3 mitos sobre a independência das mãos

Nesta semana, enquanto aguardava na fila do mercado, algo muito familiar aconteceu:

Um senhor puxou papo comigo e acabou perguntando qual era o meu trabalho.

“– Pianista” respondi.

E o senhor retrucou:

“– Ah, tentei tocar na juventude, mas não tinha habilidade nenhuma, nunca consegui fazer com que as mãos fizessem coisas diferentes”

(Acreditem, isso acontece 4 ou 5 vezes por mês)

Na mesma hora lembrei de 3 mitos sobre a independência das mãos.

(E tem mitos pra todos os níveis, de iniciantes a intermediários)

1) Mito: “É necessário dom pra conseguir dar trabalhos diferentes para as mãos”

Besteira!

Esse mito se resolve com o ditado “ninguém nasce sabendo”.

Claro que nascem pessoas com mais capacidade do que outras.

Mas não é uma habilidade que precise existir antes de começar a aprender.

2) Mito: “É necessário ‘dois cérebros’ pra conseguir”

Outra besteira!

Você não precisa dividir a atenção entre as duas mãos.

Você precisa treinar a sua atenção a se concentrar no trabalho entre elas.

E isso é mais fácil do que parece.

Fale em voz alta os momentos de tocar:

“Direita!”

“Esquerda!”

“Junto!”

E como organizar e dar uma sequência didática pra esse estudo?

Basta seguir as lições dadas no “O Pianista Aprendiz” aqui:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/

3) Mito: “É necessário exercícios técnicos complicadíssimos pra desenvolver independência avançada”

Claro, o que eu disse antes é o início do estudo.

Você começa fazendo essa trabalho de coordenação, mas não precisa parar por aí.

E muito intermediários perguntam:

“Você pode me ensinar exercícios avançados de coordenação?”

Exercícios são importantes, mas, em determinado nível, a independência não precisa de mais desenvolvimento motor pra ser melhorada, o que é necessário é treinar ainda mais sua atenção pra ser capaz de controlar um cenário mais amplo do que está acontecendo musicalmente.

E não existe nada melhor pra isso do que a polifonia.

E assim cai por terra mais uns pré-conceitos.

Se você precisa aprender a resolver essas dificuldades técnicas, como a independência das mãos e muitas outras…

Inscreva no “O Pianista Aprendiz”.

Aqui estão todos os detalhes:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/


O som da inevitabilidade

Vamos encurtar uma história longa:

Estava tudo certo pra que eu mudasse de casa, já tinha até combinado com a empresa que faria o transporte do piano, mas, como era de se esperar, alguma burrocracia impediu que o contrato de aluguel fosse assinado. E assim eu volto a estaca zero. A saga de encontrar outro lugar ideal, recomeça.

Essa sina de quem mora de aluguel, me fez pensar em algumas que o estudante de piano passa.

A primeira é com certeza encontrar um professor…

Ou quem sabe é procurar por um instrumento?

Eu não saberia dizer qual das perguntas “esse é o professor/material certo?” ou “esse instrumento é bom mesmo?” é feita primeiro. O fato inegável é que quando você pensa que ela está resolvida, logo logo ela volta a incomodar.

É inevitável.

É como um tema de uma sinfonia que volta e volta.

Depois disso o estudante está pronto pra enfrentar suas próximas dúvidas inevitáveis:

– Estou avançando corretamente?

– Esse negócio que estou fazendo é música mesmo?

– Quando vou entender melhor o que estou fazendo?

– Quando vencerei essa dificuldade?

Assim acumulam-se dúvidas e dificuldades que podem fazer voltar as duas perguntas primordiais:

“– Esse professor/material está me ensinando mesmo?”

“– Não é esse instrumento que está me impedindo de avançar?”

