Como treinar os saltos entre oitavas no piano

Já que um aluno perguntou sobre saltos, aproveito pra citar o que se pode fazer errado.

Salto ou deslocamento é a habilidade de pular de uma oitava para outra com precisão.

O segredo é preparar o reflexo do salto antes de tocar.

Isso está exemplificado no vídeo que publiquei no Youtube.

Agora, existe uma porção de maneiras de se esquivar de realizar o exercício, ou de inventar uma desculpa, que eu simplesmente mostrar como é o certo a se fazer, pode não ser suficiente. Eis apenas umas poucas situações que podem acontecer:

O interessado assiste ao vídeo e acha que não é necessário esse treino.

Ou, ao invés de treinar o reflexo, ele tenta saltar e tocar as teclas direto.

Ou tenta fazer duas vezes e vê que não tem reflexo, então desiste.

(e o treino era justamente pra criar ou melhorar o reflexo)

Ou pratica por um ou dois dias e esquece.

Enfim, faltou compreensão e continuidade.

É por isso que você verá professores repetindo um monte a mesma coisa.

No vídeo adicional que publiquei sobre saltos, além de falar novamente sobre o treino do reflexo, comentei algo sobre a forma de oitava que é necessário ter nas mãos. É mais um motivo pra manter a continuidade.

E pode ainda aparecer outro engano comum:

Pode ser que o aluno se engane que esse aspecto da forma das mãos e de treino de reflexo vai atrasar seu desenvolvimento.

E se ele me ouvir falando que é necessário reduzir o trecho estudado, ao invés de tentar correr e disparar pela peça toda, então essa sensação de atraso pode ser ainda maior.

Mas é exatamente ao contrário que acontece.

Um estudo técnico se encaixa com outro e permite avançar mais rápido.

Foi o que constatou minha aluna Regina Oliveira:

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Reduzi várias vezes o tamanho do trecho a ser estudado para repeti-lo mais vezes e com atenção (lutando contra minha ansiedade em tirar a música logo, pois achava que assim demoraria mais). E aconteceu o contrário! Ao ficar a vontade com cada trecho, na verdade, a música foi se desenvolvendo mais, e melhor ainda, com mais segurança!

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Enfim, esse pão diário é o que nos permite consumir o vinho…

Sem nos fazer passar mal.

Mas precisa ser um pão bem feitinho, senão o efeito é contrário.

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A culpa é da dona Marisa

Não sei o que é pior:

Chegar ao cargo de presidente e dizer que não sabia de nada ao ser revelado um esquemão de corrupção…

Ou citar o nome da esposa falecida umas 409.394 vezes no depoimento sobre o triplex.

Agora todo brasileiro já sabe que a culpa é toda da dona Marisa.

E como nosso ex-presidente Lula também gostou de frisar várias vezes:

Não é possível mais esclarecer pessoalmente as coisas com ela.

Acho que essa é a maior dificuldade do ensino online:

Como fazer o aluno parar de colocar a culpa em outro lugar?

Como fazê-lo assumir a responsabilidade deixando a dona Maria em paz?

Veja bem: eu posso gravar um vídeo especial dizendo como estudar cada lição. Posso publicar um texto dando o passo-a-passo de como encarar as dificuldades. Posso continuar enviando uma mensagem atrás da outra, lembrando do que é preciso fazer. Mas o aluno pode olhar pra tudo isso e nem prestar atenção. Ou pior: pode arrumar alguma desculpa pra não fazer…

“Ahhh, não achei que era necessário…”

“Um outro professor disse que não precisava…”

“Penso que a música funciona de outro jeito, por isso, isso e isso…”

Enfim, a responsabilidade do aluno é muito maior do ensino virtual.

Se estivesse aqui do meu lado, eu poderia perceber os erros muito facilmente.

Não existe nada que eu possa fazer pra garantir isso no ensino online.

Qualquer ação minha pode ser burlada pelo aluno.

Por isso toda essa insistência em expulsar logo os cabeças-de-pudim.

