Aprendizado gradual não é a solução
Sandro B., cadastrado aqui na minha lista, pergunta o que acho de métodos graduais de piano.
Minha resposta é dupla:
1) Acho uma maravilha.
2) Acho uma droga.
“Método gradual” não é como a bala de prata que resolve todos os problemas com lobisomens.
Pensar assim, é mais um modo cabeça-de-pudim de entender música.
O que quero dizer com isso também tem significado duplo:
1) Ensino gradual não resolve nada por si mesmo, é preciso ter um motivo real pra ser gradual.
2) De qual ensino gradual estamos falando? Mesmo que alguma habilidade exija um ensino gradual, esse pode estar sendo feito da maneira errada ou imprópria.
Exemplo:
Se estivermos falando de aprender a ler e executar partituras com fluência (repito: COM FLUÊNCIA), então é por meio de um ensino gradual que a habilidade é desenvolvida.
Mas, se isolarmos a habilidade técnica…
O ensino gradual perde seu sentido.
Digamos que o sujeito vai aprender a ler e executar partituras, e o método gradual que ele segue ensina uma nova nota da pauta a cada 10 lições.
Como isso poderia estar correto?
Mesmo sendo gradual, esse método certamente será uma droga.
Existem assuntos ainda que exigem uma mistura dos dois tipos (da gradualidade e do ensino sintético), como é o caso do estudo de solfejo rítmico.
É preciso que cada lição tenha a dose certa de fixação de um assunto anterior…
Junto com o desafio, para que seu ouvido desenvolva a percepção rítmica.
Enfim, é por isso que acho que presencial ou virtual, somente com um professor é possível avançar com segurança.
Pois um bom professor tem o domínio dessa arte de dosar as coisas, sem fundamentalismo.
(Nota: Se você é iniciante e pretende estudar piano comigo, então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
A lebre e a tartaruga apostam uma corrida até o piano
Comentário feito em algum vídeo meu no Youtube:
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Parabéns Felipe! Suas aulas ajudam muito. A cerca de 10 anos, estudo teoria musical, piano, canto e componho músicas, direto da partitura, em maior parte. Tenho dificuldade ainda de aplicar a execução de algumas músicas que faço para o teclado, porque minhas ideias teóricas são muitas vezes, mais avançadas do que minha técnica no teclado (ficam um tempo sem praticar). E aos poucos estou acertando alguns erros, como dedilhar com posição inadequada, etc. Obrigado por contribuir com seu trabalho!
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Não sei se isso se aconteceu a essa pessoa ou não, mas é o seguinte:
É muito comum alguém totalmente leigo em música pensar que estudar teoria é aprender música.
Ou, melhor, que a teoria é uma espécie de senhor do aprendizado de um instrumento.
Ok, isso não é um espanto.
Leigos são leigos justamente por sua ignorância no assunto.
Mais espantoso é o caso de alunos que já estão 2 ou 3 anos (às vezes até 5) e ainda não entenderam como é o relacionamento da teoria com a prática. Eles continuam se perguntando porque estudam tanto, deixando a mente afiadíssima, mas o corpo continua uma tartaruga.
Você deve conhecer a fábula da lebre e da tartaruga.
Do jeito que conheço essa estória, ela é mais do que o “devagar se vai ao longe”.
Quando a lebre (conhecimento teórico) desafiou a tartaruga (conhecimento prático) pra uma corrida (tocar piano), a tartaruga não ficou esperando sentada chegar o dia da corrida.
Ela treinou.
Suou em bicas.
Enquanto a lebre não fazia nada.
No dia da corrida, a lebre disparou e tomou uma distância enorme da tartaruga.
Logo parou pra descansar e dormiu.
Ao acordar, a lebre viu que a tartaruga estava perto da linha de chegada…
Correu muito, mas não impediu a vitória da cascuda.
Se você quer aprender a tocar piano, decore:
A teoria é suporte para a prática.
Ela define um mapa, mas seu corpo precisa fazer um trabalho diferente:
Precisa percorrer o mapa.
E antes que alguém diga “também precisamos da teoria”, vou repetir:
A teoria é suporte para a prática.
A prática não é vassala da teoria.
