Tratamento online de incompetência

Na mensagem em que falei sobre a constatação de que “incompetentes não percebem que são incompetentes”, meu aluno Claudemir Medeiros respondeu com uma distinção importantíssima:

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Bom dia Felipe, parabéns por mais um belo “lembrete”.

Certa vez lendo algo na internet vi uma divisão que colocava ainda dois níveis de competência, de maneira que existiriam competente consciente (aquele que é competente e é consciente da competência), o competente inconsciente (que é competente mas não tem consciência) e o mesmo se aplica para os incompetentes.

E eu acredito que o primeiro passo é tomar consciência da própria incompetência para então procurar o “tratamento”. Seus vídeos e textos me ajudam a tomar consciência dos mais variados itens onde sou incompetente e me torna em incompetente consciente. E, para os casos onde a incompetência é identificada, os vídeos com exercícios para tratá-los ajudam a resolver e passar do estágio de incompetência para o de competência.

Mais uma vez parabéns pelo trabalho e que continue nos tornando cada vez mais conscientes das incompetências e, melhor ainda, a sair do estágio de incompetência para o de competência.

Abraço.

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De fato!

Acho que não ficou claro na minha mensagem anterior:

Parece que existe um tipo de incompetência que é cega pra si mesmo.

Não me interessei em saber se os psicólogos acham se isso é irreversível ou não.

Mas o Claudemir tem toda razão…

A estratégia dele é a mais correta.

Em algum sentido meu trabalho por aqui trate-se de ajudar o aluno a se diagnosticar…

E, claro, encontrar o tratamento correto.

Um verdadeiro tratamento online de incompetência.

(Pelo menos da incompetência ao piano)

Então, ficar atento às mensagens e aos vídeos é essencial pra saúde pianística do aluno.

#ficadica

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Como resolver o vício de seguir o dedilhado e não a nota na partitura

Há três meses publiquei um vídeo orientando os iniciantes a como perder o vício de relacionar o dedilhado escrito na partitura com a altura da nota. Ontem uma nova aluna minha pediu alguma dica exatamente pra resolver esse problema. Qual seria a resposta padrão?

“Procure no meu canal, já tenho um vídeo publicado”

Mas hoje estou especialmente gentil.

Esqueci por um tempo que devo incentivar o aluno a ficar íntimo de todos os meus vídeos, e resolvi informar diretamente o link.

Aqui está:

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Você não é tão esperto quanto pensa

Uma das constatações mais úteis do livro “Você não é tão esperto quanto pensa”, de David MacRaney, é o efeito Dunning-Kruger.

A definição é simples:

Incompetentes não percebem que são incompetentes.

Digo que a constatação é útil, pois confirma um senso comum.

Não sou entusiasta de novidades científicas, ou que pareçam científicas, que contrariem o senso comum. Prefiro aguardar que o tempo diga o que a conclusão tinha de “novidade”, o que tinha de “científica” e, mais importante, o que tinha de verdadeira.

Mas o Efeito Dunning-Kruger está na consciência de quase todos.

Percebo isso nas muitas mensagens do tipo:

“Como ter certeza de que estou seguindo corretamente as lições online?”

Ou como esta do meu aluno Rubens Curi:

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Outro dia, ao terminar os estudos, fui impactado por uma percepção: poxa, estou tocando piano! Você acredita que eu ainda não havia me dado conta da evolução ocorrida do início até aqui? Foi uma emoção especial, acompanhada de vários obrigados direcionados à você.

Tenho acompanhado todos os seus e-mails e os vídeos. Divirto-me com seu humor e aproveito todas as orientações. Elas tem elucidado várias coisas no meio do caminho, ajudando efetivamente. Na medida em que me dou conta de um procedimento errado ou viciado, retomo, seguindo suas recomendações.

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Enfim, são interessados querendo saber como passarão por esse problema da incompetência inicial.

Ou alunos demonstrando que a confiança nas lições realmente dá frutos.

Demonstra a visão de que a falta de conhecimento dificulta uma conclusão confiável.

Isso é muito bom!

Essa cegueira na própria auto-avaliação pode ter vários níveis.

E, como sempre, não existe remédio mágico pra combatê-la.

