Canhotos, bancos, acertar os arpejos e aumento de preço
Hoje é dia de sopa de perguntas aleatórias.
Sem delongas, vamos misturar os ingredientes:
1) “Mestre, sou canhoto e apanho um pouco em coordenação motora. Tem algum método indicado para as ‘excessões’ como eu? Abração”
Não custa repetir:
Coordenação se resolve com foco total na sincronização das mãos, sem tentar dividir o cérebro em dois. Seguindo um repertório que varie esse trabalho de coordenação, logo se pega o jeito.
Esse negócio de “canhoto” e “destro” me lembrou de algo.
Três de cada cinco alunos “intermediários” que entram em contato comigo, estão nessa situação:
* Estudaram sem ordem nenhuma.
* Tocam alguns acordes fixos na mão esquerda.
* Tocam uma variação da mesma melodia na direita.
Nesse cenário é muito comum um aluno que toca a 10 anos e tem várias dificuldades de coordenação.
Quem está nessa situação, lembre-se:
Você precisa dar atenção a mão que foi negligenciada.
Duplique o tempo de dedicação na mão problemática.
2) “Caro Felipe. Gostaria que você me orientasse sobre dois pontos. A altura do banco do piano e a distância que o banco deve ficar do piano. Obrigada Floripes”
Fácil:
Procure meu vídeo “Postura mais normal pra tocar piano”
3) “eu treino bastante arpejos , mais tenho dificuldade de usá-los quando estou tocando , muitas vezes erro os dedos na região aguda , vc teria um exercício específico , pra memorizar bem?”
É bem provável que isso não tenha nada a ver com memorização.
Mas sim com o reflexo.
Treine os arpejos quão lento for necessário não permitindo errar uma nota.
Cuide pra não errar nada.
Isso vai fazer você se “acostumar” com o que é certo.
Depois disso você pensa em apressar o estudo.
4) “Parabéns Felipe, vc tem sido nosso professor, filósofo e psicólogo. grato”
Tudo isso?
Então tá na hora de aumentar o preço 😛
5) “Como faço pra aprender do zero com você, Felipe?”
Essa é a mais fácil de todas:
Faça sua inscrição no treinamento “O Pianista Aprendiz”.
Aqui estão todos os detalhes:
https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/
Como dificultar ao máximo um estudo
Assisti hoje um professor de artes marciais que explicou um combo do lutador Fedor Emelianenko: cruzado de direita + salto com gancho de esquerda. A explicação era necessária porque um cruzado + gancho não é uma combinação incomum, o problema está no “salto”.
Qualquer professor ou instrutor de luta dirá:
“– Jamais tire os dois pés do chão!”
Claro, é óbvio, sem isso o equilíbrio vai pras cucuias.
Digamos que isso é uma regra.
E tenho certeza que muitos petelecos já foram distribuídos por aí, na tentativa de lembrar o aspirante que jamais deve descuidar do seu equilíbrio.
Agora, por que Emelianenko dá esse salto?
Basicamente por que ele é o Emelianenko.
Ele domina todo o fundamento da luta.
E o principal problema do salto não está no salto.
Está na aterrissagem.
99.9999% das pessoas que tentarem saltar, vão aterrizar com desequilíbrio.
Emelianenko está no grupo dos 0.0001%.
Ele sabe como quebrar uma regra.
É óbvio que enquanto ouvia essa explicação, eu já fazia automaticamente uma relação com o piano.
Ás vezes pareço um papagaio aqui falando:
“Toquem devagar!”
“Toquem devagar!”
“Toquem devagar!”
“Só assim pra aprender corretamente o que fazer nos trechos mais difíceis”.
Mas essa regra que tento martelar na cabeça dos alunos, tem uma exceção.
Essa exceção é menos rara do que o salto na luta, mas ainda assim é uma exceção.
Explico-me:
De vez em sempre alguém me pergunta “Me dê uma lista com dificuldade progressiva de músicas” e como tenho muita experiência com esse tipo de pergunta, sei que na maioria das vezes ela esconde uma esperança mágica de que a progressividade de uma lista de músicas dará as habilidades que aquele aluno ainda não tem.
Isso não acontece porque uma lista de música estudadas genericamente não faz ninguém desenvolver habilidade nenhuma.
