Ainda sobre o terrível problema de coordenar as duas mãos

O primeiro problema dos iniciantes será sempre a coordenação das mãos.

Escrevi algum tempo atrás no meu blog:

“O iniciante começa muito empolgado o estudo, mas logo que precisa tocar notas diferentes em cada mão, e ainda em tempos diferentes, todo o sonho encantado de tocar piano cai por terra.”

Por isso a coordenação é um dos problemas que ensino a resolver no treinamento “O Pianista Aprendiz”.

Aqui estão os detalhes desse treinamento:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/

Apesar dessa enorme vontade de tocar piano ter sido o motor que levou o iniciante a procurar algumas aulas, essa mesma vontade pode ser o principal vilão, aquele que joga um balde de água fria nas expectativas, tão logo encontre um desafio.

Esse descompasso entre a expectativa e realidade é muito desanimador.

Mas não é necessário um esforço monstro pra resolver.

Basta o aluno aprender a utilizar as ferramentas que solucionam seu problema.

É isso que faz o treinamento “O Pianista Aprendiz”.

Além de mostrar como estudar com as mãos separadas, e como isolar os trechos pra entendê-los separadamente e assim conquistar a coordenação, no treinamento ensino como montar uma rotina eficaz de estudos pra desenvolver muitas outras habilidades.

Algo que desenvolva no aluno um canivete suíço de soluções.

Pra entender o objetivo desse treinamento, basta ler o conteúdo desta página:

https://www.aprendendopiano.com.br/pianista-aprendiz/


Música não é seu amiguinho imaginário

Algum tempo atrás comentei a respeito da mentalidade “Pelada de Fim de Semana”: sobre como algumas pessoas encaram o estudo de música como um passatempo totalmente descompromissado, igualzinho aquele futebol perna de pau antes do churrasco e da cerveja no sabadão.

Bem, eu não ensino piano pra quem tem essa mentalidade.

Assim como não ensino piano como terapia.

Sei de várias pessoas que entram aqui pra minha lista e utilizam minhas mensagens como motivo escapista:

Elas trabalham ou estudam o dia inteiro e agora querem esquecer essas dificuldades cotidianas, recebendo algum material sobre música.

Algo que faz parte da sua terapia diária…

Assim como aqueles casos de pessoas que inventam um amigo imaginário só pra poder desabafar.

Bem, como eu disse, também não ensino música como terapia.

Quem está interessado nisso, fique à vontade pra continuar na minha lista, recebendo minhas mensagens, mas, por favor, nunca se inscreva nos meus treinamentos.

Sei que a música por natureza possui um efeito terapêutico.

E até existem pessoas que se dedicam exclusivamente a enfatizar esse efeito.

Não é à toa…

Já foram feitos centenas de estudos, quem sabe até milhares, que mostram que não existe nada que obrigue uma pessoa a estar tão inteira, e que portanto cause um efeito na pessoa como um todo, do que o estudo de um instrumento.

Um instrumento obriga o estudante a colocar seu corpo, sua vontade e sua inteligência pra trabalhar.

Por isso tantos relatos de melhora na disposição e na memória, por exemplo.

É quase um efeito rejuvenecedor.

Alguns até ganham mais segurança nas decisões cotidianas, pois aprendem a não ficar dispersos, mas integrados e com sua capacidade de foco bem treinada.

Vejo esse resultado diariamente no contato com alunos.

Esta mensagem mesmo, só por eu tocar no assunto, será respondida por dezenas de alunos que estão passando por essa melhora (fiquem à vontade pra enviar seus relatos, gosto muito de lê-los).

Enfim, a música melhora sim a pessoa como um todo.

Mas minha didática é baseada no resultado de ensinar a tocar o instrumento, e nunca em proporcionar um efeito terapêutico.

A melhora vai ocorrer, mas como algo dado por acréscimo.

Por isso não me importo o quanto os interessados sofrem durante o dia.

Ou como a vida é difícil pra cada um.

Aqui não há tempo pra auto-piedade.

Sei que muitos se sentem desconfortáveis, pois queriam alguém com mentalidade “Lua de Cristal” pra guiá-los.

