Reexplicando: sair catando músicas simplificadas por aí, é um mal sinal

Eu uso músicas simplificadas pra ensinar piano para meus alunos. “Simplificadas” porque as versões originais seriam muito difíceis para a habilidade, conhecimento, e controle do aluno que estou tentando ensinar. O único argumento que seria necessário pra encerrar este assunto, é que toda música com objetivo didático é “simplificada” em algum aspecto, mesmo sendo original, justamente pra cumprir um papel didático.

Mas por que então o assunto não se encerra?

Por dois motivos principais:

1) Nojinho do professor

Ele não quer utilizar “músicas simplificadas” porque supostamente fere uma espécie de aura de santidade ao redor da composição e da memória que ele tem dela ou porque é uma vergonha entre seus pares ser alguém que recorre a simplificações, sem nenhum motivo que não seja “porque eu li em algum lugar que isso é ruim”.

Claro, muitas vezes a tal música simplificada é uma porcaria de música.

Talvez até a maioria das vezes.

Mas o fato de um trabalho porco ter sido feito, não exclui a utilidade da estratégia.

E agora veremos o motivo que quero realmente chamar atenção aqui:

2) O aluno craqueiro

Se vocês vissem minha caixa de e-mails, veriam o quanto de viciados em arrepios na espinha me pedem versões simplificadas de tal e qual música.

Por quê?

Porque estão fechados pra qualquer aprendizado.

Querem apenas um atalho pra sentir aquela emoçãozinha barata de tocar alguma melodia que gostaram.

Igualzinho um viciado em crack atrás dos 3 segundos de brilho.

Por isso é um péssimo sinal sair simplesmente catando versões simplificadas por aí. Claro, se você acha que crack é uma coisa maravilhosa, então simplesmente me classifique como preconceituoso e bola pra frente, já estamos nós dois devidamente rotulados, podemos seguir nossas vidas normalmente.

Alguns agora estão interessados em saber:

“– Qual a utilidade que o Felipe enxerga em “versões simplificadas” didaticamente falando?”

Mas isso, meus amigos, não é assunto pra hoje.

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