Somente o aprendizado guiado faz isso.
(Agora chegamos na exceção)
E todo professor sabe que dificultar um estudo que o aluno já faz, é uma das maneiras mais eficientes de fazer um aluno avançar.
Não é preciso de uma “coisa nova”.
É preciso de uma coisa “mais difícil”.
Então, em determinado ponto, alguns alunos podem tentar fazer aquilo que é tecnicamente mais difícil no piano:
Tocar rápido e forte.
Você pode pegar a música mais infantil que já toca.
Pode ser uma melodia bem simples.
Agora tente tocar rápido e forte.
Só rápido não é o bastante.
Só forte também não.
Não estou dizendo pra todos tentarem isso.
Claro que não.
O segredo ainda está em vencer as dificuldades lentamente.
Mas em certo ponto (que não é pra todos), o segredo não é dificultar sua rotina com músicas malucas ou incrivelmente virtuosísticas, mas tentar fazer aquilo que você já faz de maneira forte e rápida, sem perder o sentido musical.
Repito:
Isso não é pra todo mundo.
Talvez eu até me arrependa de falar isso por aqui.
We shall see!
Não exijo que nenhum dos meus alunos saiam tocando rápido e forte.
Mas é importante ter essas informações disponíveis.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
Cabeças-de-pudim são sempre impacientes
A impaciência é letal para o aprendizado musical.
Não me lembro de uma época com tantos impacientes quanto agora.
Por isso vemos tanta gente criando métodos de “aprender piano em 24 horas”.
É o perfeito casamento do “malandro” com o “consumidor” (ou cabeça-de-pudim).
Todo dia um malandro e um cabeça-de-pudim saem de casa e, quando se encontram, fecham negócio. O malandro prometendo mundos e fundos e o cabeça-de-pudim, mais apressado que cavalo de carteiro, aceita a promessa por mais esdrúxula que seja.
Lido com centenas de alunos de maneira virtual.
Sabe como é, informática não é ciência exata, os problemas que podem ocorrer são muitos.
Então as vezes acontece de alguém ter problema com senha…
Ou dificuldade em colocar uma aula pra tocar…
Ou de encontrar um link.
Enfim, muitos lidam com esses problemas de maneira adulta.
Mas alguns tornam-se loucos como galinhas agarradas pelo rabo.
Parece que o problema não foi com o acesso ao portal, pela reação parece que eu matei a família toda da pessoa.
Isso me entristece muito.
Pois indica que aquela pessoa não tem a paciência necessária pra avançar.
Sim, eu sei que problemas pra acessar algo que foi pago é uma coisa chata.
É terrível!
Faço o máximo pra evitar esses problemas.
Mas quem tem um ataque cardíaco por causa disso, certamente terá problemas pra estudar as lições.
Qual a moral da história?
Se o interessado pretende ir além de bater alguns acordes no teclado, então precisa tomar posse de algumas habilidades que não são apenas intelectuais ou teóricas, mas que necessitam de um aprendizado corporal (alguns diriam algo relacionado à “memória muscular”, mas, lembre-se, parecer científico é coisa de malandro).
Então, é preciso tempo e continuidade.
Logo, é preciso paciência.
Claro, sempre existe uma maneira mais eficiente de fazer esse estudo (como aquela que ensinei no vídeo “2 maneiras indispensáveis de estudar piano”).
Mas, sem paciência, tentar estudar música é mais inútil do que buzina em avião.
(Nota: Totalmente iniciante no piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Ser ou não ser racional no estudo de piano?
Vamos investigar a mensagem do meu aluno André Barbosa.
Um novo mundo pode se abrir a partir dela.
Aqui está:
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Oi Felipe, boa noite!
Entrei em contato com você algumas vezes, e em todas pra te pedir alguma ajuda, tirar dúvidas e até conselho, como na última em que lhe perguntei sobre mestrado.
Mas hoje venho exclusivamente pra lhe agradecer!
Tive contato com seu trabalho a aproximadamente um ano e meio atrás se não me engano!