Enfim, o teor das dúvidas pode variar um pouco e nem sempre são encaradas de maneira ansiosa, mas o ponto importante que o estudante de piano precisa aprender de uma maneira ou de outra, é que existem certos “patamares” de segurança ao piano. Se o estudante está com um bom material em mãos, se está com a rotina correta, então ele vai aos poucos aumentando seu grau de segurança.

Isso nunca acontece como uma onda repentina.

Ninguém passa a entender onde está e pra onde vai de uma hora pra outra.

Assim como quem vive de aluguel sabe que precisa de várias tentativas até conseguir pegar a chave da nova casa, mas que logo a novela recomeça, o estudante de piano tem que saber que vai passar de patamar em patamar, mas sempre existe algo a conquistar.

Qual seria a motivação pra continuar estudando, se tudo fosse rápido e repentino?

Simplesmente não valeria a pena.

(Nota: Você acha que está pronto pra dar o primeiro passo em direção ao piano? Então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Situação do estudante intermediário no Brasil…

“Um músico superficial não executa sua arte com planejamento, ele simplesmente vai pra música sem se preocupar com nada além do que o próprio sentimento — o que no caso é apenas uma impressão vaga, sem forma, sem objetivo, e com um puro sensualismo sentimentalista. Seu acompanhamento afoga a melodia, seu ritmo é complacente demais, dinâmica e outras propriedades artísticas tornam-se histéricas. Mas nada disso importa, porque ‘ele sente’. Na verdade constrói uma casa em que o porão está no teto e o sótão no subsolo”

Essa é uma das opiniões do maestro Josef Hofmann.

Dito por alguns como um dos melhores pianistas do séculos XX, e por outros como uma das maiores mentes musicais da época, embora criticassem bastante seu estilo.

Mas mesmo seus críticos dizem que é um grande mestre.

E sua visão sobre os problemas de um estudo superficial não poderia ser mais certa.

Principalmente de quem se diz “estudante intermediário” no Brasil.

Se alguém decide em algum ponto na sua vida:

“Bem, está na hora de aprender a tocar algum instrumento…”

Então é quase inevitável que busque uma maneira “branda” de seguir o aprendizado.

Quem sabe aprender uma música aqui outra ali…

Conseguir lidar com alguns acordes…

E algumas partituras simples.

Sei que a sensação de produzir música é maravilhosa, não importa como.

Mas sei também de algumas coisas a mais:

Assim como é praticamente inevitável que alguém que, em idade madura, procure estudar um instrumento, busque uma maneira indolor de aprendizado, também é praticamente inevitável que essa mesma pessoa se recuse a repousar no resultado que conquistou. Não é errado dizer que música é uma arte infinita (ou pelo menos muito ampla). Existe sempre algo a se conquistar.

Se não fosse assim, ninguém teria motivos pra dedicar 30, 40, 50, 60 anos nisso.

É aqui que a bola de neve de problemas acontece.

Aquela “emoção” que esse estudante sentia, passa a ser o condutor do seu estudo.

Ele tenta avançar tendo essa sensação como guia.

E, claro, porque está 10 anos nessa atividade, se considera um “intermediário”.

Foi isso que o maestro Hofmann chamou de “músico superficial”.

Com esse aprendizado construído na areia, o músico tenta avançar sem ter as habilidades sedimentadas.

Mas ele não sabe realmente o que fazer.

(“…sem planejamento”)

Não sabe dar valores objetivos a sua execução.

(“…as propriedades artísticas tornam-se histéricas”)

Por isso o apego ao que ele sente.

(mesmo que o “porão esteja no teto”)

Se “sentiu” que está bom, então está bom…

Mesmo que esteja uma bela porcaria.

Por isso o estudante deve estar atento aos princípios ensinados pelo professor.

(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)

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Como combater a ansiedade musical

Depois que falei sobre o modo cabeça-de-manjar de estudar piano, alguns me perguntaram como combatê-lo.

O que fazer pra não se deixar levar por essa ansiedade…

Por esse desejo de alcançar um nível de perfeccionismo irreal?