Por isso minha didática nas lições online difere da presencial.

Os problemas são outros…

Então as soluções também tem de ser diferentes.

E quem é meu aluno, já recebeu ou ainda vai receber mais informações de como resolver esse problema da auto-avaliação de uma vez por todas.

Por isso, continue seguindo firme nas lições.

Pra quem tem superioridade ilusória em nível muito alto, não precisa dar atenção a nada do que eu digo. Afinal, esses tem certeza de que são tão espertos quanto pensam que são.

Quem não pensa assim, pode continuar estudando comigo.

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Se tivesse um balde por perto, vomitaria

Uns 10 anos atrás fui convidado pra tocar em um festival na Sérvia.

Tudo estava bem, até entrar no avião.

Não, não fiquei enjoado no vôo.

Fiquei com o estômago embrulhado por outro motivo.

O fato é que eu não havia estudado o repertório direito. Pra passar o tempo na viagem, peguei as partituras e comecei a revisar e a fazer uma execução mental do que estava ali. (Ainda não foi por isso que a feijoada queria voltar). Enquanto fazia essa revisão, percebi que tinha vários pontos cegos na minha execução. Enfim, começou a bater uma insegurança.

10 segundos pensando nisso e eu já estava nervoso.

Resolvi parar de pensar um pouco nesse assunto.

Peguei aquelas revistas de avião que ficam no bolsão e dei uma folheada.

Na terceira página tinha uma baita propaganda do festival.

E meu nome estava ali.

Comecei a passar do estado de nervoso pra quase-desespero.

Agora mesmo é que não conseguiria parar de pensar que estava frito.

Tentei dormir.

Acho que consegui um pouco.

Até arrisco dizer que parei de pensar no problema.

Quando estava saindo do avião, um distinto cidadão começa a puxar papo comigo e logo pula pro assunto de música (porque viu que eu tinha mexido em algumas partituras) e, pra me botar no estado definitivo de desespero, me disse que eu deveria ir até o festival de música que teria por ali logo mais (exatamente aquele que me botou nessa situação).

Enfim, não tive tempo de estudar mais.

Mesmo assim, seriam necessários mais dias pra deixar a coisa bem preparada.

E não havia mais dias disponíveis.

Com as pernas bambas e a cabeça feito um balão, me apresentei no tal festival.

Nessa apresentação, com toda certeza, se tivesse um balde por perto, eu não conseguira evitar o vômito. Mas como a idéia de sujar tudo por ali assim, sem cortes, era muito punk rock, aguentei o inferno estomacal.

Fiz o que pude nas passagens cegas.

Até que recebi elogios das pessoas que estiveram presentes, mas tenho bastante consciência de qual seria a opinião dos meus professores, caso me vissem ali. Com toda certeza eles notariam minha insegurança.

Foi esse episódio que me despertou pra essa origem do nervosismo.

Inclusive já gravei alguns vídeos falando sobre isso.

É essencial saber o que fazer com ele, principalmente pra sair do eremitismo musical, e fazer pequenas apresentações, mesmo que pra nossos amigos e familiares.

Enfim, já observei essa situação várias vezes.

Já trabalhei com diversos alunos com esse problema.

A principal origem do nervosismo é a falta de estudo.

E falta de estudo correto.

Aquele que faz o aluno absorver a música profundamente.

Quem consegue fazer isso, mesmo que se apresente com algum nervosismo inicial, consegue se controlar ao perceber que está conseguindo fazer tudo com segurança. E a segurança vem do estudo.

Qualquer outro motivo, é sempre secundário.

Tudo bem se você não quiser estudar direito.

Você tem toda a liberdade.

Mas nunca esqueça do balde.

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Lição de Axelrod para os cabeças-de-pudim

O Netflix é o representante máximo dos meus momentos cabeça-de-pudim.

Em um desses momentos, escolhi a série “Billions” pra passar o tempo. A estória é sobre um bilionário, Bobby Axelrod, que conseguiu sua fortuna com investimentos em Wall Street. Seus métodos não são muitos “oficiais”, e a todo momento ele burla leis e normas pra conseguir informações e ganhar ainda mais dinheiro. Axelrod é perseguido por um promotor muito ambicioso que deseja o prender por crimes financeiros e assim ganhar fama e abrilhantar seu currículo.