Todos nós temos nossos momentos de cabeça-de-pudim, mas temos que ter consciência que esse não pode ser nosso estado padrão. Sempre que for estudar alguma lição, estude com lápis e papel na mão, anotando todos os princípios e informações importantes que são ensinadas. Siga as orientações até pelo menos sentir-se seguro em realizar o que a lição propõe.

E assim aos poucos você vai montando sua visão do aprendizado.

Vai sedimentando seu conhecimento.

Ou você pode dizer que não sabia de nada…

Que ninguém lhe avisou…

Que você é inocente…

Ok, novo Lula, me engana que eu gosto.

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Pare de ser orgulhoso

Bem, a preguiça me dominou hoje…

Deixarei que meu aluno Cleyton Rocha escreva o texto de hoje.

(está cheio de boas informações, pra quem souber ler)

Aqui está:

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Show de bola o texto Professor. Tenho acompanhado todos os seus e-mails 😀

Aproveitando o ensejo, ainda sobre música, eu estava lendo alguns artigos na Exame, quando me deparei com este:

“Quer ser mais produtivo? Esqueça os apps e aprenda música”:

“Segundo um número cada vez maior de estudos acadêmicos em todo o mundo, aprender um instrumento como piano, violão ou flauta pode ser muito mais benéfico para o seu desempenho mental do que a parafernália tecnológica que supostamente melhora funções cognitivas como memória e concentração.”

Eu li isso e concordei na hora e acrescentaria que não apenas aprender o instrumento em si, mas acredito que à metodologia do professor também conta muito.

Posso dizer que depois que comecei a fazer seu curso, senti uma melhora bem significativa tanto ao lidar com o instrumento como também em outras áreas de estudo, porque eu tenho costume de tentar assimilar bem o conteúdo e depois fazer uma analogia com outras atividades do meu cotidiano.

Atualmente eu estudo (como autodidata) pra ser compositor de trilhas sonoras TV & jogos e resolvi aprender piano/teclado justamente pra me ajudar nessa tarefa, eu era orgulhoso professor, eu não queria tocar musica dos outros, nem fazer cover, nem nada, queria criar as próprias musicas do zero de ouvido, ser o original/inovador, demorei pra cair na real que isso de certa forma é um erro…

Pois bem, com seu método de ensino, aquele da ‘piramide’ entre outras dicas que há no Youtube/Artigos, como p.e.: “focar nas nossas dificuldades, ao invés de ficar voltando toda vez do começo do estudo (eu fazia muito isso), tentar imitar os gestos, observar o que o outro esta fazendo, analisar e tentar reproduzir, prestar atenção na qualidade da produção musical e etc.”, eu comecei a trazer tanto para meus estudos de composição, como de língua estrangeira, computação e etc.

E é incrível como tem me dado resultado, por exemplo, a questão da “qualidade da produção musical e imitação” pode ser equiparada ao estudo de línguas como p.e. “se preocupar mais com a dicção e tentar imitar a forma que um nativo fala”, e sobre a crítica que o senhor faz, e com razão, “aprender 1000 acordes” que não ajudarão em nada e que muito provavelmente iremos esquecer, vejo que é o mesmo que aprendermos palavras de outras línguas e traduzi-las de forma isolada, se esquecendo da frase que daria o sentido, facilidade pra memorizar e a aplicação no dia a dia, ou seja, todo o contexto.

Uma das minhas preocupações quando comecei a fazer o curso era “isso vai me atrapalhar no estudo de teoria musical, composição, mixagem e etc.”.

E tem sido justamente ao contrário o curso + todos seus conselhos, me deu um boost e maior facilidade pra absorver e organizar os conteúdos teóricos, (pois acredite, antes eu fui inventar de estudar contraponto (por culpa do Bach, rs curto demais) antes de aprender os intervalos e não dava, não entendia nada kk).

E Isso porque eu nem terminei o curso de piano ainda, pois estou absorvendo o máximo que posso e estou bem contente com o progresso que estou tendo.