Bem, hoje dia a “ansiedade” virou uma doença por si mesma.

Não sei o que uma pessoa que sofre disso pode fazer. Provavelmente ela tem de ter uma mudança geral na vida. Algo que transforme a própria visão de como conduzir as coisas. Na música, eu só conheço uma maneira de combater essa expectativa maluca.

E o remédio está neste relato do meu aluno Maurício:

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Oi Felipe,

Eu fico ensaiando as peças de Chopin do lado da minha sogra velhinha que está. Ela fica maravilhada. kkkkkkk. A minha esposa já diz assim: já vai fazer teu plic-plic. A gente dá risada juntos. Ela gosta também!!!Eu fico consciente do que sai ali e sei que muito tem que melhorar. Mas o piano ali é uma novidade na vida delas como pra mim também. Aproveito todos os dias pra ensaiar e as músicas estão melhorando. Tua presença existe quando estou tocando, sempre dizendo: ” – Melhore aqui!, Não aqui tem que praticar mais! Tá melhorando!, Aqui tá ruim, articula mais!!!, entre outros. Rsrsrs

Um abração.

Mauricio Goulart

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Aí está!

Não, o remédio não é o plic-plic 😛

Nem o treino diário.

Nem a felicidade de fazer toda a família participar.

O remédio está em ter o professor instalado na sua cabeça.

Utilizar a imaginação pra criar metas fantasiosas e se perder no sonho de alcançar um resultado que você nem mesmo sabe se é alcançável, é fácil. E é essa mesma facilidade criativa da imaginação que você vai utilizar pra combater esse manjar que você criou.

Você carregará as orientações do professor na cabeça.

É trabalho do professor indicar o que você precisa fazer.

Então basta que você deixe o professor fazer seu trabalho.

O Maurício teve o azar de ter este ditador que vos escreve como assombração imaginária…

Sem problemas!

O gosto do remédio não importa, mas sim sua eficácia, certo?

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Mantendo alta a probabilidade de você aprender piano

Esqueçamos qualquer opinião que já dei sobre treino diário de piano.

E vamos perguntar à “Lei dos grandes números” como podemos entender nosso aprendizado.

De acordo com essa lei de probabilidades, é necessário um grande número de observações de um fenômeno pra que seja crível alcançar um número médio de resultados. Mas o quê!?! Que droga isso significa? Vamos utilizar o exemplo mais famoso de todos:

A rotina de um cassino.

Se alguém, burro o suficiente pra fazer isso, analisar apenas UMA rodada de jogos, exatamente naquele momento em que a maioria das máquinas do cassino perderam dinheiro, poderia exclamar:

“– Os donos de cassino só tomam prejuízo!”

Com bom-senso, e utilizando a Lei dos grandes números, esse sujeito dever fazer o seguinte:

Analisar um grande número de rodadas.

Assim ele garante uma média confiável do que acontece no cassino.

E que raios isso tem a ver com treino diário de piano?

Vamos considerar dois personagens:

Um totalmente iniciante no piano…

E um outro que já toca e está tentando resolver algum problema pianístico.

(Cada um a sua maneira, são dois iniciantes)

Se o totalmente iniciante começa a estudar e depois de dois dias larga tudo e sai correndo e berrando no meio da rua “– Eu não consigo! Piano não é pra mim! Que coisa é essa… não aguento mais! Só quem nasce com dom mágico consegue fazer isso!”….

Ou se o intermediário, quando começa a tentar resolver a dificuldade, deixa o sangue ferver e dá socos no instrumento e socos na própria cara, rasga as vestes e escreve uma carta de suicídio colocando toda a culpa dos seus problemas no trecho que ele não conseguiu resolver…

Pense bem…

Eles estão agindo exatamente da mesma maneira que o sujeito do cassino.

Simplesmente eles não chegaram a uma média confiável de tentativas antes de entrar em desespero.