O conhecimento teórico pode disparar na frente, mas se você der a chance adequada ao conhecimento prático, ele alcança seu adversário.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
Níveis, dedilhados, bolo de cenoura e o segredo do piano
Juntar várias dúvidas e comentários anarquicamente, tentando resolvê-los rapidamente, dá um resultado ótimo.
Pretendo fazer isso regularmente por aqui.
Então vamos juntar mensagens de curiosos e alunos…
E vamos abrir as portas da esperança, digo, das dúvidas:
1) “Felipe, passe uma lista de técnicas para cada nível (iniciante, intermediário, avançado), por favor?”
Não.
Isso pode funcionar em uma escola ou até em aulas particulares…
Mas aqui pela internet, é desperdício de trabalho.
Meu método é:
Coloque a mão na massa e resolva os problemas que aparecem.
Alguém pode não querer aprender assim, mas, paciência, não posso ser o professor particular da internet inteira, criando um método específico pra cada aluno que aparece.
2) “Existe algum ‘dicionário’ de dedilhado? Uma fonte de consulta para aprender todos?”
Matematicamente falando é possível criar uma matriz dessas, mas é perda de tempo.
O dedilhado está no estudo das escalas, arpejos e experiência de repertório.
3) “Toco bem lendo a partitura, porém sempre notei a dificuldade de reproduzir o sentimento que ela passa. Mesma uma música fácil e curta. Seus vídeos mostram que reproduzir partitura e tocar piano são duas coisas completamente diferente”
Muito importante entender isso:
(Aliás, é uma das minhas lutas por aqui)
Considerar que a partitura serve apenas pra altura de nota e ritmo é como reduzir toda a linguagem humana às receitas de bolo de cenoura.
E mais ainda:
Nem todo mudo faz um bolo de cenoura gostoso, mesmo que siga uma receita.
Não porque precise de um dom sobrenatural…
Mas porque falta alcançar um nível de segurança pra lidar com a receita.
4) “Quando eu toco com a mão esquerda, mais especificamente com os dedos 3 e 4, o mindinho levanta involuntariamente, me atrapalha muito para tocar escalas, eu notei isso fazendo os exercícios de Hanon. Há alguma maneira de resolver isso?”
Sim, veja o vídeo sobre o dedinho do café que tenho publicado no canal do Youtube.
5) “Como um profissional executa uma partitura? Ele pega uma partitura e sai tocando direto?”
“Ler partitura” não quer dizer “ler à primeira vista”.
Este último é um estudo muito específico.
E mesmo profissionalmente falando, não é obrigatório.
6) “Eu gosto muito de piano, mas não consigo me desenvolver, pois ainda não achei o segredo”
Ah, essa é fácil:
Pare de procurar um segredo que já é meio caminho andado.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
O que é alcançar segurança no piano? É como Ralph e Sam…
Algumas vezes já falei sobre “alcançar segurança” no piano…
Por que utilizo “segurança” e não simplesmente “tocar piano”?
O que isso realmente significa?
Existem vários níveis de segurança, da mais baixa até os níveis mais altos, e o nível mais alto possível de segurança funciona exatamente como o antigo desenho animado “Ralph e Sam”.
Ralph é um coiote cuja profissão é caçar ovelhas.
Sam é um cão cuja profissão é cuidar de ovelhas.
(Procure no youtube ‘Coyote e Sam Batendo Ponto’ que ali você vai relembrar a dinâmica do desenho)
Digo “profissão” porque é exatamente o que acontece: Ralph e Sam são amigos, até moram juntos, e vão até o campo das ovelhas e literalmente batem o cartão. No momento em que soa o apito de início dos trabalhos, Ralph e Sam não são mais amigos, são adversários. Mas não é uma disputa muito justa.
Ralph cria planos mirabolantes pra pegar uma ovelha…
E toda vez Sam consegue se antecipar e acabar com o plano de Ralph.
Ralph nunca consegue.
Nunca.
Por mais engenhoso e mirabolante que seja o plano.
Sam, o cão, está sempre em cima da colina, rígido como um pilar, com sua franja cobrindo os olhos, sem parecer obsessivo com sua obrigação de guarda, está apenas ali imperturbável.
