Não leia isto (a não ser que queira aprender piano…)

O que uma arara disse depois de sobrevoar a internet?

— CAOS!

— CAOS!

— CAOS!

😀

Eu sei, foi uma piada ruim…

Ainda assim ela é verdadeira.

Mesmo existindo muita coisa boa sendo distribuída abertamente na internet, em alguns casos precisamos de um conteúdo organizado e confiável.

Por isso utilizo a internet como ferramenta para publicação de materiais sobre piano.

É fácil e acessível, e posso encontrar interessados em aprender, já que todos recorrem à internet para procurar soluções.

Por isso faço meu material focado em resolver dificuldades e dúvidas.

As pessoas estão atrás de soluções…

Então é solução o que ofereço.

Mas o formato da internet praticamente conduz ao caos.

Não somente pela quantidade de coisas publicadas, mas a própria facilidade em que o usuário pula de uma coisa pra outra…

Responda-me se não é verdade:

Você tira um tempinho pra assistir algum vídeo e vai pulando de vídeo em vídeo, totalmente fora de controle…

Quando viu, lá se foram horas desperdiçadas.

Bom, quanto ao conteúdo sobre o piano, me disponho a lhe fornecer algo mais organizado e sem me esconder.

Sempre respondo as mensagens mais sensatas.

Um forma de resposta é o treinamento “O Pianista Aprendiz”.

Se você percebeu que meu estilo de ensinar pode conduzir até o aprendizado de piano, deixo aqui disponível um treinamento que visa resolver de vez os problemas práticos que você vai enfrentar no piano. Qualquer dúvida teórica sobre música pode ser sanada com uma simples consulta ao Google, mas ter um caminho claro para a conquista prática do piano, já não é tão fácil.

E que termine o reino do caos!

Seja feita a luz!

E não importa se você é um total iniciante ou intermediário no piano…

Aqui está uma possível solução:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/


3 maneiras erradas de estudar piano

Não é sempre que temos energia pra estudar da maneira correta.

Aquela maneira que nos faz colher mais frutos.

Tenho plena consciência disso.

Também tenho de lidar com essa falta de concentração.

E para esses momentos, faça aquilo que você achar conveniente:

* Estude uma nova música que você achou bonita;

* Explore alguma coisa de teorial musical;

* Tente criar algum exercício maluco, etc.

São momentos que devemos conduzir com leveza.

Agora, se estamos falando do pão mesmo, daquilo que vai encher nossas barrigas (e não simplesmente do Chocolate Surpresa com figurinhas de animais que nos deixa contentinhos)…

Então os seguintes erros são comuns:

1) Tentar tocar o trecho como se já fôssemos mestres faixa preta:

Por que não aproveitar o momento de concentração pra lidar pacientemente com as lições?

2) Não ter um objetivo:

Tudo bem, nos momentos de chocolatinho você faz a coisa sem atenção, mas no momento de estudar mesmo, você precisa ter certeza de que está tentando resolver algum problema, ou tentando completar um pequenho trecho, um pequeno compasso.

Qualquer coisa que se coloque como objetivo, já nos dá mais foco.

3) Criar uma rotina fácil demais:

Pra dar o petisco que nosso ego nos pede a todo momento, como um cachorrinho pidão, não nos propomos desafios.

É sempre o mesmo tipo de música.

O mesmo 4/4 apenas com semínimas.

É claro que você pode ser feliz lidando com o piano apenas dessas 3 maneiras.

Você só não pode avançar.

Existem mil maneiras de você se enganar que está aprendendo piano…

E tudo bem, explorar e fazer as coisas apenas com leveza é extremamente necessário.

Mas pra ter segurança você precisa de desafios e saber como resolvê-los.

(Nota: Quer aprender piano e entender quais são os desafios iniciais? É iniciante? Então conheça os princípios do instrumento no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Você não precisa tocar piano bem

Quando perguntei se já havia tocado algo do Minicurso, a Rosely Atanes respondeu ao e-mail assim:

“Estou me aperfeiçoando…
tocando ‘Primavera’…
Sou exigente comigo.
E ainda não passei para a próxima.”

Esse negócio de “sou exigente” e “ainda não passei pra próxima” me lembrou o seguinte:

O estudante deve buscar fluência, mas, não adianta, ele não vai tocar bem.

Perseguimos um ideal do tipo: cada lição precisa ser um diamante polido.

Mas não é assim que as coisas funcionam.

A verdade é que você não precisa tocar bem, mas precisa PERSEGUIR o tocar bem.

Por isso sempre falo em imitar o resultado musical que o professor está fazendo.

Isso vai ensinar aos poucos, deixando o iniciante consciente do que precisa fazer até chegar ao ponto que não precisa mais pensar nisso pra tocar bem.

Lembra-se de quando você começou a escrever?

Letra tremida, incompreensível, fora da margem, às vezes até do avesso…

Mas você não precisou deixar o “A” perfeito pra ir até o “B”.

Assim é na música, você vai perseguindo o resultado, sem esquecê-lo, tentando alcançá-lo com vontade, mas não pode ficar paralisado por causa disso.

(Nota: Quer aprender piano? É iniciante? Então conheça os princípios do instrumento no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Aprender piano com um tecladinho de bichinhos da fazenda

Quando me perguntam sobre a qualidade de tal ou qual instrumento, minha resposta é:

“Qualquer instrumento é melhor do que instrumento nenhum.”

