Contando os tempos automagicamente
Ontem meu aluno Filipe Vidica enviou a seguinte mensagem:
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Oi, professor Felipe
Estou adorando o curso. Estou terminando o aprendizado da música e no estudo de técnica estou na aula ‘agilidade com deslocamento”. Não vejo a hora de aprender “sonata facile”, fico me perguntando se conseguirei tocá-la, será fantástico!! Realmente minha única dificuldade é a última etapa das músicas: tocar contando o tempo. Acho muito difícil. Como já toco violão popular, consigo pegar o tempo das músicas com mais naturalidade, porem gostaria de seguir a sua técnica perfeitamente e tocar contando o tempo. Estou começando bem devagar o estudo de partitura, através do seu playlist, mas como um extra. Meu foco realmente é o curso pianista aprendiz.
Resumindo estou muito satisfeito, a prova disso é que comecei seu curso com um teclado sem sensibilidade, confiei tanto no método que até comprei um piano digital da Cássio que vc indicou da linha prívia.
Parabéns!! Qualquer dica a mais que quiser me dar será bem-vinda
Abraço,
Filipe Vidica
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Concordo, não é simples contar os tempos e tocar.
Mas é uma habilidade importantíssima.
Lembra-se que falei sobre ter “velocidade de raciocínio”?
Então, contar os tempos não serve apenas pra organizar ritmicamente as músicas, mas também cria o cenário perfeito pra ter agilidade de raciocínio.
A habilidade de contar os tempos é misteriosa.
Se você der a oportunidade certa pra si mesmo, ela se desenvolve automagicamente.
Basta fazer o seguinte:
1) Desenvolver paciência consigo mesmo;
2) Ter uma rotina de estudos;
3) Dedicar 5 minutos dentro dessa rotina pra tocar as músicas muito lentamente, mesmo que desfiguradas, tentando contar o tempo. Isole mesmo que apenas um pequeno compasso. Toque o mais lentamente que for necessário.
4) Assim que estiver confortável, aumente um pouco a velocidade. Não inclua o metrônomo nesse exercício.
5) Continue fazendo isso e dê tempo ao tempo.
Voilà!
Aplicando esses passos, de uma hora pra outra, você conseguirá coordenar as mãos, olhos e contagem.
Impressionante, não?
Peraí!?!
Você não tem uma rotina de estudos?
Que vergonha!
Assim você nunca vai sair do lugar!
Mas, sem problemas, basta entrar para o treinamento “O Pianista Aprendiz” como fez o Filipe Vidica.
Aqui estão descritos todos os detalhes:
https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/
Uma mistura explosiva de artes marciais + língua estrangeira
Já contei que todos que me pedem aulas pra “melhorar a fluência de leitura” não têm problemas de fluência, mas sim de leitura.
Pois é.
Aconteceu de novo.
Um estudante que pulou de galho em galho em métodos de leitura, me pediu aulas particulares pra melhorar a fluência.
De cara percebi que ele sabia intelectualmente como ler.
Mas sua vontade e seu corpo não tinham a menor idéia do que fazer.
Esse é um engano comum dos autodidatas…
Ou de quem estuda decoreba de teoria musical…
Ou quem simplesmente tem um professor ruim.
Estudar piano não é uma atividade intelectual.
Pelo menos não é apenas intelectual.
O estudo de piano tem muito a ver com artes marciais.
Aliás, se for pra ser exato, estudar piano é como estudar artes marciais junto com alguma língua estrangeira.
Por isso todo mundo conclama aos quatro ventos que a música o melhorou como pessoa. O segredo está em ser uma atividade que exige o máximo possível de todo nosso ser. Exige velocidade de raciocínio, reflexo corporal, capacidade de abstração, além de paciência, dedicação e doação aos outros.
É uma mistura explosiva.
Por isso, meus caros, não basta decorar.
Não basta pensar em intervalos.
Não basta criar fórmulas e relações mais malucas possíveis.
Tudo isso precisa ser condicionado corporalmente.
No caso das partituras, siga COM DILIGÊNCIA qualquer método que encontrar.
Importante:
Não pule de galho em galho, nem busque atalhos.
Eles não existem.
(Vou lançar um material sobre partituras, mas ainda não tenho um prazo de publicação)
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Eficiência é diferente de perfeição
Aprender a tocar piano normalmente envolve uma melhora geral da vida.