E sempre consegue violentamente desfazer os planos do coiote.
Quando o chega o fim do expediente, os dois batem o cartão e voltam pra casa.
“– Mais sorte da próxima vez”, ainda diz Sam.
Essa é a imagem perfeita do alto nível de segurança no piano.
Você não precisa saber “tudo” sobre piano.
Você não precisa prever todas as dificuldades e traçar previamente tudo o que precisará fazer pra tocar uma música ou vencer um obstáculo vindouro.
O que você adquire é um senso de como evitar certos problemas…
E isso sem precisar ficar obsessivo ou ansioso tentando quebrar a cabeça.
Exatamente como Sam imóvel no topo da colina, você pode lidar com o coiote que espreita.
Adquirir esse poder sobre os problemas, é o que nos dá segurança.
Em qualquer atividade podemos tomar posse disso:
Um médico, um advogado, um marceneiro, não pode garantir que será o melhor médico, o melhor advogado, o melhor marceneiro, mas com certeza poderá alcançar um nível de segurança cada vez maior no que faz, conforme se mantém na atividade.
É a falta dessa segurança que deixa os iniciantes com a sensação de “perdidos”.
Assim temos o sentido da palavra “segurança” que utilizo sempre.
Compreendido?
(Nota: Pra começar sua escalada na montanha da segurança ao piano, cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Desistindo do piano antes mesmo de começar
Observação conveniente do meu aluno Joel Carvalho:
(parafraseando)
“É mais comum que alunos bem jovens (que começaram antes dos 10 anos) cheguem até a formatura em uma escola de música do que pessoas mais velhas (aquelas que começaram depois do 20, 30 etc)”
Atribuo isso à mentalidade “Pelada de Fim de Semana”.
Vamos esquecer por um momento a rigidez curricular em uma escola ou conservatório.
Vamos esquecer também que conforme ficamos mais velhos, nossa teimosia aumenta…
Portanto ficamos mais impacientes ao lidar com um professor.
Rigidez curricular e impaciência são fatores consideráveis, mas um aspirante ao piano pode contornar esses fatores e mesmo assim perder o jogo ainda no vestiário ou desistir de aprender piano sem nem perceber e antes mesmo de começar.
Basta que ele considere o piano como um futebolzinho de fim de semana.
É apenas um passatempo.
Uma diversão.
Se por acaso exigir alguma seriedade, então virou trabalho.
A mentalidade “Pelada de Fim de Semana” só aceita duas categorias de coisas:
Aquilo que é trabalho (de 8 até 16 horas por dia).
E aquilo que é férias.
A categoria férias tem que abarcar tudo que não é trabalho.
Tudo que não é trabalho tem que ser férias.
E tem que ser férias do tipo sunga e caipirinha na praia.
Certo, isso é um estereótipo…
Mas serve pra mostrar bem o contraste dos comportamentos.
Não é necessário encarar o estudo de piano como uma obrigação profissional (buscando um ideal de perfeição que ninguém sabe definir qual é), nem é possível aprender piano como se fosse aquela revista de consultório de dentista que você só passa os olhos e larga assim que chegar a vez de fazer a coisa séria.
A maioria concorda com essa avaliação.
O que a maioria não faz, é tomar uma atitude.
Por isso insisto em falar de assuntos menos apelativos ou vistosos…
Porque isso atrai alunos que já saíram da mentalidade 8 ou 80 (trabalho ou férias), e portanto tem atitude de estudante (sem importar a idade)…
E também dá oportunidade pra quem ainda está mergulhado na “Pelada de Fim de Semana”, se por acaso conseguir prestar atenção tempo suficiente no que explico aqui e em outros lugares, de sair desse mundinho infernal dividido entre o chicote do chefe e descompromisso sem medida.
Quem consegue escapar um pouco dessa mentalidade, começa a adquirir o bom senso necessário.
E pode chegar até a fazer graça do antigo comportamento.
E ainda mais importante: está a ponto de entender o trabalho a ser feito.
Essa é uma grande condição pra alcançar segurança no piano.
Enfim, eis o que tenho a dizer sobre o assunto.
