Dilema que algumas pessoas enfrentam:
Assim que entram em contato com o universo musical e percebem o quanto é vasto e intrincado, sentem a necessidade de conversar sobre o assunto com alguém, afinal, nada melhor do que tentar enxergar o assunto por outra perspectiva, na esperança de vê-lo mais claramente.
Mas muitos não encontram esse alguém.
Também enfrento uma situação parecida com meu trabalho pela internet.
A maioria dos interessados já chega com uma visão pré-concebida de como aprender, e estão apenas dispostos a fazer exigências e não de parar, prestar atenção e entender o que estou explicando.
Nos dois casos é preciso encontrar quem está disposto a “entender”.
Vejamos se consigo explicar melhor:
Como professor meu objetivo é, obviamente, ensinar a tocar piano.
Rapidinho percebi que não posso ensinar a todos.
Como disse acima, existem pessoas que não estão totalmente abertas a entender.
Aprendi que não devo dar atenção a essas.
Em um primeiro momento pode parecer algo contra-intuitivo e cruel.
Já gastei uma enorme quantidade de tempo e palavras tentando convencer por vários ângulos imagináveis qual seria a melhor abordagem possível pra determinados problemas pra algumas pessoas. Mas elas simplesmente não entenderam. A estratégia que adotei é de explicar meu ponto de vista aos poucos e me dedicar aos que conseguiram captar algo…
Aqueles que mais sentiram que o assunto foi iluminado em algum ponto.
O efeito colateral foi:
Os que não entenderam têm a chance de manter algum contato com o material que publico e, quem sabe, alguma fichar cair e, portanto, conseguir tirar algum proveito.
É um resultado fantástico!
Percebo que as pessoas que em um primeiro momento não captaram o objetivo, têm a liberdade de tentar digerir o assunto ou mesmo de procurar seu caminho em outro lugar.
Enquanto outras logo captam as pérolas e se mantêm avançando.
Qual o ponto dessa história?
Dependendo do temperamento do estudante, ele não consegue sozinho se envolver com o mundo da música.
(Aliás, é um universo e não apenas um mundo)
Isso faz com que necessite de amizades que entendam desse universo.
É uma necessidade de conversar, de trocar experiências sobre o assunto.
A primeira tentativa quase sempre é de envolver familiares.
Quase sempre essa é uma tentativa frustrada.
A intimidade familiar pode fazer com que não nos levem a sério.
Aí é preciso da estratégia de encontrar pessoas que te entendam.
Tente envolver os amigos.
Se não deu certo, provavelmente é necessário buscar novas amizades.
Não é um negócio trivial de se fazer, mas comece pelos lugares que você frequenta.
(O que exige o abandono do comportamento de eremita musical 😛 )
O fato é que algumas pessoas precisam disso, principalmente pra reforçar seu ânimo e seu entendimento da “mentalidade” musical, e não porque são “carentes”. O importante é nunca forçar a outra pessoa, pois como mostra meu exemplo particular, forçar não apenas é inútil, como aborta qualquer chance da outra pessoa entender. Nada me deixa mais com a sensação de dever cumprido do que ver alguém que pegou minhas explicações.
Aqui está um exemplo de uma aluna que juntou algumas partes:
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Vou ter prova bimestral com banca e no auditório novamente; já estou relembrando do dane-se, tanto faz.
Mas, como bem você falou, no Brasil o processo de alfabetização no piano é precário. Estou tendo que me virar para preencher as lacunas: a soltura e independência dos 3º e 4º dedos, a independência das mãos, a busca pela sonoridade, o desenvolvimento do ouvido, da atenção… Em fim, são muitos desafios!
O mais interessante, é que tenho você na minha mente também, junto da minha professora daqui! Seus ensinamentos tem me acrescentado muita qualidade, trabalhado a questão da resolução de problema, de estudar com a razão e sem “chororô”, as questões técnicas, as questões da ansiedade (descobri que vou deixar de ser cabeça-de-manjar!!! KKK)…
Sobre os acréscimos dos estudos de piano, você está coberto de razão, como tem me feito melhorar. Sou acelerada demais, mente agitada, sempre fui. Agora, estou num processo de autoconhecimento; trabalhando e buscando a calma, paciência e tranquilidade; além da segurança. Tenho melhorado como pessoa, comigo mesma. Isso está me fazendo muito bem; ainda que o aprendizado do instrumento não seja fácil. Mas, todo o processo tem me trazido a perseverança e a insistência também!!! rsrsrs
Me dá vontade de sempre responder a todos os emails, mas sei que não é viável.
Contudo, te escrevi esse monte porque você também dá essa abertura e já sinalizou que lê.
Obrigada por tudo!
Abraços,
Michela Marques
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Pode até ser que se o estudante parar com aquele chororô do “ahh, ninguém me entende”, ele acabe conseguindo convencer algumas pessoas próximas que a música é algo mais maravilhoso do que parece.
(Nota: Você acha que está pronto pra dar o primeiro passo em direção ao piano? Então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)