Mas, contando com o seu bom senso, isso não quer dizer que se possa usar um daqueles tecladinhos de criança que fazem sons dos animais da fazenda: tem a ovelha, a vaca, a galinha, o galo, o pato, o porco…

Realmente é bem completo, mas não serve para nosso propósito.

Sempre recomendo um piano acústico, mas como não existe uma recomendação genérica e são muito caros, você pode sim aprender com qualquer tipo de piano ou teclado que estiver a mão.

Nunca deixe de estudar por falta de um instrumento melhor.

Ainda lembro do tecladinho de 5 oitavas que usei por muitos meses.

Então, se é só um tecladinho de 4 ou 5 oitavas que você tem acesso, que seja com ele.

Só não com o tecladinho da fazenda.

Nem o da floresta.

Se você quer uma recomendação mais direta, pesquise a linha P da Yamaha ou linha Privia da Casio. Existem vários modelos e algum pode ser encaixar no seu bolso.

(Nota: Depois de conseguir um instrumento, não esqueça de buscar o material de estudo. Conheça os princípios do instrumento no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Como ofender uma pessoa elogiando-a

Publique constantemente algo na internet e é apenas questão de tempo pra começar a receber ofensas.

Ainda mais se você falar sobre música, que é algo tão querido para muitos.

Essas ofensas são comuns vindas de perfis falsos.

Covardia ou “macheza de internet” é algo muito deprimente, não é mesmo?

Mas, realmente, me chamar de babaca, de desgraçado, xingar minha mãe…

Nada disso me ofende.

Ainda mais se vier de um total desconhecido.

A coisa que mais me ofende é a seguinte:

Qualquer aluno, que goste muito de estudar piano e faz parte dos meus treinamentos, já tendo evoluído algo nos estudos, vira pra mim e fala: “Nossa, professor, eu nunca vou chegar a tocar como você, você tem um dom”.

Peraí, “dom”?

E todo o tempo que dediquei estudando esse instumento, não conta?

Foi só um raio mágico que Zeus jogou e pronto?

E o fato de eu criar um site chamado “Aprendendo”, indicando que o aprendizado é contínuo, isso não importa?

É claro que não fico ofendido de verdade.

Entendendo perfeitamente o que o aluno quer dizer.

O que me preocupa, e esse é o verdadeiro motivo desta mensagem, é que os interessados em aprender a tocar piano saibam que esse papo de “dom” ou “vocação”, do jeito que é normalmente entendido, é uma noção falsa. Sim, existem pessoas que nasceram excepcionalmente dotadas para a música…

Mas, mesmo essas, se não estudarem, estarão apenas desperdiçando talento.

Por isso acho mais eficiente mostrar como resolver os principais problemas.

Para que os alunos saibam que tudo é contornável.

Sem precisar de um “dom”.

(Nota: Se você é mesmo iniciante, então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Como escolher o melhor dedilhado para piano

Este assunto é muito útil para levar os iniciantes a visualizarem como o treinamento técnico é indispensável. A parte “dura” e “chata” do trabalho gera as CONDIÇÕES da boa execução — deixando de ser dura e chata quando realmente entendemos o motivo de sua existência.

No caso dos dedilhados, é no estudo das escalas e dos arpejos que encontramos as soluções necessárias para uma escolha sem prejuízo. As dificuldades naturais que os nossos dedos têm de alcançar uma CONTINUIDADE satisfatória nas melodias vai diminuir muito com o treino de escalas e arpejos.

Mas para entrar nesse assunto, vamos começar com uma opinião comum entre os iniciantes:

“COMO ESCOLHO OS DEDILHADOS?”

A idéia inicial que muitas pessoas têm em relação aos dedilhados se divide em dois extremos: ou há um padrão estabelecido, e os mesmos dedos são usados sempre nas mesmas teclas, ou não existe regra alguma, cabendo aos músicos uma escolha livre.

A verdade é que não acontece nem uma coisa nem outra.

As teclas NÃO são sempre atacadas com os mesmos dedos porque isso inviabilizaria a maioria das melodias. Só o desencontro entre os 5 dedos e as 7 notas já é suficiente para abandonarmos essa idéia.

Com relação à livre escolha, a explicação tem de ser mais detalhada, porque isso tem algum fundamento:

Sob certo aspecto, podemos dizer que a escolha é livre, já que o músico não está obrigado a usar um determinado dedilhado. Mas a escolha é feita dentro de um quadro de possibilidades amplamente conhecido.

É esse quadro de possibilidades que o treino das escalas dá. Afinal, é treinando as escalas que aprendemos a passar os dedos por baixo ou por cima um dos outros, a distribuir os ataques pelos dedos sem repetir o mesmo seguidamente, a iniciar uma frase com o dedo adequado, e por aí vai.

Já os arpejos nos ensinam a abrir as mãos e distribuir os dedos pelo teclado de uma maneira que inicialmente não é tão natural, para executarmos os saltos entre notas que algumas melodias exigem.

Se todos esses detalhes estiverem superados, podemos dizer que o músico vai “escolher” o dedilhado.

Essa escolha será feita em função do objetivo mais importante desse assunto: alcançar a CONTINUIDADE do gesto, que resulta na CONTINUIDADE INTERNA DA FRASE MUSICAL.

