Ao explicar a necessidade do estudo do repertório erudito para o desenvolvimento técnico, recebi a seguinte mensagem:
“Fui traduzida em um texto!!! Por aprender sozinha para tocar na igreja, era sempre um tocar meio mecânico, absorvendo o estilo de outros… Como tudo na vida evolui e meu meio evoluiu também, quando pessoas com formação clássica começaram a criar arranjos para os hinos, eu simplesmente me vi sem conseguir executar muitas coisas no meio do arranjo. Eu não deixei de “tocar”, mas confesso que me sinto meio frustrada. Encontrar esse site me deixou feliz pq ao invés de partir para um estudo de um instrumento novo vou começar de fato a estudar o instrumento que sempre amei. Muito obrigada!” (Susanne Vasconcelos)
Essa mensagem retrata a condição atual do entendimento musical no Brasil.
Na França e na Itália, a música popular sempre foi influenciada pela música erudita.
O resultado foram músicas muito mais belas e menos repetitivas.
Aqui o ensino de piano é visto em analogia com o violãozinho na roda de churrasco: tocar uns 3 ou 4 acordes já é o suficiente, e se fizer algumas inversões então, nossa!, você é o mestre. Tem o mesmo status dos violeiros-mirins que fazem pestana, :P.
Isso é um aviso:
Nunca vou ensinar a melhorar a sua “harmonia” da mão esquerda, e nem a “turbinar” os seus arranjos.
Você vai encontrar professores em número suficiente por aí que podem lhe ajudar a fazer isso.
Meu objetivo maligno é que você entenda a verdadeira beleza que reside na música.
Para compreender essa beleza, é necessário primeiro algum contato com ela, por isso o repertório erudito é importante não apenas pelo desenvolvimento técnico, mas pela capacidade de afinar a sua percepção e sensibilidade musical.
A experiência que a Susanne relatou na mensagem acima, é a experiência quase cotidiana que sinto com os alunos particulares:
Frustração por não conseguir sair do lugar e uma sensação de não estar realmente entendendo o instrumento e a música.
Por isso, os alunos que estejam interessados no repertório popular, que façam um estudo misto com o repertório erudito.
Algumas pessoas confundem o que estou dizendo.
Pensam que me refiro a estudar o instrumento para tocar em orquestras e recitais.
Algumas até me respondem dizendo que querem apenas tocar para si mesmas, pois não tem nenhuma pretensão de sucesso.
Bom, isso só indica que essas pessoas não entendem do que estou falando.
Caso meu objetivo fosse colocar todo mundo em um nível de orquestra, a primeira coisa que eu diria é: “agora isso é a sua profissão e você precisa estudar de 5 a 8 horas por dia”.
Você já me ouviu falando isso?
Ao contrário, sempre indico como suficiente 20 minutos diários, até que chegue, gradativamente, a 1 hora por dia.
O ponto aqui é que essa 1 hora deve ser preenchida quase que “sem querer”.
Preenchido pela própria evolução normal do seu aprendizado.
É para formar esse tipo de estudante de piano que estou aqui e espero continuar contribuindo por muito tempo.
(Nota: Se você quer entender como começar no piano, então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)