Não é possível aprender a tocar apenas com música?

No Youtube publiquei um vídeo com minha última palavra sobre exercícios repetitivos.

Este texto é pra responder uma parte da dúvida:

“Não seria possível aprender a tocar apenas com música?”

Sim, seria.

Mas também seria bem mais demorado.

Veja bem, já estou acostumado com a dinâmica da internet.

A maioria acha que ter alguma opinião é um valor em si, não importa o quanto você se dedicou e estudou pra formar uma opinião, ela não tem mais valor do que alguém que não parou pra pensar nem por dois minutos. Por que estou comentando isso? Porque sei que alguns vão responder este e-mail como se tivessem uma informação privilegiada de que não é necessário exercícios específicos, que tudo deve ser aprendido nas músicas.

Utilizam até o meu próprio argumento de que é possível criar exercícios a partir de músicas.

(Isso só demonstra que sequer sabem de quem estão discordando)

Sem problemas, esse comportamento já era esperado.

Agora vem o ponto importante:

Eu nunca disse que não é possível aprender sem exercícios.

Só digo que é perda de tempo.

Alguém discorda que o treino das escalas trata-se de exercícios repetitivos?

Veja o que o maestro Carl Czerny tem a dizer sobre esse treino:

“Existem várias habilidades mecânicas que são desenvolvidas com o treino de escalas, e essas habilidades não podem ser adquiridas tão rapidamente quanto nesse treino. Se tentássemos adquirir essas habilidades pelo mero estudo de diferentes composições, gastaríamos muitos anos até conquistá-las. Muitas músicas exigem certas habilidades que já foram desenvolvidas por quem se capacitou em executar as escalas da maneira correta”

Nenhum dos meus argumentos são do tipo abstrato lógico.

Não estou tentando debater com ninguém.

Prefiro sempre o “venha e veja”.

Colocar esses exercícios na rotina e executá-los corretamente é a melhor vacina contra o argumento de que “a técnica moderna dispensa exercícios”.

E que assim seja.

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O dia que o Marechal tomou seu próprio veneno

Peguei uma carona pra visitar um professor que mora a 1.600 km de onde moro.

Claro que a viagem não foi feita toda de uma vez, então paramos pra descansar em uma cidadezinha do interior e lá conheci um senhor de 83 anos que era mais forte do que um touro. Ele não estava sentado contando os carros que passavam na rua, mas de sol a sol cuidava da plantação que era a fonte de alimentação da família.

Como se fosse um repórter da Ana Maria Braga, perguntei pra esse senhor:

“– Qual o segredo de se manter forte e com saúde?”

Agora, neste momento, me passa na cabeça as centenas de vezes que já me perguntaram:

“– Qual o segredo do piano?”

Sei que as pessoas esperam uma resposta do tipo:

“– É tocar com emoção!”

Ou:

“– É aprender os acordes!”

Ou:

“– É ler partituras!”

Ou:

“– É relaxar os ombros!”

Ou os mais deslumbrados esperam algo do tipo:

“– É tocar de meias em noite de lua cheia! É mágico!”

Mas, bem, minha resposta padrão é aquela que demarca minha patente ditatorial:

“– Estudar!”

Isso tudo me vem na cabeça agora, mas na hora em que eu estava conversando com aquele senhor, eu só queria ser simpático e me pareceu simpático perguntar qual era o segredo de chegar aos 83 com tanta saúde e disposição.

Tomei do meu próprio veneno quando com expressão de indiferença ele respondeu:

“– Trabalhar no campo!”

Mas é claro!

Que tipo de resposta eu esperava?

Ele tem toda razão!

Mãos à obra!

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Como começar a adestrar a brutalidade dos dedos

Algumas pessoas tem dificuldade em evitar que os dedos desçam como uma paulada nas teclas.

Isso é normal porque nosso corpo não está acostumado a esse controle.

E, como ninguém nasce sabendo, é preciso fazer algo quanto a isso.

Por isso publiquei Youtube um exercício para os iniciantes.