Cada frase musical exige uma continuidade que NÃO pode ser quebrada. Isso significa que o começo, o meio e o fim das frases têm de ser executados com clareza, sem quebras. Caso contrário, se houver uma quebra, o resultado será um novo início, e uma divisão da frase em partes desconexas.

A intenção principal que o músico tem ao escolher um dedilhado é que ele proporcione a fluidez necessária ao gesto, para que a frase saia com uma continuidade perfeita.

No início, você deve seguir as indicações do professor, imitando os dedilhados que ele usa. Depois, quando você já souber ler partituras, poderá seguir as sugestões que muitos editores dão nas suas publicações.

Com o passar do tempo, depois de ter assimilado muitos dedilhados, você também poderá escolher o mais adequado para a melodia que estiver tocando. Isso acontecerá naturalmente.

Para melhorar sua compreensão do assunto, indico o vídeo abaixo, onde falo dos dedilhados e ensino duas escalas.

(Nota: Gostaria de iniciar o estudo de piano? Então, aproveite o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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2 maneiras indispensáveis de estudar piano

Ainda vou escrever um artigo inteiro sobre a importância do treinamento técnico, subdividindo e esmiuçando esse assunto até deixá-lo explicado o suficiente.

Mas hoje quero falar de um treino específico, que desenvolve a percepção e a execução das articulações entre as notas.

Esse treino, na verdade, está dividido em duas etapas, porque deriva das duas formas básicas de se conectar, articular, uma nota à outra: LEGATTO e STACCATO (termos italianos – como toda a terminologia musical erudita – que significam ligado e destacado).

Tradicionalmente, as articulações são classificadas em 4 categorias: legatto, staccato, non legatto e portato; mas podemos dizer tranquilamente que o legatto e o staccato são as formas principais de conexão entre as notas, uma vez que os dois outros modos são uma espécie de variação dessas.

No processo de sucessão das notas, quando uma dá lugar à outra, podemos tanto conectá-las ligando-as (sem deixar um espaço de silêncio) quanto destacando-as (deixando acontecer um breve silêncio).

Então:

  • LEGATTO é a articulação que não deixa um espaço de silêncio entre as notas;
  • STACATTO é a articulação que deixa um espaço de silêncio entre elas.

Muito bem. Os treinamentos que descrevo a seguir se baseiam nessas duas articulações, o primeiro chama-se LEGATTO LENTO e o segundo STACCATO FORTE.

Antes de abordá-los, quero deixar claro que a ênfase que vou dar está em COMO ESTUDAR; isso significa que não vou falar da execução do legatto e do staccato nas músicas, mas de como exagerá-los, por assim dizer, para que você desenvolva o seu mecanismo e a sua sensibilidade às nuances. Você deve treinar as mesmas melodias ou escalas das duas maneiras.

LEGATTO LENTO

O principal objetivo de treinar o legatto lentamente é alcançar um melhor controle das intensidades e das dinâmicas, porque é muito comum e inapropriado que aconteçam acentos em trechos leves das peças.

Um acento errado desequilibra a harmonia da frase musical e muda completamente a “mensagem” que o compositor desejava transmitir. Se um acento não estiver escrito, ele não deve ser executado, a não ser que o músico esteja reinterpretando a peça e acrescentando mudanças conscientemente. Nesse caso, o interprete está num patamar muito alto.

O que você vai evitar ao praticar o legatto lento são erros mesmo. Com ele você alcançará a capacidade de tocar de acordo com o anotado, no que diz respeito às intensidades e dinâmicas.

Toda a prática do legatto lento deve estar envolvida numa atmosfera de lentidão e maciez. Isso quer dizer que o andamento usado no exercício será lento e que os seus músculos trabalharão com leveza e velocidade constantes, sem acelerações repentinas.

Então você vai escolher a melodia ou escala que deseja treinar e executá-la de maneira que as notas se sucedam sem intervalos.

A alternância dos dedos tem de ser ininterrupta, um dá lugar ao outro como se o movimento fosse um só, e você vai atacar as teclas como se estivesse apertando um travesseiro, como se não houvesse um limite final ao seu ataque.

É necessário que todas as notas se sucedam sem quebra de som e que você, ao atacar as teclas, perceba o mecanismo do instrumento, sinta o momento em que cada nota soa.

Praticando esse exercício regularmente você melhorará muito no controle dos dedos e do instrumento.

STACCATO FORTE

Quase em oposição ao legatto lento está o staccato forte. Por esse motivo, eles se complementam maravilhosamente bem, conferindo ao estudante uma habilidade suficiente de execução das diferentes articulações.

O principal objetivo desse exercício é evitar o desequilíbrio rítmico, principalmente nos trechos mais rápidos. O problema do desequilíbrio rítmico é muito sério, até os leigos o percebem, tamanho o “ruído” causado por ele.

Praticando o staccato forte, você vai estimular seus dedos a aprenderem melhor as peças, diminuindo a diferença de precisão entre eles e aumentando a precisão de ataque.

Os dedos 4 e 5 sempre serão mais fracos, no entanto, esse treinamento vai aumentar a capacidade deles, afinal, os teimosos também sedem à disciplina.

Nesse exercício, as idéias de força e impulsividade dão o colorido ideal. Você vai executar o trecho escolhido acionando os dedos para baixo e para cima em movimentos bruscos, como se estivesse arrancando as notas do instrumento.