Infelizmente eles perderão todos os efeitos dados por acréscimo de quem estuda piano ou teclado com seriedade.

Porque é isso que ofereço por aqui.

Se você não sabe o que é a mentalidade “Lua de Cristal”, basta que eu apresente o hino oficial dessa mentalidade que, tenho certeza, você entenderá a mensagem:


Vamos com você
Nós somos invencíveis, pode crer
Todos somos um
E juntos não existe mal nenhum
Vamos com você
Nós somos invencíveis, pode crer
O sonho está no ar
O amor me faz cantar

(Nota: Já se livrou da auto-piedade e quer entender como aprender piano? Então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Como “300” acabou com os blockbusters

Hoje vou meter meu dedo na indústria do cinema…

É uma arte que aprecio, mesmo aqueles filmes bem industriais feitos por Hollywood quase que apenas pra arrecadar dinheiro.

Por isso me desanima muito o que aconteceu com esses filmes nos últimos 10 anos.

Todos agora tentam perseguir o carimbo de “épico”.

Pelos meus cálculos isso começou com o filme “300”, que conta a história do heróis espartanos contra o rei Xerxes. Claro, existem muito filmes com a qualidade de “épico” que vieram antes desse, mas nenhum que eu lembre forçou a barra tanto assim.

Repare bem nesse filme.

Praticamente não existe uma cena que não tenha frases de efeito.

Todo o roteiro foi feito basicamente com frases marcantes.

Acho isso um saco.

Principalmente porque se espalhou por todos os lugares, não apenas no cinema.

Eu não sei como é a timeline da maioria das pessoas no Facebook, mas como o Facebook sabe que estou envolvido com ensino do piano, a todo momento aparece um anúncio estilo “300”.

É um tal de “Webnário Épico” pra cá…

“Vamos elevar o seu nível de piano” pra lá…

“Acordes inesquecíveis” pra quem quiser…

Todos buscando este mesmo efeito de “300”:

Ficar gravados na memória das pessoas como algo impressionante, grandioso, muito impactante, que quer passar a impressão de que qualquer um que participar daquilo será alterado profundamente.

Mas tudo não passa de espelhos e fumaça.

Principalmente na escolha das palavras.

Voltando ao cinema, basta reparar como blockbusters do tipo “Rocky”, “Tubarão” ou até mesmo “Parque dos Dinossauros” não tentavam gravar cada cena com ferro e fogo na memória das pessoas.

Mesmo alguns tendo sua ponta de sensacionalismo apelativo, ainda havia a pretensão primária de contar uma história.

O diretor ainda estava querendo mostrar sua arte.

A boa notícia é que essa tendência não pode durar pra sempre.

Ela tem de acabar seja no cinema, seja no ensino de música, seja na própria produção musical…

E quando essa “mania de épicos” acabar, será como no filme sobre os espartanos:

De 300 vai sobrar só um.

(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)

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Aliando-se com um inimigo do aprendizado de piano

Não sei se acontece com todos, mas com certeza acontece comigo e com meus alunos:

O inimigo mais terrível de se enfrentar não é a falta de tempo, nem a preguiça… mas um que nem parece que é inimigo, parece que é apenas uma casualidade sem importância…

Trata-se do esquecimento.

Não estou dizendo simplesmente sobre “esquecer de estudar”…

Mas sobre esquecer de fazer o melhor.

Não sou o tipo de pessoa que anota todas as metas, mas, mesmo assim, para esse tipo de esquecimento, não existe muita serventia em cerca-se de anotações.

Aliás, isto é interessante: apesar de sempre falar em metas e compromissos, em conhecer o caminho com consciência, pra mim não existe diferença entre anotar tudo em uma agenda, ou colar na parede, ou colocar em algum aplicativo gerenciador…

Ou simplesmente guardar tudo na cabeça.

Qualquer uma dessas coisas, não anula o esquecimento.

E se a pessoa não tiver consciência de que este inimigo existe, ela pode não ter armas pra combatê-lo, portanto estará sempre vulnerável.

Ainda mais que é tornando esse esquecimento nosso aliado, e não o derrotando, que o problema se resolve.

