Na prática a teoria é outra
Algum tempo atrás, um daqueles que dizem “gostei das suas aulas, mas…”, pediu pra que eu enviasse um material sobre o seguinte:
* Desenho de todas as claves.
* Explicação dos intervalos e suas aplicações estruturais.
* As figuras rítmicas e seus respectivos ditados.
* A formação de acordes e suas relações harmônicas.
* Os estilos musicais e suas formas rítmicas.
* Explicação dos vários adornos musicais.
* blá, blá, blá…
Ele sugeriu que eu escrevesse tudo isso em um PDF e colocasse à venda.
Prometeu que seria um dos primeiros compradores.
A minha resposta foi:
“
Alberto,
Todas essas informações são importantíssimas e necessárias, mas percebo uma preferência pela teoria. Como você pretende exercitar ‘os acordes e suas relações harmônicas’? Sendo mais direto: como você vai executar tudo isso no piano?
“
E a resposta foi:
” Não sei, mas vou dar um jeito. Tem alguma sugestão? “
Veja bem, não acho que a teoria esteja em segundo plano.
Nem que não possa ser estudada isoladamente.
Tanto pode como existem pessoas que se beneficiam intelectualmente somente estudando teoria musical.
Minha objeção é quanto às pessoas que pretendem aprender a tocar, mas não percebem que o seu corpo precisa aprender a fazê-lo.
Isso é algo que a teoria não pode ensinar.
Na época só pude pedir para o Alberto aguardar mais um pouco, mas tanto ele como você podem agora aproveitar “O Pianista Aprendiz”.
Praticamente todas as dúvidas teóricas podem ser resolvidas com uma simples consulta ao Google, mas você precisa entender como colocá-las em ação.
Essa é a metodologia de “O Pianista Aprendiz”.
Inscreva-se aqui:
https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/
Qual o melhor jeito de aprender piano?
Muitos que buscam material pela internet, querem aprender piano de modo autodidata.
Buscam alguém que diga: faça isso…
faça aquilo…
e pronto.
Sempre algo com um tom de “passo-a-passo”.
Esse é um pensamento clássico dos autodidatas.
Acontece que esse pensamento “autodidata” esconde uma confusão primordial:
Não existe “mestre de si mesmo”.
Você terá sim um professor, embora não de modo presencial.
Quem viveu os anos 80, certamente se lembra dos cursos por correspondência do tipo “Kung Fu Sem Mestre”.
É um nome engraçado, muito impactante, mas é apenas um exagero.
Afinal, quem criou o conteúdo todo senão um mestre?
Mas, claro, você não precisa acreditar em mim.
Simplesmente faça o teste:
Pegue qualquer receita de aprendizado e tente aplicar.
Alguma coisa você consegue.
Mas muitas dúvidas e dificuldades aparecem.
Bom, o ponto central que quero esclarecer é o seguinte:
Dê preferência para aulas presenciais com professores particulares. Essa sempre será a melhor maneira de aprender. Não importa a maravilha que seja um método de ensino, todo contato pessoal envolve algo que não está fechado em um roteiro fixo. E isso é excelente! Claro que existem outros pontos a serem analisados: O professor é bom mesmo? Tem boa didática? Posso pagar o preço de uma aula particular? Tenho acesso a algum professor na minha região?
São perguntas importantes e decisivas.
Por isso existem outras modalidades de aprendizado.
Um exemplo é a enxurrada de material disponível na internet — um pouco caótico, é verdade — e as dezenas e dezenas de materiais impressos que estão à venda.
Então, quando você precisa recorrer a esse material, as perguntas anteriores se mantêm (O professor é bom mesmo? Tem boa didática? etc), mas uma nova dificuldade é acrescentada: o parâmetro disciplinar.
Se você paga um professor particular ou uma mensalidade em uma escola de música, pelo menos estará estudando naquele momento em que o professor está presente.
E no ensino online?
Aí você está por conta!