Serão ataques rápidos, que começam e terminam de uma vez e deixam um espaço de silêncio entre as notas. Os dedos devem começar o exercício encostados nas teclas – não se deve trazê-los de cima – e o movimento de cada um é feito num disparo.

Se você quiser deixar as melodias mais precisas, não há exercício melhor.

VÍDEO DE EXEMPLO

Para entender melhor o que eu disse, assista ao vídeo que gravei sobre esse tema, você me verá executando os dois exercícios.

(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)

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O drama do pianista amador

Sei bem que o meu aluno típico não pretende ser um pianista profissional — e não há nada de errado nisso. O que me incomoda é o nome usado para designar essa atividade secundária: “Um hobby, um passatempo”.

A carga negativa que esses termos carregam faz o próprio aluno entender errado o seu envolvimento com a arte de tocar piano, igualando-a ao que não tem importância, ao que pode ser abandonado por falta de sentido.

O apelo que vou fazer aqui é em favor de um termo esquecido, tão cheio de significado que é espantoso o seu desuso: AMADOR.

Como seria bom ouvir “– Pretendo ser um pianista amador” ou “– Sou um pianista amador”. Assim eu entenderia a seriedade das intenções do aluno e trabalharia com a certeza de bons resultados.

Aliás, a meta principal do site AprendendoPiano.com.br é a formação do pianista amador, fornecendo-lhe todo o tipo de informação necessária para um desenvolvimento sólido, sem “ocultar pérolas”, como vi acontecer muitas vezes. Por esse motivo, os profissionais também se beneficiam com os meus conteúdos e aulas. Repasso sem cerimônias as dicas que mais dão resultado.

Para começar, então, a defesa do nome certo dessa atividade encantadora é preciso que se fale dos tipos básicos de profissionais.

PROFISSIONAL lado B e PROFISSIONAL lado A

Em geral, falamos que alguém é profissional quando “ele faz disso a sua profissão”; ou seja, é tocando piano ou teclado que o caboclo põe o pão na mesa. Nesse sentido o músico do bailão é tão profissional quanto Nelson Freire. E embora isso não esteja errado, não é assim que vou tratar essa noção.

É necessário que o trabalho do pianista seja tocar piano para que o designemos profissional, sem dúvida. Mas a qualidade técnica também tem de ser avaliada. Se a desenvoltura não for levada em conta, o profissional pode não ser tão profissional assim, sendo um “profissional lado B”, ou “profissional erro-de-gravação”.

É considerando puramente a qualidade técnica que expressamos o bom trabalho de alguém ao falarmos coisas do tipo: “– Caramba! Essa lasanha ficou de profissional.

Então, para mim, profissional é o sujeito que possui uma desenvoltura técnica altíssima e faz da atividade de tocar piano o seu trabalho.

Nessa classe encontramos o nosso, já citado, Nelson Freire, também Vladimir Horowitz, Sergei Rachmaninoff, Arthur Rubinstein e muitos outros. Todos mestres na arte, que servem como nossos modelos e inspiração. Esses são lado A, mas elevados à enésima potência.

Para chegar ao nível deles não somente talento, vontade e dedicação são imprescindíveis, mas, também, tempo. É preciso que o talento, a vontade e a dedicação tenham agido desde a infância.

No caso dos não-profissionais, o nível técnico será invariavelmente menor, mas suficiente ao que eles se propõem. Tocar para os familiares, amigos ou na igreja é uma coisa maravilhosa, que enche o coração das pessoas de alegria, e é louvável que haja pessoas que se dediquem a isso.

O esforço que o aluno terá de engendrar também não é pequeno, só é menor.

Como falei, o que pretendo destacar é a maneira como as pessoas nomeiam essa atividade secundária. Quero mostrar como os termos hobby ou passatempo são inferiores a amador.

PASSATEMPO SÓ PALAVRA-CRUZADA

O que mais me chama a atenção em passatempo é o sentido literal desse termo. Ele parece significar aquilo que é feito ENTRE duas atividades significativas.

Você sabe que o tempo “passa”, certo? Então desde que você deixou de fazer algo importante até começar a fazer outro algo importante o tempo tem de passar, e aquilo que você faz na intenção somente de que o tempo passe é o seu passatempo.

Gosto de vários tipos de passatempos...

Gosto de vários tipos de passatempos…

Vai me dizer que isso não é esquisito. Dá para dizer que a característica principal de um passatempo é que ele consiga fazer você suportar o tempo entre duas atividades significativas. Só palavras-cruzadas podem ser descritas assim.

Certamente você pode objetar dizendo que não é desse jeito que entende o treinamento de piano. E é aí que vou proclamar a idéia de que TEMOS DE DAR O NOME CERTO ÀS COISAS.

AMADOR SÓ QUEM AMA

Veja bem, se você não é um pianista profissional, mas ama a arte e a pratica com seriedade, você é um PIANISTA AMADOR.

“AMADOR: aquele que ama, que dedica amor a algo ou alguém. Pessoa que se dedica a uma arte sem ser profissional.”

Essa é uma definição possível de constar num dicionário (embora seja minha :D).

Não posso acreditar que essa palavra não seja perfeita para o caso.

Eu sei, no entanto, que do mesmo jeito que profissional é usado para destacar a perfeição de um ato (como no exemplo da lasanha), amador é usado no intuito de desqualificar: “– Isso é coisa de amador, vá aprender a fazer!”.

E você fica desencorajado de usá-lo. Entendo.