Um verdadeiro joguinho de gato e rato.

E nesse passatempo cabeça-de-pudim está escondida uma lição bem interessante.

É um aviso pra todos os cabeças-de-pudim.

A cena é esta:

Axelrod está em um estádio de corrida de cavalo.

Ele está contando pra um advogado que foi apostando ali que começou sua fortuna.

Mais ou menos isto:

“Este lugar explica muito sobre a vida: pessoas correndo em direção à janela de apostas, com muita esperança. Sem nenhum plano. Depois, eu as via saírem da pista rasgando os bilhetes com desgosto. Eu não seria uma delas. Eu apostava, mas antes eu descobria onde estava a ação de verdade. Onde estavam os caras que tinha um plano.”

Muito esperto, não?

E facilmente adaptável para o aprendizado de piano.

Quantos de vocês já não se jogaram em uma escola de piano…

Ou nas mãos de um professor particular…

Ou em vídeos de Youtube…

Ou em PDFs milagrosos.

Sempre esperando, com muita esperança, apostando que terão resultados.

Outro dia alguém me mandou o seguinte e-mail: “Gostaria de receber meu dinheiro de volta pois seu PDF não me ajudou”.

Eu respondi:

“PDF? Não ofereço nenhum PDF.”

Re-resposta:

“Este PDF aqui” (e o PDF estava em anexo).

O PDF não era realmente meu.

E como bom curioso, dei uma olhada no arquivo.

Não havia nome do autor.

No site que vendia, também não havia menção nenhuma.

Era um material mágico que se materializou sozinho.

Sem nenhuma referência.

Enfim, essa pessoa não apenas não sabia a diferença entre o autor desse PDF e eu, ela sequer sabia quem era o autor da apostila. Percebeu a analogia com “pessoas correndo em direção à janela de apostas, com muita esperança. Sem nenhum plano. Depois, eu as via saírem da pista rasgando os bilhetes com desgosto”?

A lição é bem clara.

E você não precisa fraudar as leis como Axelrod fez pra se dar bem.

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Pra completar os dias dos esquecidos

Estes últimos dias foram os dias das coisas esquecidas. Resolvi fechá-los com chave de ouro. Me pediram sugestões pra preencher de “experiência” a rotina de estudo. Então basta assistir ao vídeo abaixo, lá recomendo um compositor especialmente útil para os estudantes intermediários.

Aqui está:

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Vamos falar do óbvio dos óbvios sobre lições de piano

Um monte de gente por aqui já tem professor.

Mais um monte já teve professor e agora segue por conta.

Outros ainda estão seguindo algum método específico.

E mais outros são meus alunos.

Então aqui vai uma mensagem especial pra todos esses tipos citados.

A mensagem é da minha aluna Vanessa Morais:

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Bom dia, mestre

Depois que passei a seguir suas orientações ao pé da letra, os estudos tem progredido a contento. É a constatação do óbvio! Seus emails me ajudaram a encontrar o equilíbrio, a restabelecer a paciência, a seguir seus passos (orientações) sem questionar. As orientações de técnica me reeducaram para o estudo do piano, o que tem sido de grande valor. A Alla Turca agora é tocada por mim. Venci a batalha da 1° parte dela. E adquiri a confiança necessária que me motiva a manter o ritmo e a disciplina do estudo do restante da obra. Você não imagina o impacto positivo que essa vitória significou pra mim. Seria interessante ter outros módulos do “aprendendo piano” pra quem não mora em São Paulo poder estudar com qualidade. Saudações

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“É a constatação do óbvio”

Essa foi a primeira fez que a mensagem da Vanessa me fez sorrir.

Claro, como pode alguém ter acesso a algum material e não segui-lo?

Acredite, existe muita gente que faz isso.

A segunda vez que o Marechal sorriu foi com a frase “seguir seus passos (orientações) sem questionar”. Não tem nada que deixa um ditador sanguinário mais feliz do que isso. Assim como nada educa mais um aluno do que deixar pra inventar sua maneira de estudar somente depois de muita experiência.