Por isso é muito importante que você tenha muito claro para si mesmo os objetivos e sonhos ao piano. É perfeitamente possível que você aprenda a tocar por meio de ensino online, mas precisa sair do passivo e ir em direção ao ativo.
Tenho feito dezenas de testes e tentativas de melhorar a maneira de ensinar pela internet, principalmente me afastando da infantilização excessiva, e os resultados tem sido cada vez melhores.
Espero que você se mantenha firme nos estudos do instrumento e, cada vez mais, perceba como é importante manter a disciplina de estudos.
E se você precisa de material organizado para estudar…
Não perca a oportunidade de se inscrever no “O Pianista Aprendiz”:
https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/
Não leia isto (a não ser que queira aprender piano…)
O que uma arara disse depois de sobrevoar a internet?
— CAOS!
— CAOS!
— CAOS!
😀
Eu sei, foi uma piada ruim…
Ainda assim ela é verdadeira.
Mesmo existindo muita coisa boa sendo distribuída abertamente na internet, em alguns casos precisamos de um conteúdo organizado e confiável.
Por isso utilizo a internet como ferramenta para publicação de materiais sobre piano.
É fácil e acessível, e posso encontrar interessados em aprender, já que todos recorrem à internet para procurar soluções.
Por isso faço meu material focado em resolver dificuldades e dúvidas.
As pessoas estão atrás de soluções…
Então é solução o que ofereço.
Mas o formato da internet praticamente conduz ao caos.
Não somente pela quantidade de coisas publicadas, mas a própria facilidade em que o usuário pula de uma coisa pra outra…
Responda-me se não é verdade:
Você tira um tempinho pra assistir algum vídeo e vai pulando de vídeo em vídeo, totalmente fora de controle…
Quando viu, lá se foram horas desperdiçadas.
Bom, quanto ao conteúdo sobre o piano, me disponho a lhe fornecer algo mais organizado e sem me esconder.
Sempre respondo as mensagens mais sensatas.
Um forma de resposta é o treinamento “O Pianista Aprendiz”.
Se você percebeu que meu estilo de ensinar pode conduzir até o aprendizado de piano, deixo aqui disponível um treinamento que visa resolver de vez os problemas práticos que você vai enfrentar no piano. Qualquer dúvida teórica sobre música pode ser sanada com uma simples consulta ao Google, mas ter um caminho claro para a conquista prática do piano, já não é tão fácil.
E que termine o reino do caos!
Seja feita a luz!
E não importa se você é um total iniciante ou intermediário no piano…
Aqui está uma possível solução:
https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/
3 maneiras erradas de estudar piano
Não é sempre que temos energia pra estudar da maneira correta.
Aquela maneira que nos faz colher mais frutos.
Tenho plena consciência disso.
Também tenho de lidar com essa falta de concentração.
E para esses momentos, faça aquilo que você achar conveniente:
* Estude uma nova música que você achou bonita;
* Explore alguma coisa de teorial musical;
* Tente criar algum exercício maluco, etc.
São momentos que devemos conduzir com leveza.
Agora, se estamos falando do pão mesmo, daquilo que vai encher nossas barrigas (e não simplesmente do Chocolate Surpresa com figurinhas de animais que nos deixa contentinhos)…
Então os seguintes erros são comuns:
1) Tentar tocar o trecho como se já fôssemos mestres faixa preta:
Por que não aproveitar o momento de concentração pra lidar pacientemente com as lições?
2) Não ter um objetivo:
Tudo bem, nos momentos de chocolatinho você faz a coisa sem atenção, mas no momento de estudar mesmo, você precisa ter certeza de que está tentando resolver algum problema, ou tentando completar um pequenho trecho, um pequeno compasso.
Qualquer coisa que se coloque como objetivo, já nos dá mais foco.
3) Criar uma rotina fácil demais:
Pra dar o petisco que nosso ego nos pede a todo momento, como um cachorrinho pidão, não nos propomos desafios.
É sempre o mesmo tipo de música.
O mesmo 4/4 apenas com semínimas.