Mas, convenhamos, pode ser verdade! Você pode muito bem ser um amador e achar que está pronto para se apresentar em algum lugar que exigiria mais capacidade (tocar na igreja, por exemplo).

Do mesmo jeito que existe diferença de grau entre os profissionais, existe entre os amadores. Tudo depende de você participar daquilo que corresponda ao seu nível.

Não podemos esquecer também que as opiniões dadas pelos outros refletem a pessoa deles; a sua mãe sempre vai achar lindo e o seu pai não, é provável que a avaliação dele seja idêntica ao último exemplo.

O bom é você sempre se comparar com os seus modelos, aqueles que você considera os melhores. Assim, quando alguém lhe elogiar demais, você não se envaidece tanto, e quando alguém lhe depreciar, você vai saber se a crítica faz sentido ou não.

Mas o cerne da questão de hoje é você nomear corretamente a categoria a qual pertence; se profissional não é a sua, então é AMADOR: “e com muita honra”, quero ouvi-lo dizer.

Sobraria ainda uma espécie de categoria intermediária, em que o músico faz um dinheirinho mas exerce também outra atividade. Bom, nesse caso, para mim, o nível técnico será determinante e os dois sentidos de profissional e amador vão se misturar; pode tanto tratar-se de um profissional-amador quanto de um amador-profissional.

O mais importante nesse momento é o amador assumir a responsabilidade do seu estado e designá-lo corretamente, amando a arte de tocar piano dignamente, desenvolvendo-se o mais que puder. Fazendo isso, o drama de passar por incompetente ao intitular-se amador nem ocorrerá. Para ele será normal amar e praticar sem ser profissional.

(Nota: Gostaria de iniciar o estudo de piano? Então, aproveite o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Você está apenas fantasiando o desejo de tocar piano?

Com precisão quase total, posso adivinhar que você viu – ou ouviu – alguém tocando piano ou teclado e agora deseja fazer a mesma coisa. Assim como 90% das pessoas têm o desejo de tocar piano despertado ao observar outro pianista, 99.9% desistem por outro motivo semelhante.

Elas querem tocar do mesmo jeito que viram alguém fazendo, mas NÃO estão dispostas a investir tempo e dinheiro para percorrer o caminho do aprendizado.

É exatamente isso que é uma “fantasia de desejo“, pois não é um desejo verdadeiro.

Desviando da velha máxima dos professores de piano que simplesmente respondem a falta de avanço nos estudos do aluno com “— Pratique, pratique, pratique…”, vou tratar neste artigo de assuntos mais amplos, que não dizem respeito somente ao instrumento, para com isso dar a você uma motivação mais fundamentada.

Antes de sermos músicos, somos seres humanos, e tudo o que concorre para o nosso autoconhecimento garante que as nossas decisões e ações sejam menos vazias, menos impulsivas, e passem a expressar uma maturidade crescente.

Para entender melhor essa maturidade, vamos jogar um pouco de luz na nossa capacidade de “desejo impulsivo” e já voltamos a tratar do piano.

O desejo impulsivo…

Se você prestar atenção, vai perceber que todas as nossas ações têm um objetivo, isto é: a gente só faz tudo o que faz para alcançar alguma coisa.

Isso serve para tudo, tudo, tudo; até mesmo para aquilo que “não gostaríamos de fazer”, como acordar cedo para ir trabalhar: você acorda cedo PARA cumprir o contrato e não ter desconto no salário, PARA se manter e, quem sabe, sobrar algum dinheiro, PARA poder comprar um presente para alguém, PARA ver a pessoa feliz. E assim você ficar feliz também.

Fizemos isso para alcançar aquilo, desde a ação mais elementar (acordar cedo para não se atrasar) até chegar ao objetivo mais distante (articulando todas as ações, esperamos que o resultado seja mais felicidade).

Tenho sérias razões para acreditar que tudo o que fazemos é, no fim das contas, para que alcancemos mais satisfação e felicidade.

É só você pensar se conhece alguém que trilha o caminho contrário: “não, não, o que quero mesmo é ser infeliz”. Tal pessoa não existe, até os pilantras esperam satisfação nas suas pilantragens.

Contudo, mesmo que o objetivo final de todos nós seja a felicidade, os caminhos que levam a ela são feitos de etapas agradáveis e desagradáveis. E eu tenho, também, sérias razões para crer que as dificuldades do caminho existem para nos fazer crescer, para nos fazer subir de nível, e nos tornarmos, com isso, melhores na chegada do que na partida.

Perceba como tudo isso é muito sério. Repare como aqueles que desistem diante das dificuldades podem ser considerados piores do que aqueles que as vencem, como quem vence se torna muito mais forte no final. Mais maduro, para resumir.

Eu sei que isso não é novidade para você, mas é sempre bom a gente lembrar dessas coisas básicas, assim podemos fazer nossas escolhas lembrando que o que está em jogo é a nossa melhora ou piora, não só a conquista disso ou daquilo, mas o fortalecimento da nossa personalidade como um todo, que, dentro desse assunto tratado aqui, poderia ser expresso assim: — Sou capaz de encarar, suportar, superar, vencer as etapas que levam à conquista do objetivo que escolhi?

Não são bem as respostas “sim” ou “não” que vão me fazer pensar que você se deixa levar por desejos impulsivos, mas, pior: “— Não parei para pensar nisso!!!”.