(Vá até o meu canal e procure o vídeo “Exercício de intensidade / dinâmica para iniciantes ao piano”)

Outro dia comentei algo sobre a “bola de neve do aprendizado” e esse exercício é perfeito pra isso, porque embora seja um exercício difícil para a maioria dos iniciantes, colocá-lo em uma rotina e praticá-lo com alguma regularidade, fará com que seus dedos melhorem como um todo.

No começo você não percebe que está conseguindo controlar a intensidade…

Mas acaba notando que a precisão está bem melhor.

E já não dá aquela queimação nos punhos ao tentar tocar devagar.

Controlar a intensidade evitando a brutalidade dos dedos desenvolve algumas partes mecânicas que estavam “atrofiadas”.

Mas não é apenas a parte mecânica que se desenvolve.

Pense bem:

O que vai decidir se a intensidade está correta?

Seu ouvido.

E quanto tempo demora pra que seu ouvido e seu corpo trabalhem juntos chegando na intensidade certa?

Não vou mentir.

Demora bastante tempo.

Por isso não é normal propor esse exercício para os iniciantes.

Sabe como é, todo mundo tem medo de perder alunos.

Mas o objetivo aqui é que façamos um estudo sério, então, se por acaso você sente que seu controle digital de intensidade não está muito bom, comece pelo vídeo que publiquei lá no Youtube, colocando ele na sua rotina de estudos.

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Algumas boas questões sobre partituras e rotina no piano

Hoje temos uma pequena seleção de dúvidas.

Quase todas tem relação com partitura e organização da rotina de estudos no piano.

Vamos a elas sem delongas:

1) “Repetir as notas em um caderno pautado ajuda a lidar com as partituras?”

Isso é bom em muitos níveis.

Muitas pessoas não conseguem utilizar a força bruta pra decorar.

Então fazer ditados é uma excelente tática pra captar as alturas de nota.

Além disso, dependendo do quanto de teoria musical o aluno já domina, é possível entender relações mais escondidas se resolvemos passar a limpo uma música em um caderno pautado. É a velha questão de manter a atenção bem direcionada quando estamos fazendo isso.

2) “Ajuda ler a nota da partitura em voz alta?”

Essa é uma tática essencial para os iniciantes em partitura.

Não apenas decorar os espaços e linhas mas dizer em voz alta as notas tocadas.

Isso sincroniza o corpo e o pensamento por meio da voz.

3) “Descobri que toco sem sincronização, gostaria de saber se tem conserto, pois toco já a 37 anos?”

Sim, tem conserto.

Mas qualquer pessoa que já toque precisa de uma dose de paciência muito maior pra arrumar vícios.

Procure meu vídeo sobre falta de sincronia.

É a mesma tática de utilizar a voz pra ajeitar as coisas.

4) “Não posso estudar de manhã, qual sua dica?”

“O que não tem remédio, remediado está”, conhece essa sabedoria milenar?

Estudar pela manhã é geralmente muito mais proveitoso.

Mas o importante mesmo é estudar em algum horário e não APENAS se for pela manhã.

Dê preferência para os momentos em que a mente está mais leve. Caso esteja passando por uma época turbulenta, em que a concentração está um caco, procure exercitar escalas e outros exercícios que tocam em aspectos mecânicos que você sabe que tem dificuldade.

5) “Você acha melhor não mais usar a partitura depois que a pessoa consegue tocar a peça sem olhar para ela, ou se deve sempre te-la à frente para tocar?”

Essa é mais uma daquelas em que a ONU dos pianistas não pode dar uma opinião.

Por que?

Porque depende.

Não depende apenas do seu objetivo.

Depende também do seu nível de segurança pessoal.

Existem professores que exigem que se chegue ao ponto de tocar sem partitura (o que acho bom), enquanto outros exigem que nunca se toque sem a partitura (que também acho bom). Mas é uma questão de visão geral musical. Eu, por exemplo, faço as duas coisas. Isso evita adquirir o vício de sempre precisar de uma coisa ou de outra.

6) “Posso estudar em dois períodos? 1 hora de manhã e mais uma hora em outro horário do dia?”

Com certeza!

Como citei nos últimos vídeos de organização, é bom fazer uma pausa de estudo.

Faça o teste com essa rotina entre períodos e verá que é muito proveitoso.

7) “Como posso continuar desenvolvendo minhas habilidades no piano?”