É claro que você pode ser feliz lidando com o piano apenas dessas 3 maneiras.
Você só não pode avançar.
Existem mil maneiras de você se enganar que está aprendendo piano…
E tudo bem, explorar e fazer as coisas apenas com leveza é extremamente necessário.
Mas pra ter segurança você precisa de desafios e saber como resolvê-los.
(Nota: Quer aprender piano e entender quais são os desafios iniciais? É iniciante? Então conheça os princípios do instrumento no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Você não precisa tocar piano bem
Quando perguntei se já havia tocado algo do Minicurso, a Rosely Atanes respondeu ao e-mail assim:
“Estou me aperfeiçoando…
tocando ‘Primavera’…
Sou exigente comigo.
E ainda não passei para a próxima.”
Esse negócio de “sou exigente” e “ainda não passei pra próxima” me lembrou o seguinte:
O estudante deve buscar fluência, mas, não adianta, ele não vai tocar bem.
Perseguimos um ideal do tipo: cada lição precisa ser um diamante polido.
Mas não é assim que as coisas funcionam.
A verdade é que você não precisa tocar bem, mas precisa PERSEGUIR o tocar bem.
Por isso sempre falo em imitar o resultado musical que o professor está fazendo.
Isso vai ensinar aos poucos, deixando o iniciante consciente do que precisa fazer até chegar ao ponto que não precisa mais pensar nisso pra tocar bem.
Lembra-se de quando você começou a escrever?
Letra tremida, incompreensível, fora da margem, às vezes até do avesso…
Mas você não precisou deixar o “A” perfeito pra ir até o “B”.
Assim é na música, você vai perseguindo o resultado, sem esquecê-lo, tentando alcançá-lo com vontade, mas não pode ficar paralisado por causa disso.
(Nota: Quer aprender piano? É iniciante? Então conheça os princípios do instrumento no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Aprender piano com um tecladinho de bichinhos da fazenda
Quando me perguntam sobre a qualidade de tal ou qual instrumento, minha resposta é:
“Qualquer instrumento é melhor do que instrumento nenhum.”
Mas, contando com o seu bom senso, isso não quer dizer que se possa usar um daqueles tecladinhos de criança que fazem sons dos animais da fazenda: tem a ovelha, a vaca, a galinha, o galo, o pato, o porco…
Realmente é bem completo, mas não serve para nosso propósito.
Sempre recomendo um piano acústico, mas como não existe uma recomendação genérica e são muito caros, você pode sim aprender com qualquer tipo de piano ou teclado que estiver a mão.
Nunca deixe de estudar por falta de um instrumento melhor.
Ainda lembro do tecladinho de 5 oitavas que usei por muitos meses.
Então, se é só um tecladinho de 4 ou 5 oitavas que você tem acesso, que seja com ele.
Só não com o tecladinho da fazenda.
Nem o da floresta.
Se você quer uma recomendação mais direta, pesquise a linha P da Yamaha ou linha Privia da Casio. Existem vários modelos e algum pode ser encaixar no seu bolso.
(Nota: Depois de conseguir um instrumento, não esqueça de buscar o material de estudo. Conheça os princípios do instrumento no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Como ofender uma pessoa elogiando-a
Publique constantemente algo na internet e é apenas questão de tempo pra começar a receber ofensas.
Ainda mais se você falar sobre música, que é algo tão querido para muitos.
Essas ofensas são comuns vindas de perfis falsos.
Covardia ou “macheza de internet” é algo muito deprimente, não é mesmo?
Mas, realmente, me chamar de babaca, de desgraçado, xingar minha mãe…
Nada disso me ofende.
Ainda mais se vier de um total desconhecido.
A coisa que mais me ofende é a seguinte:
Qualquer aluno, que goste muito de estudar piano e faz parte dos meus treinamentos, já tendo evoluído algo nos estudos, vira pra mim e fala: “Nossa, professor, eu nunca vou chegar a tocar como você, você tem um dom”.
Peraí, “dom”?