Mesmo tendo senso de responsabilidade, ou anotando todos os compromissos e objetivos, sentar pra estudar pode ser apenas mais um ato de distração.

Algo engendrado pra gente esquecer que existe.

E portanto aliviar algum peso das nossas costas.

Colocar o celular pra despertar na hora do estudos, não muda nada disso.

Por que você pode muito bem sentar pra estudar e tudo não passar de uma ilusão.

Várias e várias vezes tenho a sensação de que não sou eu que estou estudando…

Que estou fazendo por fazer.

Quando comento sobre os “cabeças-de-pudim”, o objetivo é mostrar uma situação objetiva, que todos passam.

Vários e vários alunos me contam sobre como não sabem descrever exatamente o que fizeram na semana.

Simplesmente porque esqueceram.

Bem, qual é o escudo contra isso?

Ou, melhor, como transformá-lo em nosso aliado?

Tenho certeza que várias pessoas incluem algum tipo de “ritual” pra se preparar para os estudos, algo como escutar sempre a mesma música antes do início, ou executar uma sequência muito particular de exercícios que o faz lembrar o que ele precisa melhorar…

Enfim, nem sempre o ritual é algo musical, pode ser algo totalmente diferente.

Isso é bom, mas existe algo melhor:

Seguir as lições de um professor.

Quando estamos bem despertos, não há distração que nos desvie.

É uma boa hora pra avaliar nosso caminho ou propor novos desafios.

Com certeza esse não é o comportamento padrão da maioria dos momentos.

Me incluindo nesse grupo, estamos sempre meio anestesiados na hora de estudar.

Por isso seguir um professor, alguém que pode demonstrar o que fazer mesmo que não saibamos o motivo, é uma defesa não apenas contra vícios e erros crassos, mas também contra nós mesmos e nossos inimigos internos.

O professor é alguém que enxerga o caminho como em um mapa:

Não é uma linha reta imperturbável, mas uma rede de direções que levam a vários lugares de várias maneiras.

Com toda certeza o aluno pode com o passar do tempo montar seu próprio mapa…

Mas o caminho que você conhece pode estar interditado naquele dia, ou um caminho com uma paisagem mais agradável é o que você está precisando… enfim, depois de ver tantos alunos meus, mesmo que virtuais, ganharem desenvoltura em lidar com esse mapa, não há dúvidas de que se livrar dos inimigos técnicos ou internos, é resultado de um contato com quem já percorreu o caminho.

Assim não interessa muito que você esteja distraído, seguir as indicações vai te levar ao destino.

E esse esquecimento, que é inevitável, torna-se nosso aliado, pois na verdade estaremos seguindo o guiamento de outra pessoa.

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Bloqueio emocional e técnico, meta semanal, tensão, preparação de arpejos

Ainda não tive tempo de responder todas as mensagens que recebi nos últimos dias…

Mas juntei algumas dúvidas fresquinhas e muita informação pode-se tirar daí.

Aqui estão as dúvidas respondidas:

1) “Tenho um ‘bloqueio’ de tocar, mesmo as peças simples, na frente das pessoas. Simplesmente não consigo tocar uma música sem erros. Você tem algum vídeo sobre esse assunto?”

Na minha nada humilde opinião, dificilmente essa dificuldade é puramente psicológica.

99% das vezes é a simples falta de domínio do instrumento e da música. Mesmo naqueles casos em que as pessoas dizem “sozinho eu toco maravilhosamente bem”, enganam-se ao pensar que não tem problemas de domínio. Isso é vício em relação ao cenário. O cenário muda, perde-se o controle. Isso ainda é falta de domínio.

Claro, existem bloqueios emocionais.

Também já publiquei vídeos sobre isso.

Então, o segredo é manter familiaridade com meu canal no Youtube.

Quem procura, acha.

2) “Tem alguma sequencia para assistir seus videos no Youtube?”

Já tenho um texto explicando isso.

Não, não existe sequência.

Como respondi a pergunta anterior:

Não tenha pressa, e procure ter familiaridade com os vídeos do canal.