Vi alguns vídeos seus no Youtube, depois acabei indo ao seu site no aprendendo piano, e me lembro que quando vi você falando a palavra atravancado, já me identifiquei de cara! (Era bem assim que me sentia)
Na ocasião, eu estava no último ano da faculdade, tocando algumas coisas já consideráveis ao piano, preparando para o recital de formatura, mas a sensação que me dava eu que não estava preparado, (Acho que esse foi o assunto do primeiro e-mail que te enviei)
Bom, de lá pra cá comecei a ver seus vídeos no youtube, fiz o seu treinamento de técnina criativa, leio seus e-mails, constamente, e hoje em dia aos sábados de tardinha, é como se eu tivesse uma aula de piano, rsrs pois já fico de olho no youtube esperando um novo vídeo seu.
Hoje parei pra pensar no que aprendi com o Felipe Scagliusi:
Sobretudo, aprendi a ser mais racional como pianista, nesses quase dois anos em contato com você, percebo que meu estudo ao piano é mais cirúrgico! Antes era como se eu tivesse um paciente com um problema no coração, e eu insistisse em operar o dedão do pé! Logo o problema nunca era resolvido. Talvez por isso a minha constante sensação era de que algo não estava indo bem! O atravancado!! Entendi que um pianista pode alcançar um bom nível de pianismo não pela dificuldade da peça que toca, e sim pela capacidade de estudar racionalmente! Tanto é que já toquei peças difíceis em que estudei da pior forma, e os resultados foram horríveis!!
Enfim Felipe, desculpe se falei besteiras, mas queria de alguma forma agradecer pelo seu trabalho! Tem sido imensamente proveitoso pra mim como pianista!!
Um muito Obrigado!!
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Fujo, como o diabo foge da cruz, da palavra “racional”.
Atualmente “racional” está ligado com “científico” que está ligado com “verdade”.
E todo ano aparece um revolucionário alardeando um aprendizado “científico” de piano.
O “científico” aí tem apenas função de propaganda.
Com toda certeza esse é um recurso discursivo que não quero utilizar com meu alunos.
Mas o André tem razão.
No sentido de adquirir uma capacidade de decidir qual a melhor maneira de agir por meio de juízos anteriormente conhecidos, sim, ensino uma maneira “racional” de estudar piano. Isso é imprescindível pois muita gente encara a música apenas como uma chuva.
Como assim?
Se vivêssemos em algum lugar com poucos rios, poderíamos coletar água da chuva, certo?
Estaríamos sempre dependendo que, por milagre, a chuva caísse.
Acontece que é possível cavar a terra e encontrar uma fonte de água constante.
Claro, isso exige trabalho.
É preciso cavar a terra.
É preciso direcionar essa água pra algum lugar.
Algum cuidado especial sempre haverá pra que ela não fique contaminada…
Enfim, as condições de “trabalho” e “cuidado” são muitas.
Mas é a condição necessária pra ter água constantemente.
E não apenas quando São Pedro decidir.
Por isso ensino do jeito que ensino, sempre buscando a solidez do resultado.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
Não seja um bandido molhado
Esta semana um aluno particular me importunou com a questão de ter de tocar em ambientes gelados. Isso é algo que me perguntam frequentemente. De fato ter as mãos geladas por causa disso dificulta muito tocar piano. Até agora eu não tinha sentido vontade de falar sobre esse assunto. Não mais!
Esse aluno sugeriu utilizar uma daquelas luvas de lã com os dedos cortados.
Estilo a luva dos bandidos molhados do filme “Esqueceram de Mim”.
(Ou “bandidos grudentos” conforme a fase considerada)
Mas não recomendo essa tática.
Recomendo outras.
Bem mais esquisitas do que luvas.
Aqui está o vídeo:
(Nota: Quer iniciar seus estudos de piano ou teclado sem vícios? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Dia especial para segredos
Pela baixa quantidade de mensagens que recebi, deduzo que muita gente está aproveitando o feriadão de 7 de Setembro.
Isso quer dizer que pouca gente vai ler isso daqui.
Ótimo!
É com pouca gente que quero falar hoje.
Principalmente para os meus alunos intermediários/avançados.
Alguns dias atrás anunciei que iria abrir a oportunidade de participar do meu grupo VIP.
Bem, as coisas ainda não estão prontas pra receber novos alunos.
Mas quem já é meu aluno VIP, terá acesso este mês a aulas especiais pra lidar com Chopin.
A primeira aula foi publicada hoje no portal especial.