E todo o tempo que dediquei estudando esse instumento, não conta?
Foi só um raio mágico que Zeus jogou e pronto?
E o fato de eu criar um site chamado “Aprendendo”, indicando que o aprendizado é contínuo, isso não importa?
É claro que não fico ofendido de verdade.
Entendendo perfeitamente o que o aluno quer dizer.
O que me preocupa, e esse é o verdadeiro motivo desta mensagem, é que os interessados em aprender a tocar piano saibam que esse papo de “dom” ou “vocação”, do jeito que é normalmente entendido, é uma noção falsa. Sim, existem pessoas que nasceram excepcionalmente dotadas para a música…
Mas, mesmo essas, se não estudarem, estarão apenas desperdiçando talento.
Por isso acho mais eficiente mostrar como resolver os principais problemas.
Para que os alunos saibam que tudo é contornável.
Sem precisar de um “dom”.
(Nota: Se você é mesmo iniciante, então conheça o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
Como escolher o melhor dedilhado para piano

Este assunto é muito útil para levar os iniciantes a visualizarem como o treinamento técnico é indispensável. A parte “dura” e “chata” do trabalho gera as CONDIÇÕES da boa execução — deixando de ser dura e chata quando realmente entendemos o motivo de sua existência.
No caso dos dedilhados, é no estudo das escalas e dos arpejos que encontramos as soluções necessárias para uma escolha sem prejuízo. As dificuldades naturais que os nossos dedos têm de alcançar uma CONTINUIDADE satisfatória nas melodias vai diminuir muito com o treino de escalas e arpejos.
Mas para entrar nesse assunto, vamos começar com uma opinião comum entre os iniciantes:
“COMO ESCOLHO OS DEDILHADOS?”
A idéia inicial que muitas pessoas têm em relação aos dedilhados se divide em dois extremos: ou há um padrão estabelecido, e os mesmos dedos são usados sempre nas mesmas teclas, ou não existe regra alguma, cabendo aos músicos uma escolha livre.
A verdade é que não acontece nem uma coisa nem outra.
As teclas NÃO são sempre atacadas com os mesmos dedos porque isso inviabilizaria a maioria das melodias. Só o desencontro entre os 5 dedos e as 7 notas já é suficiente para abandonarmos essa idéia.
Com relação à livre escolha, a explicação tem de ser mais detalhada, porque isso tem algum fundamento:
Sob certo aspecto, podemos dizer que a escolha é livre, já que o músico não está obrigado a usar um determinado dedilhado. Mas a escolha é feita dentro de um quadro de possibilidades amplamente conhecido.
É esse quadro de possibilidades que o treino das escalas dá. Afinal, é treinando as escalas que aprendemos a passar os dedos por baixo ou por cima um dos outros, a distribuir os ataques pelos dedos sem repetir o mesmo seguidamente, a iniciar uma frase com o dedo adequado, e por aí vai.
Já os arpejos nos ensinam a abrir as mãos e distribuir os dedos pelo teclado de uma maneira que inicialmente não é tão natural, para executarmos os saltos entre notas que algumas melodias exigem.
Se todos esses detalhes estiverem superados, podemos dizer que o músico vai “escolher” o dedilhado.
Essa escolha será feita em função do objetivo mais importante desse assunto: alcançar a CONTINUIDADE do gesto, que resulta na CONTINUIDADE INTERNA DA FRASE MUSICAL.
Cada frase musical exige uma continuidade que NÃO pode ser quebrada. Isso significa que o começo, o meio e o fim das frases têm de ser executados com clareza, sem quebras. Caso contrário, se houver uma quebra, o resultado será um novo início, e uma divisão da frase em partes desconexas.
A intenção principal que o músico tem ao escolher um dedilhado é que ele proporcione a fluidez necessária ao gesto, para que a frase saia com uma continuidade perfeita.
No início, você deve seguir as indicações do professor, imitando os dedilhados que ele usa. Depois, quando você já souber ler partituras, poderá seguir as sugestões que muitos editores dão nas suas publicações.