3) “Ainda estou iniciando. Quando toco sinto que meus dedos estão levantando demais. Seria por falta de exercicio de articulação?”

Existem vários motivos pra isso.

Uma das soluções é utilizar os exercícios de articulação.

Comprometa-se com uma meta de exercícios por 10 dias e os resultados já aparecem.

4) “Se vc perceber os dedos do Felipe estão bem tensos quando exagera na articulação. E pelo que sei, tem que relaxar.”

Não confunda firmeza com tensão.

5) “Existe algum exercício preparatório para o estudo dos arpejos?”

Nada melhor do que treinar as escalas.

Ter as escalas na ponta dos dedos já é meio caminho andado para os arpejos.

Isso em relação a arquitetura teórica, como na capacidade técnica.

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3 maneiras erradas de fazer uma frase musical

Sempre insisto neste ponto:

Procure ter acesso a algum instrumento com o melhor nível de sensibilidade possível.

Isso não é frescura.

É dar ao aluno a liberdade de lidar com um instrumento que responda à sua própria maneira de tocar e, por causa disso, contribuir pra acabar com a homogeneidade que avilta o mundo musical há muitos anos.

Basicamente existem 3 maneiras erradas de controlar uma frase ao tocá-la em um instrumento com sensibilidade de toque.

Algumas pessoas podem não saber o que significa uma “frase musical”.

Mas, sem problemas, basta imaginar uma frase em português.

As 3 maneiras são:

1) Dar uma pancada no início da frase.

Imagine alguém normalmente falando “Amanhã é sábado!”

Agora imagine alguém falando:

“AAAAAAmanhã é sábado!”

Esquisito, não?!?

2) Dar uma pancada no final da frase.

A simples frase “Não seja um cabeça de pudim”

vira:

“Não seja um cabeça de pudiiiiiiiiim”

A frase é boa, mas perde credibilidade se você parecer um maluco gritando no final.

3) Irregularidade durante a frase.

Isso acontece porque o estudante nunca chegou a executar as escalas ou outros exercícios de modo a buscar uma regularidade entre notas.

Alguém disse pra ele que música é feita com variação…

Mas esqueceram de dizer que só é possível controlar a variação depois de controlar a regularidade.

É mais difícil de exemplificar uma frase irregular, mas é algo assim: “Existe uma pOOOOrção de gente que vai sEEEE irritAAAAAAr porque citEEEEIIII os cabeças-de-pudim, mas sem aflições, bAAAAAsta se afaaaaastar daquiiiiiiii e ser feliiiiz”.

Enfim, nunca é tarde pra tentar corrigir esses problemas.

Por isso sempre recomendo que se tenha um instrumento com sensibilidade desde o começo.

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A história nunca revelada sobre tempo de estudo

Ontem meu aluno Richard Nicoleli contou uma história que me fez rir alto.

Conversaremos sobre o que está oculto nela já já…

Primeiro, acompanhe a história aqui:

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Sabe que sou professor de História e Geografia. E vendo sua preocupação com nosso aprendizado e tempo de estudo cabe um relato.

Espero que contribua com algo!

Bem, tenho um aluno estadunidense e este passou a ter as melhores notas, inclusive na disciplina de Português.

Um amigo, professor de Matemática, descendo o corredor do colégio que trabalho, perguntou:

– Quanto tempo de estudo você faz por dia aluno?

O aluno não entendeu e respondeu:

– Não entendi sua pergunta professor?

Meu caro, disse o professor, com suas notas tão elevadas, quanto tempo você disponibiliza para seus estudos? Deve ser muitas horas?

O aluno, em uma resposta das mais sábias que já ouvi de um aluno de 14 anos:

– Mas professor, nós não temos que estudar até aprender?

Grande resposta não?

Quando ouvi isso, lembro que não é só o tempo que importa, mas o aprendizado e vejo que o Marechal segue o mesmo pensamento.

Obrigado até aqui por todo o ensinamento prestado.

Richard.

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De fato, muita sabedoria pra alguém de 14 anos.

Revela uma simplicidade de pensamento.

Foi essa simplicidade que me fez rir.