Essa é a resposta mais simples!

Inscreva-se no treinamento “O Pianista Aprendiz” aqui:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/


Você será menos cabeça-de-pudim se entender isto

Três operários estavam preparando madeira pra construção de uma casa.

Um visitante aproximou-se do primeiro e perguntou:

“– Amigo, o que você está fazendo?”

“– Preparando madeira!”, ele respondeu.

O visitante fez a mesma pergunta para o segundo, que respondeu:

“– Estou trabalhando pra ganhar meu salário!”

Indo até o terceiro e último, o visitante também faz a pergunta.

A resposta foi:

“– Não está vendo? Estou construindo uma casa!”

Moral da história?

A primeira é:

Se não tivermos objetivos, ideais ou metas, seremos como que escravos, somente preparando a madeira sem saber o motivo, ou seremos ambiciosos ocos, buscando apenas lucros imediatos. Mas, ao contrário de construir uma casa, em que é necessário ter a visão clara e inalterada do objetivo antes de construí-lo, você com certeza pode alterar seu objetivo musical com o passar do tempo.

Por isso recomendo que comece com pequenas metas.

Você pode não saber onde quer chegar direito, mas com certeza pode se concentrar em um pequeno compasso.

Já é melhor do que nada.

A segunda moral da história é:

Mesmo que você saiba qual é seu ponto de chegada, mesmo que saiba qual é o seu grande objetivo, ainda assim vai precisar preparar a madeira.

Pra preparar madeira você precisa repetir algumas vezes o procedimento correto.

É a mesma coisa no piano.

Nem apenas repetição, nem apenas conhecimento dos princípios.

Mas uma harmoniosa convivência dos dois.

Entender isso é tornar-se um pouco menos cabeça-de-pudim.

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Como o Homem-Aranha mudou de vida em 30 segundos

Não sou familiarizado com histórias em quadrinhos de super-heróis, mas tenho assistido alguns filmes.

E, se você ainda não assistiu, o filme do Homem-Aranha conta que após ser picado por uma aranha esquisita, o garoto Peter Parker considerava o que faria da sua vida agora que tinha alguns super-poderes. Ele não começou muito bem, já que teve a oportunidade de pegar um bandido, mas, por escolha própria, resolveu deixá-lo.

Trinta segundos depois desse episódio, seu tio Ben é morto pelo mesmo bandido.

Seu tio foi quem o criou e tinha uma ligação familiar fortíssima com ele.

É saudável imaginar o que faríamos no lugar dele.

Mas é mais saudável ainda saber que isso realmente acontece.

Claro que não desse jeito hollywoodiano óbvio e caricato.

Pense bem:

Quantas vezes você não pensou “hoje estou muito cansado pra estudar”…

Ou “mês que vem começo meus estudos”…

Ou “só vou resolver algumas coisas na minha vida, depois parto pra estudar música”

Quanto tempo foi necessário pra formar esse tipo de pensamento?

Na maioria das vezes bem menos do que 30 segundos.

E pela quantidade de histórias que recebo, não são poucos os casos em que esses 30 segundos de argumentação viram 30 ou 40 anos de adiamento. Percebeu como isso pode mudar uma vida?

Não interessa se você já começou ou não a estudar…

Existem vários desses pequenos momentos decisivos.

Agora, se você reparou que é uma argumentação tosca, que o “cansaço” ou que os “os problemas da vida” não são lá muito sérios, que trata-se mais de um exagero seu (não estou dizendo que eles não existem, só estou dizendo pra você não aceitar a primeira avaliação), então não há mais nada que eu possa fazer.

O que você precisa é decidir firmemente por se comprometer.

Faça pequenas metas de estudo e vá ajustando conforme você conhecer melhor o caminho…

Mas escolha percorrer o caminho!

O Homem-Aranha sofreu um baque dramático tremendo pra entender o que precisava fazer, mas a maioria de nós vive como que anestesiados. Não permita que isso aconteça.

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4 motivos pra estudar várias músicas

Vamos voltar ao tema dos “perfeccionistas”…

Um dos sinais de estar infectado da doença dos cabeças-de-manjar é a fixação em estudar apenas uma peça.