Bom, pra resumir, o que posso dizer é que estou me sentindo mais produtivo, e além disso, me sentindo ‘capaz’ de realizar coisas que eu achei que iria ficar atravancado por muito mais tempo tanto no piano/teclado como em outras atividades como mencionei acima e agora com esse artigo que li, me deu mais motivação ainda.

To bem feliz de ter encontrado o seu curso e me livrado dos “professores dos acordes” de youtube que tem por ai, no qual ensinam uma coisa e nos comentários várias pessoas dizendo que está errado, e nisso eu não sabia em quem acreditar, contigo é diferente, o senhor possui excelente didática, domina o instrumento e tem autoridade no assunto 🙂

Valeu Mestre Marechal Scagliusi, desculpa pelo textão, Deus o abençoe! rs

Abraço,

Cleyton Rocha

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E agora as últimas notícias do Fantástico…

Não sei se o Fantástico continua com o seu quadro mais temível…

Todo Domingo, algo entre 22h e 23h (exatamente no horário que estou escrevendo este texto)…

O âncora da vez anunciava:

“– E agora as últimas notícias do Fantástico…”

Ainda hoje essa frase me dá arrepios. Na época da escola, esse era o sinal de que eu tinha passado o fim de semana inteiro brincando e não tinha feito nenhuma tarefa escolar. Não tinha começado a fazer o trabalho em cartolina pra ser apresentado na segunda-feira. Ou que não tinha estudado pra prova de Matemática. Era o sinal de que passaria a madrugada chorando e tentando recuperar o tempo perdido.

A verdade é que mesmo depois de tantos anos, às vezes acordo com a sensação de que não fiz a tarefa.

Talvez algum dia eu procure um psiquiatra pra resolver esse trauma 😛

Pensando bem, alguns dias eu penso: “ontem eu deveria ter estudado mais no piano”.

Pode ser que seja um resquício da exigência escolar.

Ou a constatação de que o treino diário é importante.

Mas existe uma solução pra não ficar com a consciência pesada.

Pra largar com pensamento de que poderia ter feito mais ontem.

A solução é focar os estudos e o treino naquilo que é uma dificuldade.

Isso serve pra qualquer um, mas é especialmente válido pra quem tem pouco tempo. Recomendo que você estude o material que tem acesso, e tente prestar atenção no que lhe parece mais difícil. Assim você já sabe qual é o pedaço do trabalho que deve dar mais atenção durante a semana.

Junte isso com pequenas metas semanais e…

Voilà…

Com pouco ou muito tempo, você se mantém avançando.

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Os cabeças-de-pudim atacam novamente

Nesta semana um aluno me perguntou sobre um certo aplicativo americano pra aprendizado de piano.

Eu já conhecia esse aplicativo…

Ele utiliza o conceito de “gamification” na sua estrutura.

Ou seja, tudo é estruturado de modo a parecer um jogo.

O jogador realiza uma tarefa e ganha uma recompensa em pontos, se fizer com sucesso.

Com base nesse “incentivo”, dizem, o jogador aprende piano brincando.

Isso é apenas mais uma tentativa dos cabeças-de-pudim atacarem novamente. Um aplicativo como esse é uma espécie de “guia de teclas” (subterfúgio que evita ter de aprender a ler partituras). Eu também utilizo esse subterfúgio em alguns treinamentos, mas o conteúdo não se resume a isso. É realmente deprimente que o vídeo de apresentação do aplicativo junte uma família feliz, rindo sem parar, enquanto magicamente a filhinha pequena segue a telinha do aplicativo.

Eu sei que isso não funciona direito por dois motivos:

Existem mais professores ruins do que bons professores por aí.

E tive muito contato com professores ruins.

Sei que a maioria deles não passa de um “guia de teclas”:

Eles ensinam qual a tecla correta, ensinam um pouco de teoria, e você tem de passar o resto da vida sendo aluno dele se quiser continuar aprendendo música.

Não há verdadeiro aprendizado ali.

Você não está tomando posse de um conhecimento humano acumulado.