E aqui está a beleza do treino diário:

Você não apenas aprende mais e melhor o instrumento, mas é capaz de conhecer mais e melhor o seu próprio jeito de aprender, podendo potencializar cada vez a maneira de encarar o estudo, ganhando muito em eficiência.

Isso sim é manter alta a probabilidade de se desenvolver.

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Morte aos cabeças-de-manjar

Um tempo atrás li algumas coisas sobre os exorcistas do Vaticano.

Não me interessa se você acredita ou não neles, a parte importante e significativa é que um dos objetivos do exorcista é fazer com que o demônio revele seu nome. Assim que ele consegue isso, sabe como poderá combatê-lo.

Muito alunos tem feito algo análogo ao combater o modo “cabeça-de-pudim”.

Agora eles tem um nome pra dar ao problema, portanto podem combatê-lo.

Hoje apresento um novo nome de um inimigo a ser combatido até a morte.

É o modo “cabeça-de-manjar”.

E, veja que interessante, não fui eu que inventei isso.

Foi minha aluna Marina Guerra.

Nesta semana ela me mandou uma mensagem interessantíssima, que ainda vou aproveitar muitas partes, mas que hoje destaco os dois tópicos abaixo.

O contexto é que ela descrevia a sua melhora ao entrar em contato com meus materiais.

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* Quando eu começava uma nova música eu não tentava tocar a partitura até o final sem parar, porque meu superego perfeccionista sugava minha própria coragem e dizia ” Ou a coisa sai perfeita ou nem tenta” e eu desistia antes mesmo de começar. Por isso, não tinha uma visão geral sobre quais partes seriam mais nível hard, deixava de estudar as passagens mais complicadas separadamente, tinha sempre que começar tudo de novo quando errava (um pseudo-TOC).

* Eu estava ”descompassada” no sentido de que não criava um envolvimento fora do instrumento com a música que estava aprendendo, não estudava a partitura solfejando, não ouvia interpretações de vários pianistas percebendo as sutilezas de cada interpretação, na verdade o que eu fazia era criar elo de escuta diária selecionando outras músicas que ainda não estava aprendendo e ficava ansiosa por começar a aprender estas, pulando de partitura em partitura sem terminar, uma fase bem cabeça-de-pudim, ou ao menos cabeça-de-manjar.

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(São apenas dois tópicos da mensagem dela, temos ainda o triplo disso pra explorar!)

Se o modo cabeça-de-pudim é aquele modo relaxado, que não quer entender qual é o trabalho e o faz de qualquer jeito, estudando largado como se estivesse no piloto automático…

Então o modo cabeça-de-manjar, que é mais vistoso e bem elaborado, trata-se desse perfeccionismo inventado.

É buscar um ideal de perfeição que o aluno não sabe definir qual é…

Ou não sabe o que fazer pra chegar lá…

Ou ainda que está na cabeça dele e mais nenhum outro lugar.

Veja que os dois modos são lados diferentes da mesma moeda.

Estudar como se estivesse de férias na praia, não leva a lugar nenhum.

Assim como estudar cheio de preocupações e metas absurdas, dessas que servem apenas pra aumentar a ansiedade, também não leva.

Todos têm momentos cabeça-de-pudim ou cabeça-de-manjar.

Mas, agora, tendo o nome deles, fica mais fácil entender o caminho do meio.

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O meu método de lidar com um professor de piano

Uma aluna, que prefere não ter o nome citado, fez a seguinte pergunta:

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Felipe,
Lembro-me do seu comentário sobre seu primeiro professor de piano, que não ensinava ‘como’ chegar ao ponto certo.
Estou passando pelo mesmo processo.
Minha professora diz qdo devo tocar mais rápido, sem erros, mas não mostra o caminho das pedras.
Não por má vontade, mas, talvez porque tb não aprendeu.
Mesmo assim, devo continuar?
Porque, depois que conheci o seu curso, fiquei desestimulada a estudar as outra peças, que ela me passa.
Obrigada

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É normal um professor não descrever exatamente o que é necessário.