Os tópicos dessa primeira aula são:
* Estudaremos o Noturno op. 15 n. 3 que, apesar de não apresentar características de virtuosismo, tem muitos pontos difíceis de controlar, com uma mão esquerda muito delicada e um ritmo bem característico.
* Chopin é o rei do cantabile, então nada melhor do que começar por ele a considerar a vocalidade das peças.
* O romantismo é com certeza a época de ouro do cantabile.
* Quais são os pontos de atenção principais de acordo com as características de Chopin.
* Considerando a posição das mãos pra trabalhar o cantabile.
* O que fazer com o 3º tempo de cada compasso.
* Como estudar o legato de Chopin.
* Como estudar o rubato (considerando os acentos e ligaduras) para esta peça.
* O que fazer pra não forçar os acentos, mas para deixá-los bem expressivos.
* Juntando todos esses parâmetros pra entender a característica própria do cantabile.
* As opções de pergunta-resposta para o trecho estudado.
* A fumaça da mão esquerda e a marreta da mão direita.
* Considerações sobre o uso do pedal e sua relação com a mão esquerda.
Espero que esta semana mesmo esteja tudo pronto pra que novos alunos possam entrar e aproveitar essas aulas.
Em breve mando mais notícias.
Bons estudos!
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
O que vocês têm contra aprender?
Certamente esta é uma pergunta retórica.
Já sei a resposta.
“Nada”.
Se alguém estiver andando de maneira distraída pelas ruas e um repórter abordar essa pessoa de surpresa, fazendo a pergunta “O que você tem contra aprender?”, tenho plena certeza de que a reposta será “Nada” ou “Nada! Adoro aprender!”
Muito bem.
Agora esqueça essa resposta para o repórter.
Não é pra ele nem pra mim que você deve responder essa pergunta.
É pra você mesmo.
Se mesmo assim a resposta for “Nada”, então vamos pra próxima.
“Você quer aprender a tocar piano?”
Ou
“Você quer melhorar sua capacidade ao piano?”
É mais uma pergunta retórica.
Se você está visitando uma página chamada “Aprendendo Piano”, então a reposta é “sim”.
Ok, revisando:
Você não tem nada contra aprender e quer aprender piano (ou melhorar suas habilidades).
Agora estamos prontos pra constatação mais importante de hoje:
Se você por acaso tentar estudar uma música, mas os trechos estão muitos difíceis. Ou se por acaso você está tentando tocar sem precisar olhar para as teclas, por qualquer motivo que seja (ou acompanhar a partitura, ou seguir atento aos integrantes de uma banda etc…). Ou se você quer ir além da dupla acompanhamento + melodia, mas está difícil domar as mãos…
Enfim, pra qualquer variação desses problemas que não são puramente teóricos.
Pra resolver, você precisa REDUZIR a velocidade ao estudar.
Aquele trecho difícil deve ser dividido e tocado lentamente.
Sem essa de “Ai, Felipe, não consigo tocar sem olhar pro teclado”…
Besteira!
Reduza a velocidade do que você está fazendo e tente acertar as notas.
É impossível que você não consiga.
(Não esqueça de utilizar a sua própria “Regra dos 3 Dias”)
Se a sua mão esquerda (ou direita) é um peso morto, então dê atenção especial pra ela, seguindo lentamente e com variação de articulação o mesmo trabalho que você dedicou a outra mão que é mais espertinha.
É aí que separamos os homens dos meninos.
Se qualquer um de vocês NÃO está disposto a isso, então deveria ter respondido “Tenho tudo contra” para a pergunta feita no título desta mensagem.
Por que é com essa dedicação e vontade de vencer as dificuldades que a resposta é realmente respondida.
E não somente com a boca.
(Nota: Quer realmente realmente realmente entender como iniciar seus estudos de piano ou teclado? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Resposta de um guri malcriado
Aqui está um resumo da mensagem da Márcia Matos, que contém uma pergunta interessante:
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Olá, professor!
< censurando informações pessoais >
Já lhe contei toda a história de como o conhecí, sobre todo o material de estudo que você nos proporcionou…enfim…! Às vezes sinto a impressão e até mesmo pretensão, de ter sido uma de suas primeiras alunas online. Sou fuçadora de internet e na ocasião, como andava desesperada a procura de um professor de música clássica…, você caiu do céu como um verdadeiro milagre(milagres existem, viu!?).