Não que a música seja um remédio, mas seu aprendizado exige largar uma porção de teimosias.
E deixar de teimosia é sempre bom.
Volta e meia um aluno me pede alguma opinião ou recomendação sobre uma peça em particular. Claro que a expectativa é de que seja dado um ensinamento incomum, algum segredo, truque ou dica quente que pode melhorar sem muito esforço o trabalho que o aluno já está fazendo.
Mas o meu ponto de vista é bem diferente.
Sempre procuro guiar o estudo do aluno de modo a ser o mais eficiente possível.
E com “eficiente” não quero dizer “rápido”, nem “perfeito”, nem “divertido”.
Com “eficiente” quero dizer que resulta num efeito mais duradouro.
Isso me lembra a transportadora americana UPS.
Algum tempo atrás li que essa transportadora adotou na sua logística de rotas, virar o menos possível para a esquerda. Isso quer dizer que ao traçar uma rota do ponto A ao ponto B, a UPS não busca o caminho perfeito, aquele que levará menos tempo, mas busca o caminho que exige menos viradas à esquerda.
Coisa muito esquisita de se considerar, hein?
Alguns testes foram feitos e se constatou que essa regra não torna as entregas mais rápidas.
Nem torna as distâncias mais curtas.
Mas ocasiona em uma economia de combustível absurda para a empresa.
Nesse sentido, é uma regra muito “eficiente”.
A explicação técnica de porque é eficiente não interessa aqui.
O que importa é que você perceba o quanto deve largar certas “opiniões”.
Isso é essencial pra sua educação, mesmo no piano ou teclado.
Se eu tivesse se escolher uma grande teimosia dos alunos, uma que quebra muito a eficiência do seu estudo, é a de evitar o máximo possível de estudar com as mãos separadas.
Normalmente eles pensam que estudar com mãos juntas é melhor.
Que esse é o modo “perfeito, rápido e divertido” de estudo.
Pode até ser pra um caso isolado.
Mas para o bem do desenvolvimento geral, dividir o estudo das mãos é muito mais eficiente.
Isso pode ser aplicado tanto no estudo técnico puro, como em músicas.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
De volta à vida…
Como disse antes, esta semana foi atribulada devido a uma viagem relâmpago.
Neste momento já respondi a maioria das mensagens que estavam atrasadas.
E tudo estará plenamente normalizado até segunda-feira.
Mas não apenas minha atividade por e-mail que volta à vida.
Publiquei um novo vídeo no Youtube.
É um vídeo especial pra quem quer resolver o problema de se embaralhar ao tocar na frente de outras pessoas. No vídeo dou duas dicas que considero as mais importantes e indispensáveis. Basta que você coloque essas dicas na sua rotina de estudo.
Aqui está o vídeo:
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
A velha mania do mundo ao redor do umbigo
Recentemente uma moça entrou pra minha lista de e-mails, permaneceu alguns dias e logo depois se descadastrou. Ok, sem problemas. Acho bom quando isso acontece. Sinal de que a pessoa está lendo o que envio.
Por mim tudo bem se no final ela conclui que não está interessada.
Só posso ser professor de quem quer ser meu aluno.
Mas esse não é o fim da história.
Depois de se descadastrar ela me enviou uma mensagem.
Cheia de elogios.
E, no final, dizia que eu não deveria enviar mensagens diárias.
Por que ela era muita ocupada…
E a vida dela não era o piano…
E todo esse blá-blá-blá.
Veja bem:
Minhas mensagens podem ser lidas em menos de 2 minutos.
Se a pessoa não pode dedicar DOIS MINUTOS no dia, a causa é simples:
Ela quer que o mundo funcione do jeito que ela pensa que ele funciona.
A verdade é bem outra.
Existe a realidade e você deve aprender a lidar com ela pra obter os resultados que planeja obter.
No caso do piano ou teclado, sempre digo pra começar com 20 minutos por dia.
Isso é bom pra manter o aluno ligado por um fio muito estreito com o aprendizado.
É um fio frágil.
Mas já é alguma coisa.
Agora, se tem alguém aqui que recebe minhas mensagens, e pensa que existe alguma espécie de super mega power técnica que é capaz de transformar alguém mesmo que seja em um músico muito ruim, em menos de DOIS MINUTOS…. por favor, tome o mesmo rumo da moça citada:
Descadastre-se.
