Não lembro bem se foi em 2015 ou 2016 que gravei um vídeo no Youtube pra mostrar minha visão sobre o que fazer com o conteúdo musical de uma partitura: sempre colocá-la na sua frente pra ler ou decorar o mais rápido possível pra jogá-la na fogueira ou pra debaixo do piano?
Está na hora de gravar um novo vídeo sobre isso.
Lembro que aquele não explicou direito o negócio e criou algumas confusões.
Mas antes que saia algum novo vídeo, vou reexplicar o assunto aqui.
Comecemos pela atitude errada.
E com “errada” quero dizer errada mesmo.
Que é:
Só conseguir tocar uma música depois de decorar a partitura.
Ou seja, somente depois de dias ou semanas decorando, é que o sujeito estuda ou toca a peça. Se por acaso algum aluno particular aparecesse por aqui com esse jeito de “estudar”, ele só continuaria tendo aulas se estivesse de acordo em corrigir isso.
Por quê?
Porque tempo é uma coisa preciosa.
E o método de decorar pra depois estudar é uma perda de tempo.
Normalmente significa que o sujeito começou aprendendo músicas que eram difíceis demais pra ele e, pra resumir o quadro todo com 99,78% de certeza, é que todas as suas habilidades estão cheias de buracos e a insegurança dele é enorme.
Muito bem!
O que fazer então?
Pra ter leitura fluente o sujeito precisa seguir o método adequado que permite que ele leia e seja capaz de executar tecnicamente ENQUANTO o faz avançar na própria capacidade de leitura e na habilidade técnica.
Agora, conforme avança nisso é INEVITÁVEL que decore algumas músicas.
Não todas.
Algumas ele só passou sem as guardar.
Outras o próprio método de estudo o fez memorizar.
Mais ainda:
Conforme vai compreendendo as relações abstratas da música, mais relações imaginativas ele pode fazer, o que facilita ainda mais a memorização.
Isso significa que quando memoriza pode tacar fogo no papel?
Não!
Porque dependendo da complexidade da peça, mesmo memorizada, é prudente deixá-la por perto.
Resumo da ópera:
Forçar a memorização da partitura porque não sabe ler direito é errado.
E isso será uma âncora no desenvolvimento.
Podemos chamar isso de “método da galinha sem cabeça correndo no quintal”.
Você nem precisa ter visto uma pra imaginar as consequências.
O resto depende.
Algumas músicas nem chegamos a memorizar.
Algumas ficarão no nosso coração porque o próprio método de estudo as colocou lá.
Algumas serão memorizadas quase que involuntariamente.
Algumas serão memorizadas COM VONTADE (o que também é muito saudável quando não é pelo do motivo errado) porque é nosso coração que as acolhe antes do próprio método.
E nada impede que, mesmo memorizada, tenhamos a partitura por perto.
Resumo do resumo:
Jamais jogue a partitura pra debaixo do piano.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)