Através do seu vídeo, abracei a Sonata Moonlight como estudo de técnica. Cheguei a pensar se daria conta de aprendê-la. Tentei tocá-la, mas não tinha conhecimento de andamento, ritmo, melodia…nada! Comecei a ouvir diversos intérpretes como a Valentina Lisitsa, Nelson Freire, Daniel Berenboim, Evgeny Kiddim, Yundi Li, entre outros; além de assistir seu vídeo umas 200 vezes. Havia colocado na cabeça altas doses de obstinação, determinação, disciplina e paciência para aprender. É óbvio que os emails encorajadores, que nos impulsionam direto pra frente e seus vídeos informativos, não tinha como dar erro. Ou eu aprendo ou aprendo e ponto final!
É claro que passei pelos momentos de baixa e certamente tornarei a passar. Mas, eu tenho um grande pequeno companheiro, que é do tamanho de um celular pequeno, é um gravadorzinho da sony. Ele é mega funcional, pois quando estou meio lerda…PLIM! Ligo e começo a ouvir trechos de seus ensinamentos e aí dou uma disparada e vou para o piano.
Seguindo suas dicas, estudo frase por frase e com essa atitude, já desenvolví bastante a força dos dedos 4 e 5. Eu não conseguia cantar com o dedo 5 a bela melodia de Moolight e agora consigo, inclusive dar vida nas passagens das colcheias. Fico radiante porque começo a entender as frases, os acordes disfarçados em variações. Gurí, você não existe! Como você é bom de alma, de TUDO!
Estou quase na metade da sonata. Toco ainda devagar e até que não erro muito. Preciso equilibrar o som das teclas em cima da música.
Os dedos, as vezes, são desobedientes e para melhorá-los um pouco, eu solfejo em voz alta na tentativa de equilibrar a força deles e compassa-los mais corretamente, esforçando-me a dar melhor sentido harmônico que a música propõe.
Felipe, falando agora em partituras, tenho algumas dúvidas: Porque é usado o símbolo x(parece que significa um sustenido dobrado) e não ir direto para a nota em questão? Significa sustenido dobrado mesmo?
O mesmo ocorre com B# = Cnatural e E# = FÁ natural. Não poderia ir direto para o DÓ e o FÁ? É por causa dos acordes ascendentes?
< pulando para o trecho final >
Obrigada pelo tempo que você dispõe em nos enviar emails, apenas com o intuito de nos ajudar. Eles são poderosos e cômicos ao mesmo tempo. As vezes, cheios de má-criação hahaha!!! Mas eu tenho a impressão que nem você tem consciência de tamanha força e poder de suas palavras. Sem demagogia (odeio isso), você é um ser humano extraordinário, guri!
< pulando para a despedida >
Obrigada por tudo professor. Um abração à você e a família. Desculpa o momento de descontração.
Márcia Matos
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Sei que pareço malcriado, mas quem me conhece pessoalmente sabe que não sou.
Acontece que desprezo a mentalidade lua-de-cristal que domina a internet.
E estou sempre procurando formas de me distanciar dela.
Bem, cortando o papo furado.
Partindo pra resposta da pergunta da Márcia…
Simples:
Os compositores usam essas notações esquisitas por coerência teórica.
Pra manter o padrão de sua arquitetura, as escalas devem passar pelas 7 notas.
Obrigatoriamente algumas notas ficariam de fora de algumas escalas.
Então se utiliza o “dobrado”.
“x” para o dobrado sustenido.
“bb” para o dobrado bemol.
Mesma explicação para o MI# que é o Fá natural.
Claro que essa coerência teórica não serve apenas pra ter coerência teórica, ela é um grande auxiliar de que está executando aquela partitura. Fica mais fácil de identificar uma mudança de tonalidade, ou uma volta pra uma tonalidade anterior ou a permanência naquela tonalidade. Assim o intérprete bate o olho e já sabe o que está acontecendo.
Afinal a tonalidade é a base da “cor” musical.
Por isso é importante facilitar sua identificação.
Capisci?
(Nota: Quer entender como iniciar seus estudos de piano ou teclado sem vícios? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Como ter uma semana produtiva no piano
Aqui vão algumas recomendações gerais de estudo de piano.