Sem nenhum ressentimento.
Mas faça isso por um motivo real, e não porque você quer obrigar o planeta a girar ao redor do seu umbigo.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Minhas sinceras desculpas
Hoje não venho dar patadas em ninguém.
Este e-mail é um sincero pedido de desculpas.
Tive de fazer uma viagem relâmpago para o Brasil e minha caixa de e-mails está simplesmente abarrotada. Os problemas de acesso aos treinamentos estão sendo resolvidos o mais rápido possível, mas não estou conseguindo dar atenção devida às mensagens com dúvidas.
Tudo está em ritmo mais lento.
Por isso peço desculpas.
Principalmente pra quem é aluno dos treinamentos pagos.
Mas não se preocupe que logo logo tudo volta ao normal.
Ok!
Desculpas pedidas, vamos ao que interessa:
No vídeo que publiquei no último sábado, ensinei a estrutura de estudo mais simples que existe…
Exercício + melodia.
Não é a única que existe, mas é a mais eficiente para os iniciantes e intermediários.
Se tiver pouco tempo, decida no dia se vai se dedicar ao exercício ou a melodia.
E perceba uma coisa muito importante:
Quanto mais o exercício estiver relacionado com a melodia, mais eficiente.
Bons estudos!
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Teoria Musical (parte 5): O caráter musical
Quando estamos falando de “Escalas Musicais”, estamos falando da primeira expressão da cor musical.
As escalas, por suas características sonoras, definem um caráter musical.
“Caráter” no sentido de que cada escala se diferencia da outra.
Uma escala é mais alegrinha…
Outra mais confusinha…
Outra mais suavezinha…
Enfim, de primeira não percebemos essas diferenças.
É algo que exige tempo e ouvido.
O que interessa saber agora é que cada uma delas representa um ambiente musical no qual as músicas são compostas (escritas ou improvisadas).
Isso não significa que um compositor utilize somente uma escala em uma mesma música.
O ponto é que sempre é possível identificar a escala em que uma música foi composta.
Em cada uma das 12 notas do piano podemos aplicar a estrutura de uma escala.
Epa, epa, epa…
Estrutura?
Optando pela brevidade, falaremos sobre dois tipos de escalas:
* ESCALA MAIOR:
Resulta em um caráter mais brilhante e alegre.
* ESCALA MENOR MELÓDICA:
Resulta em um caráter mais intimista e reservado.
A estrutura das escalas segue um padrão de distâncias de TOM e SEMITOM.
(Só para relembrar, considerando as teclas brancas e pretas, a distância sonora entre as teclas do piano é sempre de um semitom. Então, entre DÓ e DÓ SUSTENIDO existe uma distância de um semitom. “Tom” equivale a distância de dois semitons, então, a distância entre o DÓ e o RÉ é de um tom)
Não importando qual nota que se inicia, a Escala Maior precisa sempre ter esta distância entre as notas:
TOM – TOM – SEMITOM – TOM – TOM – TOM – SEMITOM.
Cada nota de uma escala é chamada de GRAU.
A Escala Menor Melódica possui uma estrutura na subida da execução:
TOM – SEMITOM – TOM – TOM – TOM – TOM – SEMITOM.
E a distância é alterada entre o 5º e 6º graus e entre o 7º e 8º graus na descida:
TOM – SEMITOM – TOM – TOM – SEMITOM – TOM – TOM.
Pra quem não sabia na disso, talvez agora comece a ficar explícito o caráter matemático da música.
Afinal, estamos falando de “altura”, “distância”, “estrutura”…
E quem sabe mais do que o básico de matemática, percebe que ela possui algo de criativo por trás de todas as fórmulas e definições frias. Até agora nesta série de teoria, falamos apenas do que é mais rígido em música e acho que, pelo menos por enquanto, não vamos mais adiante. Mas o universo de relações matemáticas mais criativas em música está presente no estudo das relações harmônicas.
E entender as escalas é primordial pra isso.
Muito bem… este texto ficou bem pesado.
Falamos de “caráter” e de “estrutura”.
Sim, não é fácil absorver essas coisas.
Mas com tudo que vimos nesta pequena série, você já pode começar a encontrar alguns limites e explicações pra qualquer estudo prático que já esteja fazendo.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Teoria Musical (parte 4): Baixo como um sapo ou alto como uma seriema
Na parte 3 utilizamos a “altura” na definição de nota musical.