Principalmente no Brasil.

Em grande parte do mundo houve uma quebra nas linhagens de ensino, e isso tem diminuído a qualidade geral dos pianistas, mesmo os de nível mais alto. Essa quebra de transmissão em uma linhagem é prejudicial, pois é impossível que uma pessoa redescubra sozinha todo o processo de aprendizado.

Tem que ser um que aprendeu com outro que aprendeu com outro etc etc etc.

Assim, cada elo dessa cadeia reencarna a tradição daquela linhagem, adicionando algo de si a ela.

Bem, essa transmissão por gerações nunca aconteceu no Brasil.

Por isso a situação geral dos professores é deplorável.

Todos estão reinventando a roda e tentando ensinar isso aos alunos.

Mesmo assim, existe algo que eu pessoalmente faço antes de descartar um professor por incapacidade de continuar me ensinando, e por isso recomendo que todos que tem um professor particular comecem a fazer:

Não faça pergunta genéricas.

Seja MUITO específico.

(“como devo encostar o dedo aqui?”, “como eu acerto o ritmo desse compasso?”, “me ajude a fazer devagar para que eu entenda essa passagem?”, “de que maneira devo repetir esse trecho em casa?” etc, etc).

Assim, se o professor tiver capacidade, ele pode explicar melhor.

Lembre-se: músico não é filósofo!

Música é uma arte prática e muitas vezes os professores não tem uma retórica muito elaborada.

É preciso ser bem preciso em relação às perguntas.

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Não existe a ONU do piano

Alguns tipos de mensagem que recebo deixam com a impressão de que muitos pensam que existe uma comissão mundial de professores de piano que, todos sentadinhos em roda, decidem qual é o melhor jeito de ensinar piano.

Algo como a ONU pianística.

Pelo que sei da ONU e todas as suas sub-comissões, ela não está ali simplesmente pra juntar líderes e discutir conflitos.

Lá eles criam regras e mais regras de como as pessoas deveriam viver.

– Como os pais devem educar seus filhos.

– Como os empresários devem administrar suas empresas.

– O que deveríamos comer.

– Qual a distância que deve haver entre o muro de uma casa e a rua.

– Quais dimensões devem ter as caixinhas de correios…

Enfim, é um inferno de regras, portarias e normatizações, todas pensadas por burocratas engravatados.

Bem, graças aos Céus não existe nada assim para o ensino de piano.

Existem muitos professores que escondem o jogo mesmo, que preferem enrolar o aluno e assim mantê-lo como refém, mas muitas diferenças didáticas e estruturais no ensino entre os professores, se referem a própria diferença de como o professores vêem o ensino musical. Essa visão geral antecede qualquer decisão de método, portanto pode tornar muito diferente o jeito de ensinar ao comparar professores.

Por exemplo:

Nesta semana eu disse que não ensino piano como terapia.

Mas se por acaso algum professor adotar essa premissa no seu ensino, com toda certeza a aula dele será muito diferente da minha.

Claro que existem coisas básicas, aquilo que todos os professores vão ensinar.

Mas até nisso pode haver diferença, baseado na sua visão musical.

Uns podem optar por começar ensinando solfejo rítmico.

Outros preferem colocar o aluno na fogueira logo de cara.

Um terceiro não prefere nenhuma dessas duas coisas, mas uma outra ainda.

Mesmo sabendo disso, é errado aderir a um relativismo no ensino, algo como “cada cabeça uma sentença”, porque de fato existem professores que mais prejudicam seus alunos do que ajudam. Outros ainda com certeza são charlatães.

Por isso sempre digo que a sina do estudante de piano é procurar por professor.

É preciso uma boa dose de sorte pra isso.

Mas não tem jeito, não existe uma forma única de ensino e nunca existirá.

Resta ao aluno procurar.

