sedimentadas.
Mas ele não sabe realmente o que fazer.
(“…sem planejamento”)
Não sabe dar valores objetivos a sua execução.
(“…as propriedades artísticas tornam-se histéricas”)
Por isso o apego ao que ele sente.
(mesmo que o “porão esteja no teto”)
Se “sentiu” que está bom, então está bom…
Mesmo que esteja uma bela porcaria.
Por isso o estudante deve estar atento aos princípios ensinados pelo professor.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)