Aí realmente não vai dar. Se você tem mais de 18 anos e me vier com essa, não é de um professor de piano que você precisa, mas de um pai.

(Nota: Se é mesmo de um professor de piano que você precisa, aproveite o Minicurso de piano para iniciantes: Cadastre-se aqui.)

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O máximo que posso fazer é ajudá-lo com esse artigo, lembrando que nada de bom é alcançado sem esforço e trabalho… e persistência e determinação e PACIÊNCIA.

Se você não está disposto a praticar todas essas coisas, tudo o que vai conseguir é ser conduzido de desejo impulsivo em desejo impulsivo até a fragmentação total da sua pessoa. Isso quer dizer que o que nos torna uno é a articulação das nossas ações em torno de um ou mais desejos, objetivos, sonhos.

O desejo impulsivo só ocorre com freqüência em pessoas imaturas, que não se perguntam se realmente querem aquilo que acham que querem. Como elas se alimentam de desejos momentâneos, diante da primeira dificuldade desistem de se tornarem capazes de obter o que queriam.

Esse é um mal altamente difundido hoje em dia. Vivemos numa época desgraçada, na qual os objetivos das pessoas são, em geral, fantasias de desejos. Elas não passam da fase de se imaginarem portadoras das capacidades que almejam.

Isso quando a situação não é ainda pior e os objetivos não passam de mesquinharias: primeiro porque são mais fáceis de obter, depois porque a noção de MELHOR foi esquecida.

Não acreditamos mais que existem coisas melhores do que outras, tudo foi relativizado.

Mas eu tenho esperança de que as pessoas interessadas em aprender a tocar piano ou teclado saibam que existem coisas melhores e coisas piores e que as melhores, normalmente, dão mais trabalho, mas, também, dão mais satisfação.

A maturidade está tanto em entender a subordinação dos percalços à finalidade dos objetivos quanto escolher objetivos que valham à pena.

Se você escolher algo que seja mesmo bom, no processo da conquista, vai melhorar muito como pessoa, e, no final, além de possuir o que desejava, terá esse ganho extra, que será muito mais do que uma simples satisfação: será um belo passo para a FELICIDADE.

E posso dizer em alto e bom som: APRENDER A TOCAR PIANO É UM OBJETIVO MAGNÍFICO.

Música é uma linguagem única, que possibilita que nos expressemos de uma maneira que só ela permite. Arrisco mesmo a dizer que ela nos deixa mais inteligentes, porque desenvolve a percepção de estados emocionais, aumentando a consciência do que se passa dentro de nós.

Isso sem falar na capacidade narrativa e no senso de harmonia, que ela também desenvolve.

Além disso, e o mais importante de tudo, a música é o instrumento essencial do senso estético, da assimilação e comunicação da BELEZA.

Em suma: ela é um elemento indispensável para a sua educação – entendida como cultivo da alma. Uma alma cultivada é aquela inclinada a escolher sempre o melhor, que desenvolveu suficientemente a atração pelo BELO, BOM e VERDADEIRO.

E a boa música preenche você com BELEZA, e isso repercute na sua pessoa inteira, tornando-o melhor em todos os aspectos: você se encaminha para um CARÁTER mais NOBRE.

Isso tudo é tão fundamental que me faz novamente lembrar da lástima dos nossos tempos. Eu não queria ficar batendo nessa tecla, mas a coisa salta aos olhos. A degradação moral que vivemos está diretamente relacionada com a queda da qualidade da música que se consome (veja o peso dessa expressão, consome: você se alimenta dela, se torna ela).

Por isso que se tornar capaz de veicular a Beleza é um dos maiores BENS que você pode realizar. Acho que o mundo nunca precisou tanto disso. O Brasil, então, nem se fala, isso aqui parece uma terra de loucos.

O caminho não é reto…

Mas, para trilhar esse caminho aprendendo piano, muitas pedras terão de ser removidas. Não vou mentir para você.

Tocar piano é uma arte complexa. Você terá de se superar muitas vezes até ela se tornar natural.

No entanto é possível chegar lá. Muita gente já chegou e muitos outros vão chegar. Até eu, veja só, que fui desacreditado por antigos professores, aprendi.

Se você estiver começando do zero, e está pensando em aprender na intuição, digo que isso é possível, principalmente para música popular; mas, há um porém, as pessoas que aprenderam assim normalmente foram criadas num ambiente altamente musical, com músicos executando seus instrumentos do lado delas a toda hora.

Essa não é a situação da maioria das pessoas. A maioria precisa de um método e de um bom professor.

E considerando que você está pensando em me escolher como o seu professor, vou dar a primeira lição repetindo as principais coisas que falei nesse artigo, agora aplicadas ao aprendizado de piano:

  • Tenha o seu objetivo musical muito claro (tocar na igreja, para amigos, em concertos etc.);
  • Conheça os meios para alcançar esse objetivo;
  • Mantenha uma postura ativa, enfrentando suas principais dificuldades com seriedade;

Agora, a principal:

  • Praticar música é transferir algo que você absorveu, então ABSORVA o que há de melhor, se alimente do melhor.

Para manter a chama da vontade acesa e as dificuldades do caminho serem vencidas, é preciso que você não perca de vista a finalidade de tudo o que está fazendo e encontre nas melhores obras o seu alimento predileto: a BELEZA na sua melhor forma.