Antes vamos estabelecer algumas premissas:
* Recomendações gerais não desenvolvem habilidades.
* É preciso colocar a mão na massa e achar as dificuldades que, aí sim, podem ser resolvidas e o caminho para o verdadeiro desenvolvimento fica aberto.
* Quem já é meu aluno, deve seguir as orientações dadas nos treinamentos.
Ok, dito isso, vamos cair direto no assunto…
Primeiro defina uma meta pra semana.
Pode ser uma pequena peça…
Pode ser um exercício…
Uma escala…
Um trecho difícil qualquer.
Depois disso você precisa entender onde realmente está. Já consegue executar a tal meta com as duas mãos? E com cada mão separada? Ao menos sabe quais são as notas? Se já sabe as notas, entendeu bem o ritmo? Encontrou uma velocidade que não desfigure o sentido musical?
Essas são perguntas básicas.
Encontre uma pergunta que seja adequada ao seu nível e meta.
Assim que encontrar seus parâmetros não realizados, é bom se concentrar neles.
Um são parâmetros mais fáceis…
Outros mais complicados, como o ritmo, velocidade, fluidez etc.
Procure encontrar alguma atividade de apoio pra realizar a meta.
Quem sabe isolar a peça em pequenos trechos.
Ou estudar solfejo pra compreender bem o ritmo.
Ou reduzir a velocidade geral pra conseguir organizar o tempo da música.
Se o problema é mais interpretativo, ajuda muito dificultar a tarefa pra assentar bem sua habilidade de lidar com cada trecho a ser executado.
Enfim, se o restante da sua semana você se dedicar nesse tipo de tarefa ou ao menos correr atrás do que pode ajudar a resolver o problema, pode ter certeza que será uma semana produtiva.
Pode ser que você não consiga alcançar a meta.
Mas o importante é que alinhou seu navio na direção dela.
Conforme você mantém essa dinâmica de estudo, sua própria capacidade de encontrar as metas corretas vai melhorando.
Claro essa proposta geral é simples.
Não é fácil colocá-la em prática.
Mas é preciso começar.
Bons estudos!
(Nota: Quer entender como iniciar seus estudos de acordo com minha visão musical? Então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Assobiar, chupar cana e tocar piano
Inegável:
A primeira coisa impossível de se fazer ao piano é coordenar as mãos.
É como assobiar e chupar cana.
Ou um quadrado redondo.
Mas, com o estudo certo, o estudante percebe que não é impossível.
OK!
Acontece que as coisas impossíveis não param por aí.
Uma das mais desprezadas pelos professores é a capacidade de utilizar forças diferentes entre as mãos. Claro que os professores não falarão nada sobre isso. Primeiro porque não incentivam muito que o aluno tenha um instrumento sensível. Segundo porque essa aplicação de diferença entre as mãos exige alguma experiência prévia.
A beleza de uma música está bastante relacionada com a hierarquização das coisas.
Entre notas.
Entre acordes.
Entre frases.
Entre as mãos.
etc…
O uso de mais força na mão direita é muito comum pois normalmente a mão direita estará executando a melodia, em que a força aplicada deve ser maior do que a da mão esquerda, que executa um acompanhamento.
Porque é na melodia que está o sentido.
Então ela precisa ser destacada.
Portanto existe uma hierarquia.
No dia a dia estamos sempre utilizando forças diferentes entre as mãos.
Conseguimos porque nosso dia a dia é “nosso” mesmo.
Precisamos chegar mais ou menos no ponto de a música ser “nossa” (no sentido de experiência) pra que a diferença de força seja possível.
A consciência clara disso ao piano pode ser estudada, começando por praticar um dedo de cada vez.
Essa etapa é importante por alguns princípios corporais básicos:
* Qualquer coisa que exija o uso do nosso corpo, precisa primeiro criar a memória desse uso.
* A memória gera uma sensação própria.
* A sensação própria é o que liberta tecnicamente o aluno.
Ou seja:
O aluno cria uma habilidade.
Uma capacidade de fazer “sem pensar”.
Então quem quer começar a exercitar essa dinâmica, pode procurar o exercício pra cada dedo no meu canal do Youtube.
Basta procurar:
“Exercício para aplicar forças diferentes entre as mãos”.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)