Mais importante do que isso:

Por que será que a primeira coisa que pensamos de alguém que tem bom desempenho é que ele não tira a bunda da cadeira, estudando o dia inteiro?

Os mais cruéis poderiam até comentar pra esse menino:

“– Você não tem vida social!”

Bem, o tempo de estudo é quase IRRELEVANTE.

O que você FAZ no tempo de estudo está a milhas de distância na escala de importância.

E já que estamos falando sobre coisas que ninguém fala, revelo também minha tática malévola.

Se a primeira coisa que um interessado me pergunta é:

“– Quanto tempo preciso estudar por dia pra aprender piano?”

Minha resposta é:

“– Sem 1 hora por dia, nem adianta começar!”

Mas, isso é só uma tática, o que eu quero é testar o desejo do interessado, se for um desejo real, e não apenas vontade de se aparecer, espero que ele me pergunte outra coisa, que é:

“– Ok, não tenho esse tempo todo agora, posso começar como?”

Ah, isso faz brilhar meus olhos!

A resposta é:

“– Comece com 20 minutos. Com o passar do tempo você ganha intimidade pra entender o que fazer e, então, fica mais fácil inclusive encontrar um tempo adicional durante o dia”

Pode ser o que acontece com esse aluno do Richard.

Não tem a ver com tempo de estudo, mas com o direcionamento da atenção.

“20 minutos, 1 hora, 2 horas, não importa, estou ali pra aprender”.

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Truque mágico pra aprender piano

A torcida do Flamengo inteira aguarda pela publicação do truque pra aprender piano…

O que ela não sabe é que a mágica já existe.

Não é uma mágica instantânea, mas é eficaz.

Uma parte da fórmula chama-se “treino de escalas”.

Ninguém tem obrigação de acreditar em mim, basta seguir o grande mestre Czerny:

“Em todas as peças, de hoje ou daqui 100 anos, as escalas são o principal meio pelo qual é formada cada passagem e cada melodia. Escalas, acordes e arpejos serão empregados inúmeras e repetidas vezes em tudo. Imagine então a vantagem que um músico terá quando for capaz de executar as escalas, em todos os tons, coisa feita por tantos outros e dali derivada tantas músicas; que intimidade com as teclas esse músico não ganhará, e que entendimento não terá sobre cada peça daí por diante? Tudo que o estudo das escalas proporciona rapidamente pode ser adquirido estudando diretamente as músicas, mas seriam necessários vários anos pra alcançar o mesmo resultado.”

Normalmente quando faço uma citação dessa, destaco qual é a parte mais importante.

Mas não hoje.

Hoje cada um que receber esta mensagem tem de desenterrar a pérola por si mesmo.

Não é um trabalho difícil.

Czerny é especialista em fazer o aluno entender com poucas palavras.

E não pense nem por um segundo que basta estudar as escalas de qualquer jeito…

Ou apenas teoricamente.

Nada disso.

Mas esse também não é o assunto de hoje.

Deixemos isso pra outro dia.

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Como fazer perguntas (e como lidar com o ritmo)

Acho que já faz um tempinho que não assumo um tom professoral por aqui, então vou invocar tudo o que tenho a ensinar e vamos aos fatos…

Paciência, como todos sabem, é a virtude mais própria de um professor.

Não a paciência pra lidar com a teimosia, mas paciência pra lidar com a ignorância.

Do aluno, a virtude exigível é a humildade.

É a mesma humildade de um paciente pra com um médico.

Ninguém que chega pra um médico e diz “– Doutor, estou com gripe” tem a esperança de que ele simplesmente diga “– Ok, aqui está a receita pra curar a gripe”. O que se espera é que é o médico analise os sintomas, faça alguns exames e utilize sua experiência e intimidade com o assunto pra fazer o diagnóstico de gripe, resfriado, intoxicação, etc, etc, etc.

Então é o seguinte:

O bom aluno tem de dominar uma arte adicional: a arte de fazer perguntas.

Se você tem um professor presencial, você simplesmente mostra o problema.

Agora, virtualmente, onde grande parte do contato é feito por texto, descreva o seu problema e nunca dê o diagnóstico.