Está apenas sendo como um fantoche do professor.

Pois o aplicativo em questão faz exatamente a mesma coisa.

O aluno fica todo travado no instrumento, não tem nenhuma segurança no que está fazendo. Nem mesmo tem coragem de assumir que toca piano, pois sabe que seu aprendizado está cheio de buracos. Essa é a situação dos alunos que chegam até mim depois de passar por esses professores.

Existe algo mais cabeça-de-pudim do que isso?

Sim, existe.

O conceito de “gamification” (transformar tudo num jogo) ainda carrega um problema:

Ele aumenta a ansiedade do estudante.

Você fica obsessivo em terminar as missões.

E a auto-consciência que a música deveria desenvolver, vai por água baixo.

Tudo pra acumular alguns pontinhos no aplicativo.

Sei que provavelmente isso deve ter algum embasamento psicológico…

Alguma desculpa do tipo “é o jeito que nosso cérebro funciona”.

Não me importo com esse tipo de desculpinha científica.

Já tive experiência com “gamification” em outros tipos de estudo, e não é nada agradável.

Sabe, essa é a mesma tática usada pra treinar um cachorro: toda vez que ele faz uma ação correta, uma ação esperada pelo treinador, ele ganha um petisco. O cãozinho está sempre salivando, aguardando a próxima vez que ele será recompensado. Esta é a imagem perfeita de quem estuda por esse meio: um cãozinho salivando.

Nada pode ser mais cabeça-de-pudim do que isso.

Claro que não estou dizendo que todos os aplicativos são ruins.

Desde que você utilize ele como gente…

Sem problemas.

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Nada na sua medida, tudo com exagero

Algum grande “sábio” por acaso já destilou pra você a filosofia de que tudo tem sua medida?

De que nada deve ser feito em excesso ou exagero?

Bem, não siga essa regra em excesso.

Tenha bom senso até mesmo ao aplicá-la.

Comecei a aprender isso a há muitos anos:

Nunca havia dado muita bola pra essa coisa de respirar enquanto tocava. Como não é muito fácil coordenar a respiração com a execução, tocava sem respirar inconscientemente. Me estufava inteiro (ainda hoje luto constantemente contra isso) e tocava a peça quase que sem respirar, ou respirando pouco. Um professor fez um trabalho de respiração comigo um dia antes de um recital importante, era basicamente respirar a todo momento de maneira bem exagerada.

Resultado:

Nunca me senti tão tranquilo enquanto tocava.

Amigos que estavam na platéia vieram dizer que eu estava muito diferente…

Que a música parecia estar bem mais clara…

Que eles mesmos tinham conseguido relaxar mais do que o normal ouvindo as músicas.

Cheguei a ouvir um comentário assim de um cara que não sabia que eu tinha feito esse trabalho:

“– Pareceu que tinha mais oxigênio indo para a sua cabeça”

De lá pra cá incorporei essa tática do exagero no meu estudo.

Descobri que ela está presente em todas as áreas.

A que sempre cito, foi de um treinador de boxe que vi no Youtube: “– Num treino o boxeador deve esquivar 15 cm de um soco, pra que na luta real desvie apenas 3 cm.”

Não é necessário que você entenda o motivo disso.

Apenas incorpore essa tática no seu estudo de piano.

Essa tática é central pra aprofundar sua capacidade técnica.

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A maldita síndrome do REC

Duas mensagens interessantes que recebi nos últimos dias…

Esta do Frederico Viana:

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Como eu estudo depois que todos vão dormir fica um pouco complicado realizar gravações, desta forma, fiquei postergando, enfim, quando fiz a primeira vez e vi, foi como ter levado um tapa da cara (por que diabos não deu um jeito e gravou antes?), a percepção dos erros se torna muito mais clara abrindo caminho para evoluir cada vez mais.

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E esta da Márcia Breder:

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Hoje realmente descobri o quanto é importante estudar gravando, como vc já havia falado. Vi os meus erros no modo de tocar.

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Filmar-se é um santo remédio.