Encare como for conveniente pra você.
(Nota: Se você já entendeu que piano não tem nada a ver com pelada de fim de semana e quer começar a entender como aprender a tocar, então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Quebrar o celular é a melhor maneira de evoluir no piano
Minha esposa concordaria se alguém dissesse:
“– Tive a sorte de quebrar meu celular”
No meio de uma mudança de casa, você deixar cair esse aparelhinho que é sua ferramenta de trabalho, vendo ele se partir em alguns pedaços, não é agradável.
Gastar algumas centenas de dinheiros pra comprar outro, só piora a situação.
Equivale a você parar de inventar uma maneira de estudar piano.
É claro que desanima, pois você vai ter de deixar de fazer as coisas como estava acostumado…
Ou como imaginava que seriam.
Precisará fazer um investimento em dinheiro.
Apesar disso é certo que no fim você perceba que foi uma boa coisa.
Assim como quebrar a má-vontade de estudar piano de verdade é a solução pra alguns, quebrar o celular foi essencial pra melhorar a vida da minha esposa. Apesar de gastar um dinheirão no novo celular, o trabalho que minha esposa fazia leva metade do tempo no aparelho novo que é cheio de possibilidades que não eram acessíveis antes.
Foi um ganho na liberdade.
É o que acontece quando você resolve colocar minhas recomendações em prática.
Sei disso porque já vi acontecer dezenas de vezes.
Prestar atenção em certos detalhes pode ser desanimador em um primeiro momento.
Mas entender qual o melhor jeito de aprender algo no piano, que é responsabilidade do conhecimento técnico, fará você ganhar tempo e ter mais liberdade.
Não se trata de se dedicar em exercícios repetitivos ou em músicas…
Mas de entender o jeito certo de fazer os dois.
Mesmo quem acompanha o material aberto está tendo a possibilidade de entender isso, como a Angelica Abreu relatou mês passado:
“Aplicando em meus estudos tuas técnicas, tudo que vi até agora, assistindo aos teus vídeos também no YouTube, posso dizer com toda segurança que estou conseguindo evoluir muito, tocando novas peças, outras que antes já tocava agora com muito mais clareza, agilidade e o que é melhor, mantendo acesa a chama do amor pela música e por esse instrumento tão belo. Palavras não podem expressar o quanto me sinto grata, e não há nada que eu possa fazer para retribuir o grande bem que tens feito por meio do teu trabalho. Tenho divulgado-o a amigos e companheiros de estudo, que têm aplicado os ensinamentos e visto também já resultados muitíssimos positivos”
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
O que a psicologia pode dizer sobre os preguiçosos ao piano
Aqui está uma situação normal entre os iniciantes ao piano:
Assim como qualquer atividade não-profissional, a maioria desiste no 1º mês de estudo de piano.
Isso acontece em qualquer arte.
Desde pintura até arte marcial.
Acontece também com musculação, dietas, natação, etc…
Um bom professor ou instrutor pode com certeza diminuir muito o percentual de desistências, mas o fato de ser a maioria é inevitável.
Ok, isso é compreensível.
Mas existe um outro fenômeno bem curioso. Dependendo da habilidade natural e da dedicação, o estudante de piano atinge um nível básico de segurança em torno de 2 até 4 anos depois de começar os estudos. Esse tempo varia mesmo, pois as circunstâncias pra alcançar essa segurança básica são muitas. E aqui está a curiosidade: quando alcança esse nível, existe mais uma grande quantidade de pessoas que desiste.
Novamente isso pode variar de acordo com o professor.
Mas mesmo assim é normal acontecer.
E em quase todas as pessoas que atingem esse nível é possível perceber um corpo mole ou preguiça pra continuar avançando. Por isso perguntei pra um amigo psicólogo, se sua experiência em psicologia daria alguma explicação, fora aquelas que eu já tinha.
Ele deu várias explicações, quase todas doutrinais, já que não tinha um caso concreto pra analisar.
Aqui estão algumas causas interessantes:
* As pessoas tendem a supervalorizar o que já possuem.
Quando alcança esse nível de segurança, o estudante tende a se agarrar nele…
E não fica disposto a arriscar perdê-lo pra continuar avançando.