Sabe como é, “fico nessa música até sair perfeita” (sic)

Claro que não existe uma regra da Comissão Internacional de Professores de Piano da ONU que diz que é obrigatório estudar várias ou que é obrigatório estudar apenas uma. O que quero enumerar aqui são motivos pra alguém que esteja atormentado pela obsessão do “perfeccionismo”, saia desse buraco e estude de maneira saudável.

Aqui vão 4 motivos pra estudar várias peças.

(Recomendo que não passe de três)

1) O Piloto de Avião Experiente

Uma vez li que mais da metade dos acidentes aéreos são causados por erros humanos, e desses muito mais da metade são causados por pilotos experientes.

É o famoso excesso de confiança.

Alguns procedimentos são feitos sem muito cuidado…

Outros, quem sabe, nem são feitos.

“– Eu consigo pousar esse negócio numa boa, já tenho experiência”.

Bem é mais ou menos o que acontece com quem fica alguns dias ou semanas apenas estudando uma única peça.

O ouvido começa a ajustar a execução e você nem percebe mais que está errando…

Afinal, já sabe bem como a música acontece e não precisa mais dos detalhes.

Deu pra perceber o problema?

2) A Bola de Neve do Aprendizado

Se você é meu aluno então tem acesso a algum material definido e organizado.

Bem, eu não escolhi certas peças e exercícios “porque sim”, mas por uma lógica.

Uma peça exercita uma coisa e outra peça exercita outra coisa.

Capisci?

Se você tiver tempo suficiente pra variar entre 2 ou 3 lições, perceberá que se dedicar em resolver problemas diferentes, faz com que a solução estudada em uma lição ajuda a resolver o problema proposto em outra. É uma verdadeira bola de neve de aprendizado.

3) O Cansaço Invisível

Pra variar, conheço essa mania de perfeccionismo porque eu mesmo já a tive.

Só comecei a reparar que era um problema quando me vi evitando de ir até o piano estudar.

Ou diminuindo o tempo de estudo por nenhum motivo consciente.

Qual era o motivo?

Eu estava cansado de estudar aquela peça e não percebia.

Bastou adicionar outra no estudos e o ânimo foi renovado.

4) Contrarie-se

Sabe um grande segredo pra dar saltos no aprendizado?

Utilize o bom senso e tente contrariar alguma opinião muito teimosa que você tenha.

Se você pensa “Eu TENHO de estudar apenas uma música, assim fico bom”, então aproveite justamente pra estudar mais de uma e assim se contrariar. Não digo isso apenas porque contrariar-se é legal, mas porque pode ser uma chance de descobrir que tinha uma opinião estúpida ou, não, na verdade você tentou e percebeu que realmente só funciona direito estudando uma música…

Mas pelo menos você perdeu um pouco da teimosia.

(Imploro que utilize bom senso pra isso, não quero ninguém tentando tocar com os pés porque quer “contrariar-se”)

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Não encha o saco!

Acho que nunca tive tantas respostas quanto ao texto sobre encontrar pessoas que conversem sobre música.

Foram mais respostas do que quando fiz uma analogia com o Lula e os ofendidos acharam que eu estava falando de política, ou que estava defendendo, pasmem!, o neoliberalismo. Talvez eles pensem que eu esteja falando de cinema quando falo sobre Van Damme ou Senhor dos Anéis, ou que eu esteja falando sobre auto-ajuda quando falo pra não ficar de chororô…

Enfim, voltando ao assunto…

Algumas respostas continham uma reclamação específica:

Parece que o maior problema com familiares é que eles não aguentam o som do instrumento.

Maridos, esposas, filhos, netos… estão sem paciência de escutar alguém estudando.

D. Lourdes, por exemplo, relatou que seu neto diz:

“– Vó, não enche o saco com esse piano!”

(sério, se eu fizesse isso com minha vó, não teria dentes hoje em dia)

Bem, nunca tive problema com as pessoas que moravam comigo, mas já tive com vizinhos.

Claro que quem tem instrumento eletrônico pode se livrar facilmente desse problema, simplesmente utilizando fones de ouvido (um salve especial para os instrumentos eletrônicos! Hip-Hip! Hurra!). Mas alguns alunos estão nessa vida de estudos pra dominar o instrumento acústico.