Com o passar do tempo, depois de ter assimilado muitos dedilhados, você também poderá escolher o mais adequado para a melodia que estiver tocando. Isso acontecerá naturalmente.
Para melhorar sua compreensão do assunto, indico o vídeo abaixo, onde falo dos dedilhados e ensino duas escalas.
(Nota: Gostaria de iniciar o estudo de piano? Então, aproveite o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)
2 maneiras indispensáveis de estudar piano

Ainda vou escrever um artigo inteiro sobre a importância do treinamento técnico, subdividindo e esmiuçando esse assunto até deixá-lo explicado o suficiente.
Mas hoje quero falar de um treino específico, que desenvolve a percepção e a execução das articulações entre as notas.
Esse treino, na verdade, está dividido em duas etapas, porque deriva das duas formas básicas de se conectar, articular, uma nota à outra: LEGATTO e STACCATO (termos italianos – como toda a terminologia musical erudita – que significam ligado e destacado).
Tradicionalmente, as articulações são classificadas em 4 categorias: legatto, staccato, non legatto e portato; mas podemos dizer tranquilamente que o legatto e o staccato são as formas principais de conexão entre as notas, uma vez que os dois outros modos são uma espécie de variação dessas.
No processo de sucessão das notas, quando uma dá lugar à outra, podemos tanto conectá-las ligando-as (sem deixar um espaço de silêncio) quanto destacando-as (deixando acontecer um breve silêncio).
Então:
- LEGATTO é a articulação que não deixa um espaço de silêncio entre as notas;
- STACATTO é a articulação que deixa um espaço de silêncio entre elas.
Muito bem. Os treinamentos que descrevo a seguir se baseiam nessas duas articulações, o primeiro chama-se LEGATTO LENTO e o segundo STACCATO FORTE.
Antes de abordá-los, quero deixar claro que a ênfase que vou dar está em COMO ESTUDAR; isso significa que não vou falar da execução do legatto e do staccato nas músicas, mas de como exagerá-los, por assim dizer, para que você desenvolva o seu mecanismo e a sua sensibilidade às nuances. Você deve treinar as mesmas melodias ou escalas das duas maneiras.
LEGATTO LENTO
O principal objetivo de treinar o legatto lentamente é alcançar um melhor controle das intensidades e das dinâmicas, porque é muito comum e inapropriado que aconteçam acentos em trechos leves das peças.
Um acento errado desequilibra a harmonia da frase musical e muda completamente a “mensagem” que o compositor desejava transmitir. Se um acento não estiver escrito, ele não deve ser executado, a não ser que o músico esteja reinterpretando a peça e acrescentando mudanças conscientemente. Nesse caso, o interprete está num patamar muito alto.
O que você vai evitar ao praticar o legatto lento são erros mesmo. Com ele você alcançará a capacidade de tocar de acordo com o anotado, no que diz respeito às intensidades e dinâmicas.
Toda a prática do legatto lento deve estar envolvida numa atmosfera de lentidão e maciez. Isso quer dizer que o andamento usado no exercício será lento e que os seus músculos trabalharão com leveza e velocidade constantes, sem acelerações repentinas.
Então você vai escolher a melodia ou escala que deseja treinar e executá-la de maneira que as notas se sucedam sem intervalos.
A alternância dos dedos tem de ser ininterrupta, um dá lugar ao outro como se o movimento fosse um só, e você vai atacar as teclas como se estivesse apertando um travesseiro, como se não houvesse um limite final ao seu ataque.
É necessário que todas as notas se sucedam sem quebra de som e que você, ao atacar as teclas, perceba o mecanismo do instrumento, sinta o momento em que cada nota soa.
Praticando esse exercício regularmente você melhorará muito no controle dos dedos e do instrumento.
STACCATO FORTE
Quase em oposição ao legatto lento está o staccato forte. Por esse motivo, eles se complementam maravilhosamente bem, conferindo ao estudante uma habilidade suficiente de execução das diferentes articulações.