Vamos fazer um pequeno teatro.

Eis uma mensagem hipotética que um aluno poderia me enviar:

“Felipe, tenho insegurança na hora de tocar uma peça e me bate um branco absurdo. O que posso fazer pra ter mais controle? Algum exercício de agilidade e fixação das notas? Sei ler uma partitura, mas na hora de executar tudo se embola e fica confuso”

Ho-ho-ho.

Nessa hipotética mensagem, o pretensioso aluno não apenas tentou descrever seu problema, mas também deu o diagnóstico e o possível remédio.

Ok.

Minha resposta hipotética a essa mensagem hipotética seria:

“Preciso que você me explique exatamente o que acontece. Não tente dar uma definição geral, esqueça esse negócio de ‘ajudar a ter mais controle’. Descreva o que acontece. Exemplo: diga qual melodia que você sente este bloqueio. Explique o que acontece quando você tenta fazer tudo mesmo devagar. Desde quando que você está estudando piano? Quanto tempo você dedica aos estudos? etc.”

Acho que isso seria suficiente para o aluno entender o ponto.

Então pode ser que, hipoteticamente falando, o aluno retornasse assim:

“Tenho treinado músicas nas duas claves. Se tocar catando milho até que dá certo, mas se tento fazer considerando o valor das notas e batendo o pé pra contar os tempos, parece que os dedos ficam meio travados. Já me falaram que eu estava tocando fora do ritmo. Também tenho dificuldade em ler ou entender partitura.””

Certo.

Melhorou, mas ainda não está bom.

Pra tentar tirar algum coelho dessa cartola, tento trabalhar com a parte que consegui entender.

E minha resposta hipotética seria:

“Como o que você descreve é algo muito genérico, vamos atacar alguns pontos principais, começando pelo ritmo. Você deve praticar contando os tempos, uma mão de cada vez, muito, MUITO lentamente. Coloque o metrônomo muito devagar. Outra coisa que você pode praticar, e que deve ser feita fora do piano, é bater as notas que estão na partitura (uma das mãos de cada vez, é claro) com um lápis enquanto conta os ritmos em voz alta. Se o seu problema com o ritmo for muito sério, o único remédio existente, e que vai parecer um pouco estranho, é dançar. Seria importante você aprender a perceber com o corpo, instintivamente, o ‘embalo’ rítmico das músicas. Comece seguindo essas recomendações e veremos como se sai”

Bem, tive de ser um pouco homeopata na resposta hipotética…

Dei algumas poucas recomendações pra que seja possível o próprio aluno despertar para o problema.

E assim, com o tempo, junto com o aprendizado de piano, o aluno aprende a ser um excelente perguntador.

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Tive uma idéia imbecil

Três semanas atrás resolvi fazer o seguinte:

Assistir às peças históricas de Shakespeare, produzidas pela BBC, apenas com legendas em inglês e assim testar minha capacidade de entender esse idioma na forma utilizada há algumas centenas de anos.

(E, claro, pode me enriquecer com a arte shakespeariana)

Enquanto assistia, só pude pensar:

“– Que idéia mais imbecil!”

Por quê?

Porque eu não conseguia acompanhar…

Não tinha a menor noção pra onde a história estava indo.

Só conseguia pescar algumas cenas aqui e ali.

Mas o sentido geral estava obscuro.

Semana passada minha esposa insistiu e novamente assisti essas peças…

E, surpresa!, agora o sentido estava bem claro.

Parece que aconteceu exatamente aquilo que acontece quando pegamos uma partitura nova, e damos aquela passada geral por ela, tentando executar no piano o que for possível.

Na primeira vez, tudo está confuso.

Mas essa visão confusa é que permite apreender algum sentido posteriormente.

É como se fosse assim:

1) Não temos noção do que é a coisa, pois não tivemos contato com ela.

2) No primeiro contato, temos uma impressão confusa.

3) A partir dessa impressão confusa, começamos a captar o sentido.

E de uma idéia que me pareceu imbecil, chego agora a pensar que isso não funciona apenas com música ou idiomas, mas que deve existir uma aplicação em outros tipos de aprendizado.

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