Se o seu desejo de aprender a tocar piano não é momentâneo, o convívio com o que há de melhor em música é a melhor maneira de fazê-lo passar pelas dificuldades do aprendizado com fôlego forte. Além daquele ganho no caráter, que vem como a cereja do bolo.

Para entender melhor o quadro geral do aprendizado que proponho — e se você é mesmo um estudante iniciante — sugiro que se inscreva (sem custo nenhum) no meu Minicurso de Piano Para Iniciantes. Assim você receberá as lições básicas e informações de como participar de conteúdos mais aprofundados.

(Nota: Clique na imagem e cadastre-se no Minicurso para iniciantes Cadastre-se aqui.)

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Como organizar o tempo de estudo de piano

Todo mundo que decide aprender uma coisa nova, seja um idioma, uma arte, ou o que quer que seja, tem dúvidas sobre o modo de organizar os estudos. Para falar a verdade, até mesmo os não-iniciantes apresentam esse dilema.

Entendo perfeitamente como isso funciona. Comecei no piano muito cedo e por isso passei várias fases da vida estudando. Sei o que um adolescente, um jovem, um adulto e um chefe de família (minha atual posição 😀 ) pensam. E nesse tempo todo passei de aprendiz a profissional.

Então, além de saber os problemas das fases da vida, conheço também os problemas que surgem por causa do crescente grau de dificuldade dos estudos.

Foi para oferecer uma proposta de organização dos estudos diários que escrevi este artigo.

A minha intenção é lidar com 3 pontos:

  • O tempo de estudo
  • Os exercícios da técnica pianística
  • As oscilações do ânimo

Você pode ter estranhado esse último item porque não é comum fazer dele um elemento de destaque; mas, acredite em mim, saber usar essas oscilações a seu favor vai evitar que você abandone o sonho de tocar piano. E pode ficar tranqüilo porque não vou me limitar a mandar você continuar estudando mesmo estando desanimado.

Vou, ao contrário, oferecer a você uma maneira de aproveitar os altos e baixos da vontade.

Mas, antes de tratar dos 3 pontos, vou falar de 2 quesitos anteriores, que estão subentendidos nas dicas de organização:

Estou pressupondo que você já sabe que o ÚNICO método para estudar a técnica de piano é o método clássico. Se você nunca ouviu falar disso, leia o que já escrevi sobre aqui.

É importante ressaltar isso porque o segundo dos três pontos que listei acima, os Exercícios da Técnica Pianística, vem do método clássico. E ter uma noção suficiente desses exercícios é o que habilita você a aproveitar as dicas de organização que darei aqui.

O outro quesito é a estrutura de aprendizado tratada na Pirâmide do Aprendizado Musical, que é um mapa que orienta você pelos caminhos do aprendizado, dando a medida hierárquica de cada uma das três partes da pirâmide.

Muito Bem. Já que estabelecemos o background necessário para as dicas de hoje, vamos a elas:

Tempo de Estudo

 
O PONTO CENTRAL dessas minhas dicas, que será o eixo da sua organização, é a fixação do tempo diário de estudo.

Você vai olhar a sua agenda e encontrar a hora que vai começar e a hora que vai terminar o treinamento em cada dia.

Esse será o ponto invariável, o fundamento da geração do hábito de estudar.

É absolutamente necessário que você se habitue a estudar; e para isso é preciso que você não esteja fazendo qualquer outra coisa, certo? Nada de celular, internet, televisão, lanchinho e etc.

Então você vai determinar com precisão a hora que vai começar e a hora que vai terminar, e nesse período a dedicação será de 100%.

Eu sei que a disponibilidade das pessoas é diferente, mas aqui estou falando da sua disponibilidade, que pode variar de 20 minutos por dia até o dia inteiro (lembre-se que sei a diferença entre a vida dos adolescentes e a dos chefes de família).

Se a sua disponibilidade é grande, por exemplo, a tarde inteira, limite o estudo a poucas horas diárias, pelo menos no começo; digamos, duas horas. Duas horas por dia é um tempo considerável, que, bem aproveitado, vai proporcionar a você um bom desenvolvimento.

Continuando nesse exemplo de duas horas, você pode dar uma paradinha de 5 minutos a cada meia hora para aliviar a cabeça: brincar com o cachorro, regar as plantas, tomar uma água, ou qualquer outra coisa. Só cuide para não esquecer de voltar a estudar. O objetivo é SEMPRE cumprir o tempo pré-estabelecido.

E se você só dispõe de 20 minutos ou uma hora a cada dois dias? Não há porque desistir. Na constância e no real aproveitamento do tempo estipulado está o seu sucesso.

O detalhe mais importante é cumprir o tempo programado; mas, se depois de esgotado o período você ainda puder continuar e está com vontade de fazê-lo, não há problema em prosseguir. O problema está em não completar o tempo inicial.

Na medida em que você for avançando, e o hábito de estudar já estiver instaurado, não há problema algum em aumentar o tempo. Isso vai acontecer quase que naturalmente, na verdade.

(Nota: Se você ainda não tem idéia de como preencher o tempo de estudo, cadastre-se, sem nenhum custo, no meu Minicurso para iniciantes e tenha acesso às lições essenciais. Cadastre-se aqui.)

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Os Exercícios da Técnica Pianística

 
Não vou tratar desse ponto de maneira exaustiva, citando e explicando cada exercício. Isso fica para outra oportunidade. Vou simplesmente chamar a sua atenção para um detalhe que à primeira vista parece bobo, mas não é não.