O principal objetivo desse exercício é evitar o desequilíbrio rítmico, principalmente nos trechos mais rápidos. O problema do desequilíbrio rítmico é muito sério, até os leigos o percebem, tamanho o “ruído” causado por ele.
Praticando o staccato forte, você vai estimular seus dedos a aprenderem melhor as peças, diminuindo a diferença de precisão entre eles e aumentando a precisão de ataque.
Os dedos 4 e 5 sempre serão mais fracos, no entanto, esse treinamento vai aumentar a capacidade deles, afinal, os teimosos também sedem à disciplina.
Nesse exercício, as idéias de força e impulsividade dão o colorido ideal. Você vai executar o trecho escolhido acionando os dedos para baixo e para cima em movimentos bruscos, como se estivesse arrancando as notas do instrumento.
Serão ataques rápidos, que começam e terminam de uma vez e deixam um espaço de silêncio entre as notas. Os dedos devem começar o exercício encostados nas teclas – não se deve trazê-los de cima – e o movimento de cada um é feito num disparo.
Se você quiser deixar as melodias mais precisas, não há exercício melhor.
VÍDEO DE EXEMPLO
Para entender melhor o que eu disse, assista ao vídeo que gravei sobre esse tema, você me verá executando os dois exercícios.
(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)
O drama do pianista amador

Sei bem que o meu aluno típico não pretende ser um pianista profissional — e não há nada de errado nisso. O que me incomoda é o nome usado para designar essa atividade secundária: “Um hobby, um passatempo”.
A carga negativa que esses termos carregam faz o próprio aluno entender errado o seu envolvimento com a arte de tocar piano, igualando-a ao que não tem importância, ao que pode ser abandonado por falta de sentido.
O apelo que vou fazer aqui é em favor de um termo esquecido, tão cheio de significado que é espantoso o seu desuso: AMADOR.
Como seria bom ouvir “– Pretendo ser um pianista amador” ou “– Sou um pianista amador”. Assim eu entenderia a seriedade das intenções do aluno e trabalharia com a certeza de bons resultados.
Aliás, a meta principal do site AprendendoPiano.com.br é a formação do pianista amador, fornecendo-lhe todo o tipo de informação necessária para um desenvolvimento sólido, sem “ocultar pérolas”, como vi acontecer muitas vezes. Por esse motivo, os profissionais também se beneficiam com os meus conteúdos e aulas. Repasso sem cerimônias as dicas que mais dão resultado.
Para começar, então, a defesa do nome certo dessa atividade encantadora é preciso que se fale dos tipos básicos de profissionais.
PROFISSIONAL lado B e PROFISSIONAL lado A
Em geral, falamos que alguém é profissional quando “ele faz disso a sua profissão”; ou seja, é tocando piano ou teclado que o caboclo põe o pão na mesa. Nesse sentido o músico do bailão é tão profissional quanto Nelson Freire. E embora isso não esteja errado, não é assim que vou tratar essa noção.
É necessário que o trabalho do pianista seja tocar piano para que o designemos profissional, sem dúvida. Mas a qualidade técnica também tem de ser avaliada. Se a desenvoltura não for levada em conta, o profissional pode não ser tão profissional assim, sendo um “profissional lado B”, ou “profissional erro-de-gravação”.
É considerando puramente a qualidade técnica que expressamos o bom trabalho de alguém ao falarmos coisas do tipo: “– Caramba! Essa lasanha ficou de profissional.”
Então, para mim, profissional é o sujeito que possui uma desenvoltura técnica altíssima e faz da atividade de tocar piano o seu trabalho.
Nessa classe encontramos o nosso, já citado, Nelson Freire, também Vladimir Horowitz, Sergei Rachmaninoff, Arthur Rubinstein e muitos outros. Todos mestres na arte, que servem como nossos modelos e inspiração. Esses são lado A, mas elevados à enésima potência.
Para chegar ao nível deles não somente talento, vontade e dedicação são imprescindíveis, mas, também, tempo. É preciso que o talento, a vontade e a dedicação tenham agido desde a infância.