Se esse for realmente o motivo, não achei nada ruim, pode ser mesmo que a pessoa esteja satisfeita nesse nível. Fica ruim apenas se ela começa a reclamar que não consegue avançar, mas também não faz nada pra mudar esse quadro.
* As pessoas tendem a preferir o que já conhecem mais do que aquilo que desconhecem.
Isso é simples bom senso, certo?
Mas o que o estudante que alcançou certo nível de segurança evita, é ter de suspender mais uma vez a visão de onde pode chegar.
Ele fez isso quando começou a estudar…
Mas agora que chegou em algo seguro, não está disposto a passar por isso novamente.
É algo como ficar saturado em correr riscos.
* As pessoas tendem a se assustar perante uma mudança.
Esse parece estar ligado ao motivo anterior.
A diferença é que a pessoa não sente um desânimo em continuar, mas sim um medo.
“– E se eu não conseguir?”
“– E se eu perder o que já conquistei?”
Enfim, achei que esses motivos são bem possíveis de acontecer e que muita gente pode estar parado por causa deles e nem sabe.
É até possível que esses motivos se apliquem a quem nem começou a estudar.
(Nota: Se por acaso você não inicia os estudos por causa de algum desses inimigos, aqui está a arma pra começar a combatê-los: cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Dúvidas aleatórias sobre piano assassinadas sumariamente
Hoje o dia está mágico…
Entre outras coisas, é um excelente dia pra assassinar sem misericórdia algumas dúvidas.
Vamos alinhá-las no paredão:
1) “Felipe, poderia comentar algo sobre o aspecto ‘redondo’ e ‘quadrado’ que você cita em algumas músicas?”
Pra isso seria necessário uma aula inteira, explicando vários pressupostos.
Mas aqui só queremos dar um tiro rápido…
Digamos que o ‘redondo’ são as divisões ternárias…
O ‘quadrado’ são as divisões binárias rítmicas.
Manter o ouvido atento vai ajudar a perceber isso antes de qualquer explicação mais detalhada.
2) “Professor, onde você adquire seus livros de partituras?”
Não tenho um lugar fixo.
Por onde ando e encontro uma loja, garimpo as partituras.
Algumas podem ser baixadas no imslp (google it).
3) “Já ouvi professores falando que não se deve usar polegar nem o mínimo em tecla preta, algo errado ou normal?”
Deve-se evitar os menores dedos em teclas pretas…
Mas às vezes é o único jeito de dar uma boa continuidade para as frases.
4) “Professor, comecei a tocar teclado ontem, tá difícil de encontrar as notas, será que eu devo colocar um adesivo ou algo do tipo?”
É fácil pegar vício se usar adesivos.
Procure meu vídeo de iniciante e comece por ali.
Logo você pega o jeito com a localização das notas.
5) “Existe uma orientação geral pra usar pedais em peças que não tem essa notação?”
De maneira geral, troque de acordo com a harmonia.
Quando a harmonia permanecer a mesma durante muito tempo, procure trocá-lo a cada 2 tempos que funcionará bem.
6) “Estou aprendendo piano, mas meus dedos são pequenos. Muitas das músicas que fui tentar tocar, em certas partes, não alcanço alguma nota. Você me recomenda tocá-las ignorando uma nota ou outra ou tocar músicas que conseguirei tocar 100%?”
Procure tocar coisas que não exigem grandes aberturas da mão.
Exercite-se muito com exercícios de técnica…
Assim sua mão vai ganhar muito elasticidade durante o seu desenvolvimento.
Intervalos distantes podem ser arpejados.
(Nota: Tem interesse me começar a aprender piano? Então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
O que tenho contra tocar piano com alma?
Estou aguardando o pessoal da transportadora analisar se é possível subir com o piano no apartamento que pretendo alugar…
E esse trabalho braçal de sobe, desce e mede espaço me recordou de uma conversa que tive ontem com um grupo de alunos.
Por enquanto quase todo meu trabalho online tem focado no desenvolvimento técnico.
Será que tenho algo contra tocar piano com alma?
Não tenho nada contra.