Passei anos em guerra com um vizinho.

Até que finalmente chegamos em um acordo com os horários.

Não é apenas com teoria e prática que o estudante tem de lidar.

Ainda existem esses problemas de convivência.

Isso me faz lembrar de um vídeo que vi algumas semanas atrás, compartilhado no Facebook:

Alguém dizia que teve enormes dificuldades na infância pra aprender teclado, que não tinha dinheiro, que não tinha tempo, que ninguém ajudava a realizar o sonho, e todo esse blá-blá-blá sentimentalista pra deixar com peninha, até que finalmente ele descobriu (ou inventou) uma maneira de aprender, e agora vende essa fórmula pra quem quiser.

Mas o que aconteceu com a falta de dinheiro?

Com a falta de tempo?

Com a falta de pessoas compreensivas?

É claro que essa fórmula não pode solucionar esses tipos de problema pra você.

Nem eu, pois também passo por eles.

Também tenho de lidar com pessoas que acham que estou enchendo o saco.

Também não tenho o instrumento que eu gostaria de ter.

Também gostaria que a vida fosse mais leve e que me sobrasse mais tempo.

Só gostaria de frisar que nada disso deveria abalar definitivamente o ânimo do estudante. A verdade é que sempre desejaremos que a vida seja mais fácil, mas não devemos fazer ouvidos moucos ao chamamento musical, porque é certo que, se o fizermos, nos arrependeremos no final.

Se você der um jeito de responder a esse chamado, eu garanto:

Será como muitos que já nem lembram mais das dificuldades, porque estão aproveitando os frutos.

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Encontrando pessoas que te entendem

Dilema que algumas pessoas enfrentam:

Assim que entram em contato com o universo musical e percebem o quanto é vasto e intrincado, sentem a necessidade de conversar sobre o assunto com alguém, afinal, nada melhor do que tentar enxergar o assunto por outra perspectiva, na esperança de vê-lo mais claramente.

Mas muitos não encontram esse alguém.

Também enfrento uma situação parecida com meu trabalho pela internet.

A maioria dos interessados já chega com uma visão pré-concebida de como aprender, e estão apenas dispostos a fazer exigências e não de parar, prestar atenção e entender o que estou explicando.

Nos dois casos é preciso encontrar quem está disposto a “entender”.

Vejamos se consigo explicar melhor:

Como professor meu objetivo é, obviamente, ensinar a tocar piano.

Rapidinho percebi que não posso ensinar a todos.

Como disse acima, existem pessoas que não estão totalmente abertas a entender.

Aprendi que não devo dar atenção a essas.

Em um primeiro momento pode parecer algo contra-intuitivo e cruel.

Já gastei uma enorme quantidade de tempo e palavras tentando convencer por vários ângulos imagináveis qual seria a melhor abordagem possível pra determinados problemas pra algumas pessoas. Mas elas simplesmente não entenderam. A estratégia que adotei é de explicar meu ponto de vista aos poucos e me dedicar aos que conseguiram captar algo…

Aqueles que mais sentiram que o assunto foi iluminado em algum ponto.

O efeito colateral foi:

Os que não entenderam têm a chance de manter algum contato com o material que publico e, quem sabe, alguma fichar cair e, portanto, conseguir tirar algum proveito.

É um resultado fantástico!

Percebo que as pessoas que em um primeiro momento não captaram o objetivo, têm a liberdade de tentar digerir o assunto ou mesmo de procurar seu caminho em outro lugar.

Enquanto outras logo captam as pérolas e se mantêm avançando.

Qual o ponto dessa história?

Dependendo do temperamento do estudante, ele não consegue sozinho se envolver com o mundo da música.

(Aliás, é um universo e não apenas um mundo)

Isso faz com que necessite de amizades que entendam desse universo.

É uma necessidade de conversar, de trocar experiências sobre o assunto.

A primeira tentativa quase sempre é de envolver familiares.

Quase sempre essa é uma tentativa frustrada.

A intimidade familiar pode fazer com que não nos levem a sério.

Aí é preciso da estratégia de encontrar pessoas que te entendam.

Tente envolver os amigos.

Se não deu certo, provavelmente é necessário buscar novas amizades.