“Adquiri a confiança necessária que me motiva a manter o ritmo e a disciplina do estudo do restante da obra”

Essa é a constatação de 1 milhão de dólares:

Adquirir segurança nos estudos é imprescindível.

É a sensação de que nenhuma dificuldade é grande demais.

E só adquire essa segurança quem entende os porquês de cada estudo.

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Tirando o máximo proveito dos truques de piano

Quando disse que a “experiência” é a coisa mais importante e esquecida ao estudar piano, claro que não é apenas “porque sim”.

Existem motivos.

Um dos mais importantes é que a experiência faz o estudante enxergar o que não enxergava.

Faz cair escamas dos olhos.

O aluno se torna capaz de perceber que ensinamentos que pareciam “dicas”, “detalhes”, etc, na verdade são essenciais para o seu desenvolvimento.

O aluno realmente aprende o que fazer com os truques.

Meu aluno Leandro Vieira confirma:

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Caro Felipe,

quero relatar um pouco da minha experiência com o seu método. Sou seu aluno desde o ano passado, e venho percebendo que estou progredindo num processo que não é rápido, mas que é consistente. Decidi confiar no seu método pelo simples fato de você não prometer mundos e fundos para seus alunos. Particularmente, tenho muita antipatia por frases de efeito e clichês tipo: aprenda a tocar em 1 mês, aprenda com o método revolucionário, blá blá blá. Enfim, estou estudando com você, primeiro porque me identifiquei muito com o instrumento (piano), porque não gosto de ser iludido por promessas e linguagens de marketing e porque seu método me passou uma ideia de aprendizado consistente.

Bom, falando especificamente sobre o processo, venho trabalhando nas escalas, tanto que já até decorei a ordem dos sustenidos e dos bemóis. Contudo, depois de assistir um vídeo em que você fala da importância da articulação dos dedos (algo que não havia dado muita bola até então) eu resolvi experimentar. Para minha surpresa, descobri uma série de imprecisões que eu não sabia que ainda tinha. Pude ver que estava acentuando algumas notas e tocando fraco outras. Resultado, passei a articular bem os dedos no estudo das escalas e já estou notando melhora.

Outra informação providencial que você passou foi a de não tocar com as unhas. Pude ver que meus dedos estavam muito encolhidos e, assim, tive que reposicionar os dedos no teclado. Eu vinha observando há algum tempo alguns pianistas tocando e verificava que meus dedos não ficavam como os deles, mas não conseguia saber a razão. O seu vídeo me fez ver que era exatamente isto, os dedos não estavam relaxados, mas encolhidos demais. Eu já venho observando melhora na execução, até a plástica dos movimentos está mais bonita.

Ah, não posso me esquecer do vídeo em que você fala em não ficar preso a somente uma peça e não estudar sempre igualzinho todos os dias. Ao diversificar mais a ordem dos estudos, estudar mais de uma peça, verifiquei que o estudo ficou mais interessante, pois não tenho como negar que por vezes me senti entediado. Eu tenho facilidade com rotina, por isso, mesmo entediado estudava, mas ao diversificar, fiquei bem mais interessado. Enfim, o que tenho a dizer é que o seu método tem me feito avançar e agradeço por isso.

Abraço,

Leandro Vieira

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A coisa mais esquecida no aprendizado de piano

Acompanhe esta lista:

– Escalas

– Fraseado

– Exercícios

– Ritmo

– Técnica

– Partitura

– Harmonia

– Solfejo

– Teoria

– Qualquer outra coisa que qualquer professor (incluindo eu) possa falar sobre aprendizado e estudo de música e de piano.

É uma boa lista genérica.

Dá uma boa visão do que compõe a vida de um estudante.

Falta apenas a coisa mais importante de todas.

Não sei bem o motivo de não incluirmos essa coisa.

Provavelmente porque essa coisa não é exatamente musical. E como professores e amantes de música, queremos falar de coisas musicais. Imagine que um aluno chega em uma escola de música querendo saber mais como tudo funciona, empolgado pra se transformar em alguém capaz de produzir música, e a primeira coisa que o professor fala é sobre essa coisa. 99% dos interessados sairiam correndo.

Tem também aqueles professores que querem dar a entender que possuem algum segredo.