E “altura” é o que precisamos pra entender o teclado de um piano.
Aqui adotaremos mais algumas premissas:
1) ignorar conscientemente as explicações que dependam de contexto histórico e 2) focar exclusivamente na música ocidental.
Começamos soltando algumas informações:
* Cada tecla de um piano representa uma nota.
* Quanto mais pra esquerda do teclado, mais sapo, quanto mais pra direita, mais seriema.
(Não sei se todos os sapos têm coaxar grave e se a seriema tem realmente canto agudo, enfim, são coisas que estão na minha imaginação. Para pleno entendimento, substitua mentalmente a palavra “sapo” por “grave” e a palavra “seriema” por “agudo” na sentença acima. Obrigado.)
* Pra medir a distância entre duas paredes utilizamos centímetros e metros, em música a distância entre duas notas é medida em semitom (st) e tom (t).
* Um tom é o mesmo que dois semitons (pode-se chamar o “semitom” de “meio-tom”).
Agora vamos tirar algumas consequências de acordo com essas 4 informações…
Existem tecladinhos de criança com 24 teclas.
Assim como existem pianões com 88.
Isso quer dizer que as mesmas 12 notas estão sendo repetidas.
Elas estão apenas em ALTURAS diferentes.
Em um teclado podem existir duas teclas Dó (ou 4 ou 5…)
A diferença é que um Dó será mais GRAVE e outro mais AGUDO.
E considerando notas pretas e brancas, cada vez que você avança ou recua uma tecla, está avançando ou recuando 1 semitom.
De Dó para Dó Sustenido (Dó#), a distância de altura é de 1 semitom.
De Dó Sustenido (Dó#) para Ré, também.
A distância de Dó para Ré é de 1 TOM (ou seja, 2 semitons).
Você pode perguntar:
Por que o Dó Sustenido (Dó#) é uma tecla preta e não branca?
O principal motivo é que foi dada preferência à escala de “Dó Maior” no teclado.
Assim se começarmos por um Dó e percorrermos até o Si apenas em teclas brancas, temos uma perfeita “Escala de Dó Maior”.
Por isso as teclas pretas foram jogadas pra escanteio.
Pois não fazem parte da principal escala.
Claro que temos um motivo secundário:
O agrupamento entre teclas pretas ajuda muito a localizar as demais notas.
Bom, hoje falamos um pouquinho mais sobre altura e entendemos o tom e semitom.
Amanhã é a hora de entender o que é esse negócio de “Escala”.
Se você já sabe algo sobre Teoria Musical essa série de textos pode parecer um chover no molhado.
Mas acho que pode ajudar a entender a visão musical do professor.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Teoria Musical (parte 3): O que é nota musical?
Na parte 2 de Teoria Musical, listei quatro ferramentas da composição.
Por que não inclui as “notas musicais” nessa lista?
Simples:
As notas são a substância da música.
São elas que sofrem a interferência das ferramentas.
E quando se começa a falar de notas, aparece um engraçadinho se referindo ao aprisionamento que as notas e as escalas musicais tiveram no ocidente, querendo dizer que existem muito mais do que 12 notas musicais, e pensar de outro jeito, é ser retrógrado blá-blá-blá…
Bem, lembra-se quando eu disse que música é uma organização ARTÍSTICA?
Pois bem, qualquer arte é composta de decisões lógicas, ilógicas, aparentemente lógicas e aparentemente ilógicas.
Então no decorrer da história da música ocidental, foram dadas preferências pra algumas relações.
E as nossas 12 notas musicais (DO-RÉ-MI-FÁ-SOL-LÁ-SI + sustenidos/bemóis) foram estabelecidas a partir de um arredondamento de intervalos que existem DE FATO, e não por invenção, em algo chamado de “série harmônica”.
Uow!
Citei 3 coisas novas aqui nessa série de teoria:
“Sustenidos ou bemóis”, “intervalos” e “série harmônica”.
Sem pânico.
O que precisamos entender agora é que “nota musical” é a altura de um som que é reconhecível por nós e, em uma medida relativa, REPRODUZÍVEL com nossa voz.
Um ruído qualquer não tem necessariamente uma nota porque não é reproduzível.