Não é um negócio trivial de se fazer, mas comece pelos lugares que você frequenta.

(O que exige o abandono do comportamento de eremita musical 😛 )

O fato é que algumas pessoas precisam disso, principalmente pra reforçar seu ânimo e seu entendimento da “mentalidade” musical, e não porque são “carentes”. O importante é nunca forçar a outra pessoa, pois como mostra meu exemplo particular, forçar não apenas é inútil, como aborta qualquer chance da outra pessoa entender. Nada me deixa mais com a sensação de dever cumprido do que ver alguém que pegou minhas explicações.

Aqui está um exemplo de uma aluna que juntou algumas partes:

====

Vou ter prova bimestral com banca e no auditório novamente; já estou relembrando do dane-se, tanto faz.

Mas, como bem você falou, no Brasil o processo de alfabetização no piano é precário. Estou tendo que me virar para preencher as lacunas: a soltura e independência dos 3º e 4º dedos, a independência das mãos, a busca pela sonoridade, o desenvolvimento do ouvido, da atenção… Em fim, são muitos desafios!

O mais interessante, é que tenho você na minha mente também, junto da minha professora daqui! Seus ensinamentos tem me acrescentado muita qualidade, trabalhado a questão da resolução de problema, de estudar com a razão e sem “chororô”, as questões técnicas, as questões da ansiedade (descobri que vou deixar de ser cabeça-de-manjar!!! KKK)…

Sobre os acréscimos dos estudos de piano, você está coberto de razão, como tem me feito melhorar. Sou acelerada demais, mente agitada, sempre fui. Agora, estou num processo de autoconhecimento; trabalhando e buscando a calma, paciência e tranquilidade; além da segurança. Tenho melhorado como pessoa, comigo mesma. Isso está me fazendo muito bem; ainda que o aprendizado do instrumento não seja fácil. Mas, todo o processo tem me trazido a perseverança e a insistência também!!! rsrsrs

Me dá vontade de sempre responder a todos os emails, mas sei que não é viável.

Contudo, te escrevi esse monte porque você também dá essa abertura e já sinalizou que lê.

Obrigada por tudo!

Abraços,

Michela Marques

====

Pode até ser que se o estudante parar com aquele chororô do “ahh, ninguém me entende”, ele acabe conseguindo convencer algumas pessoas próximas que a música é algo mais maravilhoso do que parece.

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Não esqueça de lembrar

Qualquer um que fale sobre os benefícios de estudar música, vai comentar sobre a capacidade de ativar a memória…

Sobre como a música exige que nossa memória trabalhe…

E, portanto, acabe ficando mais poderosa.

Mas é difícil encontrar alguém que explique como fazer isso direito.

“– Ah, basta decorar, isso já ativa seu célebro” (sic)

Bem, é mais uma maneira cabeça-de-pudim de se envolver com música. É mais um motivo de pensar que basta “força de vontade” e tudo pode acontecer, então é só fazer uma força danada pra decorar as músicas, lições, relações, sons, intervalos, fórmulas e BUM, tudo se resolve. É mais um motivo pra sentir que está fazendo um esforço monstro, que não está saindo do lugar e que, portanto, não tem jeito pra música ou piano.

Não tenho nada contra fazer força…

Desde que seja com os dedos, pra ativá-los e ganhar liberdade técnica.

Agora, pra memória é preciso outra coisa.

Não basta repetir “– Tenho de lembrar! Tenho de lembrar! Tenho de lembrar!”

Que é o mesmo que dizer “Por favor, memória, não esqueça de lembrar das coisas!”

Dá pra perceber o quanto isso é ridículo?

Bem, das tantas coisas que já falei sobre mentalidade e como encarar e organizar uma rotina, enfim, como preparar o time pra entrar em campo e jogar com objetividade, sem depender exageradamente da sorte, acho que muitos estudantes, principalmente aqueles que já tem material de estudo na mão, podem se beneficiar de mais esta:

Assista aos dois vídeos abaixo.

Um é continuação do outro.

São dicas voltadas pra melhorar a capacidade de memorização.

Assim você tem algumas idéias alternativas à dar marretadas no célebro (sic).

Parte 1:

Parte 2:

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