Desse jeito você percebe a música que está produzindo.

Muitas vezes prestamos atenção na música mental ao invés de escutar a música real.

Acontece que filmar-se não é lá muito agradável.

A maldita síndrome do REC ataca a todos:

Tudo está bem até que você aperta o REC e começa a filmar…

Aí parece que você esquece até o próprio nome.

As notas e as teclas então, parece que você nunca as viu.

No Youtube já publiquei vídeos comentando algo sobre os tipos de memória que estão em jogo ao tocar um instrumento e, mais importante ainda, o 3º elemento esquecido (além do músico e da música): o ouvinte. A filmadora é uma espécie de ouvinte, portanto ela altera todo o cenário que você está acostumado a lidar quando está tocando.

E quando o cenário é alterado, travamos.

Veja só:

Quando digo que essa história de “tocar apenas pra mim” é uma armadilha, muitos pensam que pretendo formar músicos que façam apresentações públicas…

Ou que tenham alguma atuação profissional.

Não é nada disso.

Acontece que “tocar apenas pra mim” é você se acomodar com o cenário.

Colocar um ouvinte é uma tática pra aprofundar sua capacidade de tocar.

(Alguém pode dizer “sair da zona de conforto”, mas odeio esses termos de guru)

Ok…

E como resolver a maldita síndrome do REC?

De novo, utilize a tática do compromisso:

Escolha um dia da semana pra se filmar.

Não importa que você não esteja tocando bem.

O objetivo é se acostumar com a presença opressora do 3º elemento.

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Não tem pés nem patas, mas corre sem parar

Eu sei, essa charada do título é batida.

(E eu nem gosto de charadas)

Só precisava que você se lembrasse do “tempo”, mesmo que por curiosidade, pois “falta de tempo” é uma das principais desculpas dadas pra não aprender piano.

Como já disse em outra oportunidade, a maioria das vezes que alguém alega “falta de tempo”, é simplesmente mentira.

Não vou me preocupar com esses.

Quero dar uma palavra com aqueles que realmente estão sem tempo…

Estas são as coisas que já recomendei antes:

* Organize-se: muitas vezes não falta tempo, ele precisa é ser encontrado.

* Acorde mais cedo.

* Durma mais tarde.

* Corte as redes sociais e TV.

* Estude em lugares inusitados.

Ok, são coisas fáceis de falar, difíceis de fazer, mas e se você que está sem tempo seguir alguma dessas idéias e finalmente encontrar 20 minutos (mesmo que bem espremidos entre outras atividades), o que pode fazer pra aproveitá-los da melhor maneira possível?

Use a tática do anão Gimli:

“Um juramento feito pode fortalecer o coração que treme”

Encontre suas fraquezas e trace metas pra solucioná-las.

Faça uma promessa de dedicar-se:

“10 dias, vinte minutos por dia, cumpridos à risca e verei se avancei na solução de tal problema”

Simples.

Direto.

(E ainda mais legal: você se inspirou em um personagem do “Senhor dos Anéis”)

Será que você pode ir longe apenas com 20 minutos por dia?

Bem, eu estaria sendo desonesto se dissesse que sim…

E já que o título deste texto se refere a uma charada já bem batida, finalizo com três ditados ainda mais batidos:

O que não tem remédio, remediado está.

Faça aquilo que está ao seu alcance.

O resto só o tempo dirá.

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Como aprender piano devagar

Mensagem que recebi há poucos dias da minha aluna Caroline Coutinho:

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Comecei a estudar piano pra valer com seu curso há 3 meses. Impressionante como saí da estaca zero para um entendimento razoável do Piano, gosto muito da didática de seu curso e de sua maneira de ensinar. Realmente suas aulas não só me motivaram, mas me deram uma estrutura REAL, e não somente uma ilusão de facilidade que me fariam tocar piano milagrosamente em minutos, como alguns cursos que vejo a venda na Internet.

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Há dois anos disponibilizei um treinamento de introdução à partitura.