A música acontece primeiro no nosso mundo interior, mas é executada com seu corpo.
Se você se dedicar a entender o máximo possível sobre música (interpretação, harmonia, funções etc), isso ainda não te habilita a executar uma só música.
Assim como tornar-se o Arnold Shuazeneger dos dedos não torna ninguém músico.
A verdade é que existe uma divisão de trabalho.
Se seguir as orientações de estudo que indico nos treinamentos, você terá nas mãos as recomendações práticas de como fazer essa divisão. Agora, a experiência com dezenas de professores que já tive, é a de considerar a parte física como algo muito tosco.
Algo bárbaro.
Não civilizado.
(Pode ser que você tenha contato com alguma professora russa aí, como diz meu aluno Leonardo, lá a brincadeira é séria)
Enfim, parece que o importante é fazer carinha de sentimental enquanto toca.
Parece que o método de ensino é o “Faz assim ó”, mas nenhuma palavra em como entender e como se preparar.
Parece que todo mundo está contente em capinar com enxada cega.
A minha estratégia é esta:
Enfatizar aquilo que é esquecido.
Não dá pra fazer todo o trabalho necessário de uma só vez.
Então reduzi para aquilo que está desprezado.
Para o resto existem dezenas de propostas por aí.
Eu tenho ilusão de que este trabalho de padeiro será seguido por todos?
Não, não tenho.
Mas já estou feliz com os frutos.
Como este que na conversa de ontem meu aluno Edmilson relatou:
“Já evolui neste curso online mais do que aprendi ao longo de alguns anos com um sem número de professores que sempre diziam: Tem que tocar com a alma e nenhuma palavra sobre técnica.”
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
Recomendação de um famoso mestre de como começar a aprender partitura
Ser discípulo de Beethoven e professor de Liszt já justificaria a fama de Carl Czerny.
Mas a popularidade e a eficiência do seu modo de ensino é o que preparou sua cama.
E ele tem uma opinião bem firme sobre como passar pela fase mais chata de ler partituras…
Que é aprender a olhar a altura da nota e encontrá-la no teclado.
Eis o que diz o mestre:
“O melhor remédio contra essa desagradável necessidade é esforçar-se para fixar esse assunto na sua memória da maneira mais profunda e rápida possível. Alguns alunos que desde o princípio manifestarem o desejo e amor pelo piano, e dedicarem racionalmente o uso da sua memória neste trabalho, atingirão um perfeito conhecimento das figuras e teclas em poucas semanas. Outros alunos, assustados com a aparente tediosidade do trabalho, perderão vários meses até alcançar o mesmo objetivo. Então, qual desses dois caminhos é o melhor?”
As lições contidas neste pequeno parágrafo são grandes pérolas.
A mais importante é aquela que nem está dita diretamente:
Sem ter essa relação das alturas de nota na partitura com sua referência no teclado, o trabalho de aprender a ler e executar partituras será um grande e tedioso trabalho, que provavelmente vai jogar um balde de água fria no seu entusiasmo.
Existem várias maneiras de começar esse trabalho.
No Youtube já publiquei vídeos de como começar a decorar as alturas de nota.
E também existem dezenas de aplicativos que ajudam nisso.
Sobre relacionar a altura com a tecla, poderemos conversar mais pra frente.
Agora, outras lições que o velho Czerny deu no parágrafo:
* Existe sim uma certa tediosidade nos estudos.
* Dizer que “ama” não basta, é preciso manifestar esse amor enfrentando essa tediosidade.
* “Dedicação” não basta, é preciso ser racional (eu nunca usaria essa palavra, mas também não ousaria mudar as palavras do mestre).
* A demasiada atenção à reações subjetivas é o que cavará a cova de alguns alunos.
* Nada melhor do que terminar um parágrafo com uma pergunta retórica que deixará os cabeças-de-pudim se batendo pra responder.
E assim estão vivos por quase 2 séculos os ensinamentos do mestre…
Sempre dizendo a verdade, sem medo de parecer desanimador.
E aqueles que estão se perguntando por onde começar na partitura, já tem uma luz.
(Nota: Se antes de começar com as partituras você precisa entender como desenvolver sua capacidade técnica, então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)