No caso dos não-profissionais, o nível técnico será invariavelmente menor, mas suficiente ao que eles se propõem. Tocar para os familiares, amigos ou na igreja é uma coisa maravilhosa, que enche o coração das pessoas de alegria, e é louvável que haja pessoas que se dediquem a isso.
O esforço que o aluno terá de engendrar também não é pequeno, só é menor.
Como falei, o que pretendo destacar é a maneira como as pessoas nomeiam essa atividade secundária. Quero mostrar como os termos hobby ou passatempo são inferiores a amador.
PASSATEMPO SÓ PALAVRA-CRUZADA
O que mais me chama a atenção em passatempo é o sentido literal desse termo. Ele parece significar aquilo que é feito ENTRE duas atividades significativas.
Você sabe que o tempo “passa”, certo? Então desde que você deixou de fazer algo importante até começar a fazer outro algo importante o tempo tem de passar, e aquilo que você faz na intenção somente de que o tempo passe é o seu passatempo.

Gosto de vários tipos de passatempos…
Vai me dizer que isso não é esquisito. Dá para dizer que a característica principal de um passatempo é que ele consiga fazer você suportar o tempo entre duas atividades significativas. Só palavras-cruzadas podem ser descritas assim.
Certamente você pode objetar dizendo que não é desse jeito que entende o treinamento de piano. E é aí que vou proclamar a idéia de que TEMOS DE DAR O NOME CERTO ÀS COISAS.
AMADOR SÓ QUEM AMA
Veja bem, se você não é um pianista profissional, mas ama a arte e a pratica com seriedade, você é um PIANISTA AMADOR.
“AMADOR: aquele que ama, que dedica amor a algo ou alguém. Pessoa que se dedica a uma arte sem ser profissional.”
Essa é uma definição possível de constar num dicionário (embora seja minha :D).
Não posso acreditar que essa palavra não seja perfeita para o caso.
Eu sei, no entanto, que do mesmo jeito que profissional é usado para destacar a perfeição de um ato (como no exemplo da lasanha), amador é usado no intuito de desqualificar: “– Isso é coisa de amador, vá aprender a fazer!”.
E você fica desencorajado de usá-lo. Entendo.
Mas, convenhamos, pode ser verdade! Você pode muito bem ser um amador e achar que está pronto para se apresentar em algum lugar que exigiria mais capacidade (tocar na igreja, por exemplo).
Do mesmo jeito que existe diferença de grau entre os profissionais, existe entre os amadores. Tudo depende de você participar daquilo que corresponda ao seu nível.
Não podemos esquecer também que as opiniões dadas pelos outros refletem a pessoa deles; a sua mãe sempre vai achar lindo e o seu pai não, é provável que a avaliação dele seja idêntica ao último exemplo.
O bom é você sempre se comparar com os seus modelos, aqueles que você considera os melhores. Assim, quando alguém lhe elogiar demais, você não se envaidece tanto, e quando alguém lhe depreciar, você vai saber se a crítica faz sentido ou não.
Mas o cerne da questão de hoje é você nomear corretamente a categoria a qual pertence; se profissional não é a sua, então é AMADOR: “e com muita honra”, quero ouvi-lo dizer.
Sobraria ainda uma espécie de categoria intermediária, em que o músico faz um dinheirinho mas exerce também outra atividade. Bom, nesse caso, para mim, o nível técnico será determinante e os dois sentidos de profissional e amador vão se misturar; pode tanto tratar-se de um profissional-amador quanto de um amador-profissional.
O mais importante nesse momento é o amador assumir a responsabilidade do seu estado e designá-lo corretamente, amando a arte de tocar piano dignamente, desenvolvendo-se o mais que puder. Fazendo isso, o drama de passar por incompetente ao intitular-se amador nem ocorrerá. Para ele será normal amar e praticar sem ser profissional.
(Nota: Gostaria de iniciar o estudo de piano? Então, aproveite o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)