A idéia era orientar a visão de estudos do aluno em 2 meses, pra que ele pudesse praticar o conteúdo entre 12 e 18 meses.

Acontece que eu tive um trabalhão pra esclarecer os “2 meses”.

Os interessados insistiam em perguntar se seriam Mozart em 2 meses.

Desde então entendi o seguinte:

Pela internet as pessoas tem a tendência a interpretar as coisas da maneira mais esquisita possível. Se por acaso existir uma chance de um anúncio ou texto confirmar uma expectativa, mesmo que absurda, é nessa expectativa que o interessado se apega.

Por isso eu digo: aprender piano é aprender devagar.

Claro, se quiser copiar tutoriais, você pode impressionar um leigo em poucos dias…

Mas não pode desenvolver e consolidar habilidades.

(E será pra sempre o fake de caixa de comentário perguntando sobre “pulos do gato”)

Como sempre, você não deve acreditar em mim, nem em nenhum professor.

Simplesmente encontre alguém que estude piano há mais de 5 anos.

Não importa a qual tipo de repertório essa pessoa se dedique, ela vai confirmar que tocar piano com alguma segurança e com amplitude de conhecimento, só começa a ter sentido depois de 2 ou 3 anos.

Dou ênfase em “alguma segurança” e “amplitude de conhecimento”.

Isso não se aplica a bater alguns acordes sem saber o motivo.

É não é dessa maneira que estou interessado em ensinar.

Então não se preocupe se está “atrasado”, pois lidar com o piano exige tempo. A habilidade natural de cada um pode sim fazer variar esse tempo, mas é impossível dispensá-lo:

Aprender piano É aprender devagar.

Só não entenda isso da maneira errada.

De acordo com a mensagem da Caroline, em 3 meses de estudo ela percebe progresso.

E progresso sólido.

Esta é a beleza de seguir algo fundamentado:

Conforme você se desenvolve, sua visão do horizonte passa de algo estreito para algo amplo.

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5 motivos pra velocidade não ser importante

É difícil parar de pensar que algum dia não precisaremos estudar mais nada.

Por isso muitos vão para o piano apenas com este objetivo:

Alcançar a velocidade ideal da música.

Não espero que meus argumentos convençam a todos, mas muitos podem sair beneficiados, então aqui estão 5 motivos pra esquecer a velocidade.

* Velocidade é um sonho infantil. Alguns querem alcançá-la porque são exibidões, preciso dizer porque isso é ruim? Acho que não.

(No mínimo um exibidão não serve pra ser meu aluno)

* Buscar apenas velocidade é não dar chance para o corpo aprender.

* Velocidade antes de regularidade rítmica é ignorar o parâmetro músical mais básico.

* Velocidade depende muito de capacidade mecânica.

* Um certo nível de velocidade não se alcança pela simples repetição e insistência, mas por um desenvolvimento sutil de economizar movimentos.

O ponto é o seguinte:

Controle e fluidez são mais importantes e anteriores à busca de velocidade.

E não é necessário nenhum perfeccionismo.

Basta ter paciência e saber administrar o próprio desenvolvimento.

Imagine que alguém crie algo como a música ou exercício perfeito pra desenvolver todos os aspectos técnicos, rítmicos, harmônicos etc.

Isso seria muito adequado ao pensamento atual.

Imagine alguém anunciando o “Exercício Perfeito”:

“Basta dedicar-se a ele por tempo suficiente que todas as habilidades serão desenvolvidas”

Mas isso nunca irá acontecer, pois o exercício perfeito não seria perfeito.

Primeiro porque não teria unidade musical, portanto não conseguiríamos perceber a idéia musical. Isso não é música, é um Frankenstein. Segundo porque se dedicar por muito tempo a mesma coisa é coisa de robô, não de gente. Nós precisamos de um tempo, de certa distância daquilo que estamos tentando aprender.

Então se você focar na fluidez e controle (de ritmo, principalmente), e se souber como ir e voltar (e até misturar, se for alguém inventivo) as lições…

Está criando o cenário pra algum dia buscar velocidade.

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