“O segredo dos exercícios…”

“O segredo da harmonia…”

“O segredo das partituras…”

E não dá pra enganar dizendo que tem o segredo se não for algo especificamente musical.

Ok, chega de suspense.

Me refiro a “experiência”.

Contato constante com música.

Tocar por muito tempo.

Básico, não?

Quem fez faculdade e foi arrumar um emprego sabe do que estou falando.

Não existe nada melhor do que dois anos de mão na massa em alguma função pra bater qualquer estudo acadêmico.

Mãe de primeira viagem também sabe disso.

Depois que a criança completa 2 anos, não há nada que ela não saiba resolver para o filho.

Então, mesmo que você veja um monte de professores, instrutores, métodos, blá-blá-blá, falando sobre algum parâmetro ou qualquer coisa musical, nunca esqueça que, sim, é verdade, essa coisa musical é importante, você precisa estudar essas coisas e, mais importante ainda, precisa TOCAR.

E-x-p-e-r-i-ê-n-c-i-a.

Não troque um parâmetro musical qualquer por isso.

Então, sem mais perda de tempo, mãos à obra!

(Nota: Nunca encostou em um piano e deseja entender como adquirir essa experiência? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Siga exatamente esse meu exemplo, mas ao contrário

Me perguntaram em qual ocasião fui um aluno pé-no-saco.

Lembrar disso me dá um pouco de tristeza, mas vale a pena.

Eu deveria ter uns 15 anos… ou quem sabe 16? Enfim, há muitos muitos invernos, uma professora de teoria musical estava me preparando para os estudos de harmonia. E era uma tremenda de uma professora. Ainda hoje, vez ou outra, tento imaginar como ela abordaria certos tópicos, isso me ajuda a encontrar o tom certo nas explicações.

Um dia ela interrompe a aula e pergunta:

“– Felipe, você está absolutamente convicto que vai se dedicar à música?”

Apenas respondi:

“– Sim, estou”

E ela:

“– Você nunca pensou em seguir qualquer outra carreira mais normal e manter a música como uma atividade secundária?”

Hoje enxergo claramente o que ela estava fazendo.

Ali estava um jovem que precisava saber claramente as opções disponíveis.

Ela estava cumprindo o papel de mostrá-las.

(Ou pelo menos de tocar no assunto de alguma maneira)

Quem sabe poderia pedir que ela explicasse melhor…

Ou ela esperava que eu dissesse:

“– Já pensei nisso e estou absolutamente convicto que meu lugar é na música…”

Ou:

“– Ehhh professora, tenho pensado muito em engenharia civil ultimamente…”

Enfim, algo que continuasse o diálogo.

Mas, infelizmente, só pensei na hora que ela estava meio que dizendo que eu não tinha vocação pra música. Fiquei totalmente na defensiva. Nem lembro realmente o que falei na hora, mas me senti desafiado. Lembro claramente que para as aulas seguintes, estudei como um louco o livro Teoria Elementar da Música, de Osvaldo Lacerda, somente pra encontrar erros nos ensinamentos da professora.

Já não estava mais interessado em aprender.

Mas em desafiar.

Como tive a impressão de ser desafiado (já que ninguém tinha me perguntado isso antes), minha única reação foi tentar provar que ela estava errada. O modo que encontrei pra fazer isso, foi mostrar que ela era um professora ruim.

Depois de mais 3 ou 4 aulas desisti de frequentar as lições.

Sei que perdi uma oportunidade de aprender com quem realmente sabia.

Felizmente não mantive por muito tempo essa atitude.

E muito do estilo dela tornou-se o meu.

Essa atitude de jogar limpo, mostrar como o jogo é jogado, de não tentar encobrir as coisas… de quando alguém chega “– Ah, como amo piano, piano me faz sonhar, me sinto pisando nas nuvens”… minha resposta é algo do tipo “– Então desça da nuvem, coloque a bunda no banquinho e comece o trabalho. O instrumento é teimoso e só entrega o melhor de si pra quem se mostra digno”.

Se não é um aventureiro, o aluno deve pensar “Quero me tornar digno”.

Era esse tipo de decisão que minha antiga professora buscava obter.

Assim como eu aqui.

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