(Nota: Se quiser aprender piano comigo, então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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O que você faz X O que os outros vêem

Eis uma grande verdade:

É muito fácil enganar um leigo em música.

Nenhuma outra arte permite passar por entendido em tão pouco tempo.

E por causa da tecnologia, o teclado é o mais enganador de todos os instrumentos.

Vocês não fazem idéia da quantidade de mensagens que recebo do tipo: “não quero estudar não, mas se você fizer um pacote de aulas com músicas famosas pra eu imitar, pode mandar o valor que pago na hora”

Ou seja, o que o sujeito quer fazer é decorar a sequência de algumas teclas…

E o que ele quer que os outros vejam é ele como músico.

O que pode haver de errado nisso?

Ele não estará fazendo música de qualquer jeito?

Nem preciso chegar ao ponto de dizer que isso é pensamento de fraudador e trapaceiro, ou no mínimo revela uma vaidade infantil, e realmente não quero a dor de cabeça de ter contato com esse tipo (e essa é a minha opinião mesmo)…

Basta dizer o seguinte:

Distanciar demais o que realmente você está fazendo e a opinião de um leigo, é criar uma armadilha pra si mesmo.

Mesmo considerando o ponto de vista de um vaidoso incorrigível.

Siga este raciocínio:

Não é nada difícil aprender a tocar umas 40 músicas diferentes utilizando basicamente os mesmos acordes e alguma variação entre eles…

Existem dezenas de vídeos no Youtube ensinando a fazer isso.

Ninguém mais precisa de uma escola ou de aulas particulares pra ter essa informação.

Mas esse resultado quase imediato é muito limitado.

É praticamente impossível o interessado não buscar coisas mais “avançadas”.

Aí é que a armadilha se fecha…

Pra aumentar sua liberdade musical, ele precisará estudar e entender muitos porquês, e isso é muito mais lento do que decorar a sequência de algumas teclas. Quem disse que ele terá força de vontade pra isso? Agora ele já experimentou a sensação de ser um músico, como poderá refrear a vontade de continuar se exibindo?

Ele não poderá.

A maioria que cair nessa armadilha, não conseguirá escapar.

Assim se criam muitos desesperados por “truques”.

E, veja bem, se distanciar do que realmente você está fazendo e a opinião de um terceiro, não vale apenas pra falar mal de quem tem pensamento de enganador vaidoso.

Mesmo quem pretende fazer um estudo sério, não pode se deixar cair nessa armadilha.

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Ainda sobre o terrível problema de coordenar as duas mãos

O primeiro problema dos iniciantes será sempre a coordenação das mãos.

Escrevi algum tempo atrás no meu blog:

“O iniciante começa muito empolgado o estudo, mas logo que precisa tocar notas diferentes em cada mão, e ainda em tempos diferentes, todo o sonho encantado de tocar piano cai por terra.”

Por isso a coordenação é um dos problemas que ensino a resolver no treinamento “O Pianista Aprendiz”.

Aqui estão os detalhes desse treinamento:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/

Apesar dessa enorme vontade de tocar piano ter sido o motor que levou o iniciante a procurar algumas aulas, essa mesma vontade pode ser o principal vilão, aquele que joga um balde de água fria nas expectativas, tão logo encontre um desafio.

Esse descompasso entre a expectativa e realidade é muito desanimador.

Mas não é necessário um esforço monstro pra resolver.

Basta o aluno aprender a utilizar as ferramentas que solucionam seu problema.

É isso que faz o treinamento “O Pianista Aprendiz”.

Além de mostrar como estudar com as mãos separadas, e como isolar os trechos pra entendê-los separadamente e assim conquistar a coordenação, no treinamento ensino como montar uma rotina eficaz de estudos pra desenvolver muitas outras habilidades.

Algo que desenvolva no aluno um canivete suíço de soluções.

Pra entender o objetivo desse treinamento, basta ler o conteúdo desta página:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/