Diz respeito ao conhecimento mínimo da lista de exercícios de técnica.

Sobre esse ponto as coisas mais importantes que tenho a dizer são três:

  1. você terá de saber quais são os tópicos da técnica;
  2. o que cada um deles tem por objetivo;
  3. e a hierarquia que os organiza em mais ou menos importantes para a sua fase de aprendizagem.

Como você pode ver não é nada demais; mas o 2º e o 3º pontos têm de estar muito claros na sua cabeça para que você não gere deficiências que inviabilizem as suas execuções.

Em geral os exercícios de técnica servem para você adequar o seu corpo ao ato de tocar bem. É um condicionamento mesmo, semelhante ao que fazem os lutadores de artes marciais, que passam horas treinando um movimento, ou uma seqüência de movimentos, para que na hora da luta as ações sejam precisas e quase automáticas.

Por isso que o objetivo particular de cada exercício deve estar claro para você, porque cada um treina um detalhe que permite que seu corpo reaja corretamente às necessidades da música. E conhecendo os objetivos você não vai querer deixar de praticar nenhum deles.

Então escalas, arpejos, trinados, terças e sextas paralelas, oitavas, saltos, acordes, notas repetidas, trêmulos etc. etc. e etc. são o meio pelo qual você conquista a liberdade: a liberdade de escolher uma peça e poder executá-la apropriadamente.

A questão de saber a hierarquia entre eles, ou seja, qual ou quais são mais importantes para a sua fase de aprendizagem, vai dar suporte para você escolher direito o que praticar em cada dia.

Mas só para dar uma idéia do uso do tempo, vou dizer que 1/4 dele dedicado à técnica pura é um bom índice. A técnica pura está focada no mecanismo físico, na obtenção da destreza puramente física. É o condicionamento que citei acima. Esse tópico nunca pode faltar.

Aliás, os exercícios de técnica pura devem ser usados no aquecimento. Ao iniciar o seu período diário de estudo você deve se aquecer praticando alguns exercícios de técnica. No livro O Pianista Virtuoso, de Hanon, encontramos os exercícios mais utilizados.

Quanto à escolha dos exercícios de acordo com a fase de aprendizado, não adianta se antecipar na lista sem ter conquistado os fundamentos. Na verdade, se você quiser se antecipar, o que vai ficar evidente é o quanto você precisa praticar mais e mais os exercícios anteriores.

Se você já está estudando uma peça, os exercícios de técnica entram para resolver as dificuldades isoladas. Depois de identificar os trechos com problemas, você vai treiná-los usando os exercícios adequados para solucioná-los; e assim usar da técnica para acostumar seu mecanismo à música escolhida.

As Oscilações do Ânimo

 
Esse é um ponto amplo que abrange a nossa vida como um todo.

Qualquer pessoa que realize regularmente uma atividade passará por momentos de ânimo e de desânimo. Com você não poderia ser diferente. Essa é a vida como ela é.

Um dia a preguiça e o desânimo aparecerão e você precisa estar preparado...

Um dia a preguiça e o desânimo aparecerão e você precisa estar preparado…

Por isso que a recordação do por que você quer tocar piano é importante.

Leia ou releia o Manifesto do Estudante de Piano e lembre o quanto é bom e necessário que a Beleza seja veiculada no mundo. Ainda mais hoje em dia, quando não são poucos os que só querem sacudir ou abalar para depois dar um creu na piriguete.

Sem dúvida alguma a força moral de permanecer no melhor vai reverberar na sua vida e você ficará mais feliz.

Mas, às vezes, o desânimo é fruto da dificuldade de uma etapa, você não vai desistir de aprender, mas quer deixar esse ou aquele exercício de lado, afinal “acho que esse não é tão importante”.

Foi por isso que destaquei nos Exercícios da Técnica Pianística o quanto é imprescindível que você saiba o objetivo de cada exercício; assim a sugestão infame, criada por você mesmo, que um ou outro exercício pode ser abandonado não vai ganhar a batalha.

Mesmo assim o desânimo pode aparecer.

Nesse caso, se você não vai desistir do piano, se conhece uma gama ampla de exercícios e suas variações, e sabe da importância do exercício em questão, pode entrar em cena um macete simples:

Procure trocar de exercício percebendo se a sua atenção se volta ao treinamento. Você pode tanto repetir um exercício que já treinou bastante quanto tentar um mais difícil, que até então você tinha tentado poucas vezes.

A intenção não é pular de galho em galho, muito pelo contrário, é tentar vários galhos para ver qual está mais forte no momento.

Com certeza você vai encontrar um exercício que poderá explorar.

Perceba como isso será feito levando-se em conta os dois primeiros pontos que tratei aqui, O Tempo de Estudo e Os Exercícios da Técnica Pianística.

Você sabe que tem de estudar no tempo que reservou e conhece os vários exercícios e os seus respectivos objetivos, então essa procura de vencer o desânimo estará fundamentada em alicerces firmes.

Você não vai se perder só para se auto-agradar.

No mais, continue assistindo os grandes pianistas executarem as grandes obras, muito mais do que insuflar ânimo de tocar, isso vai lhe insuflar vida.

(Nota: Agora que você já sabe que é possível organizar um tempinho para aprender, aproveite o Minicurso de piano para iniciantes: Cadastre-se aqui.)

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