Isso não quer dizer que um instrumento musical não possa artificialmente reproduzir uma altura tão alta ou tão baixa que a voz humana não consiga reproduzir. Esse instrumento pode fazer isso, mas a voz humana consegue reproduzir aquela mesma nota em uma altura mais alta (aguda) ou mais baixa (grave). Foi isso que eu quis dizer com “uma medida relativa”.
Então temos uma boa definição provisória de nota:
“É um som em uma altura reproduzível pela voz humana”
Para existir no mundo real, uma nota ainda precisa de uma duração, uma intensidade e um timbre.
Aqui vemos as 4 ferramentas aplicadas em um som isolado.
Acho essa definição perfeitamente aceitável pra uma pessoa normal.
Sem a necessidade de recorrer a matematismos ou obscuridades.
Então dou-me por satisfeito por hoje.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Teoria Musical (Parte 2): O que é música?
Quando coloca o chapéu de “professor de teoria musical”, quase todo mundo vira idiota.
Automaticamente a pessoa fica cheia de dedos.
Começa a agir como se não soubesse o que sabe perfeitamente bem.
Porque a esmagadora maioria das pessoas reconheceria um som musical de um som não-musical.
Por exemplo:
Diferenciar uma canção de um despertador.
Os dois são sons organizados.
Apenas um é música.
Mas hoje em dia os professores tem medo de ser chamados de fascistas, então não querem dizer com todas as letras que música é “a organização artística do som”. Evitam dizer isso porque essa definição excluiria um monte de amiguinhos deles do universo da música. Entendo perfeitamente isso. Se você define a música assim, é obrigado a dizer que existe diferença de qualidade entre músicas.
Pois é, existe mesmo.
Eu teria que dizer o que é “arte”, pra que a explicação fique completa.
Mas isso extrapola o escopo desta série.
Só digo que “arte” não é feita pra “chocar”, nem “provocar”, nem “inovar”…
E nenhuma dessas baboseiras.
Muito bem.
Então vamos nos apegar na palavra “organização”.
(Senão fica tudo muito filosófico e perdemos a relação prática)
“Organizar” quer dizer pôr em ordem.
É o mesmo sentido que minha mãe usava para o “– Felipe, vai organizar seu quarto!”
Então eu utiliza o aspirador, um pano úmido, as minhas próprias mãos etc, e organizava o quarto.
Essas coisas são as “ferramentas” da organização.
A música é organizada por 4 ferramentas:
1) Duração
2) Intensidade
3) Altura
4) Timbre
Talvez não seja exato dizer que essas ferramentas “organizam” a música…
Talvez fosse melhor dizer que essas são as “propriedades do som”, como bem dizia Osvaldo Lacerda.
Mas acho que um compositor utiliza essas “propriedades” como ferramentas mesmo.
Somente um cientista pensaria em uma “propriedade isolada do som”.
Então, quando um artista utiliza essas ferramentas e compõe uma música, vemos o resultado prático da aplicação dessas ferramentas. Assim como um pintor utiliza tintas, telas, pincéis, misturas, etc, e vemos o resultado com nossos olhos, o músico demonstra pra nossos ouvidos o resultado do seu trabalho.
Vamos definir o óbvio:
“Duração” é o tempo de execução do som (ou do silêncio).
“Intensidade” é a força ou leveza da execução (é o “volume” do seu rádio).
“Altura” é a altitude: baixo (grave) ou alto (agudo).
(A “pauta musical” com suas linhas e espaços representa diretamente essa altura)
“Timbre” é a qualidade da voz.
(Quando você reconhece a voz do seu vizinho ou do seu patrão, você está reconhecendo o “timbre” da voz deles)
Alguém poderia argumentar que o timbre não é uma ferramenta utilizada sempre por um compositor, já que uma mesma música pode ser executada por vários tipos de instrumentos diferentes, como um violão ou um piano, ou seja, instrumentos com timbres diferentes.
Mas, acredite, nenhum compositor compõe pra um timbre genérico.
Já sei que muitos apressadinhos estão pensando em “ritmo”, “melodia” e “harmonia”, mas ainda não estou falando diretamente dessas coisas.
O que conversamos aqui é que existe um conceito pra música.
E que existem algumas ferramentas para dar vida a esse conceito.
Na parte 3 daremos prosseguimento ao assunto.
Não aqui.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)







