Imitar não é copiar as teclas

Já expliquei isso várias vezes, mas não custa nada repetir:

“Imitação” não é copiar as teclas tocadas em um música.

Pelo menos não é APENAS copiar as teclas.

Também não é um subterfúgio pra não aprender partituras.

(Outro dia alguém me perguntou: “e se eu apenas ficar imitando e nunca partir para outros modos de execução e isso se tornar um vício”. Um vício não pode se tornar, o que pode acontecer é o estudante ter preguiça de fazer estudos mais profundos)

Bem, se não é apenas copiar as teclas, que raio é a imitação?

Se você preferir escrever as notas em um papel, no computador, memorizar, utilizar a partitura ou rever o vídeo da lição toda a vez, isso realmente não importa.

O que importa é imitar o resultado musical.

Nem mesmo a velocidade é importante.

Você deve buscar transformar em música aquelas notas que anotou ou memorizou, imitando o resultado mostrado pelo professor. Além de evitar que você precise fazer estudos abstratos, isso obriga a utilizar o OUVIDO como guia da percepção.

E nem preciso dizer o quanto o ouvido é importante para a música.

Enfim, quem escuta eu falar em imitação e acha que já sabe do que estou falando, pulando as explicações, desculpe, está cavando sua própria cova.

A imitação se provou excelente para o ensino online.

E mesmo os estudantes que não são iniciantes podem usar a imitação pra desenvolver suas habilidades.

Enfim, ela é uma ferramenta.

E, assim como um martelo pode ser utilizado pra bater na própria cabeça ou bater em um prego, a imitação também pode ser utiliza de maneira errada ou certa.

Basta você estar atento aos princípios.

(Nota: Pra começar a desenvolver suas habilidades antes de qualquer estudo abstrato, cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Trate um escravo com violência

Já diziam os antigos:

“O homem possui poder despótico sobre seu corpo”

Talvez eles nunca tenham tentado tocar piano.

“Como pode o corpo ser nosso escravo se ao tentar tocar as músicas ele não obedece?”

Essa é uma dor que aflige estudantes de piano de todos os níveis e idades.

Bem, posso dizer o seguinte: seu corpo é seu escravo, mas isso não quer dizer que ele não tenha de aprender a lidar com o instrumento e a música. Por isso é preciso severidade. Primeiro em manter uma rotina de estudo. Segundo, em nunca ser muito delicado com ele. Veja bem, essa parte é importante:

Estude piano usando força nos dedos.

E não estou falando isso somente pra quem tem piano acústico.

Mesmo que seja um tecladinho de espuma.

Se você mantiver os braços e ombros relaxados, e os dedos atacando com força…

Essa é a oportunidade que seu corpo precisa pra aprender a tocar.

Faça isso por um tempo e veja os resultados.

Claro, seja sensato e não utilize força que vá machucar.

Esse assunto é realmente importante.

Tão importante que até publiquei um vídeo no Youtube. Aqui está:

Espero que obedeça o Marechal:

Seja duro e trate seu escravo como ele merece.

(Nota: Se você precisa da orientação inicial pra aplicar esse exercício, então cadastre-se no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Samwise Gamgee carregando você para o piano

Recentemente eu e minha esposa revimos a trilogia do Senhor dos Anéis.

Claro, em vários dias, já que era a versão estendida com 12 horas de duração, então, sem chance ficar assistindo por 12 horas (a estratégia é dividir em vaaaaarios dias). Aqui eu poderia fazer um comentário sobre a maravilhosa trilha sonora, ou sobre como hoje em dia praticamente apenas as trilhas oferecem novas músicas com algum sentido…

Mas deixa isso pra lá.

Vamos nos concentrar em como Samwise Gamgee (Sam) pode te carregar para o piano.

Sam é o companheiro inseparável de Frodo.

Frodo é o responsável por destruir o anel do mal, lançando-o nas chamas do vulcão.

Depois de incontáveis aventuras, Frodo não tem forças pra subir a montanha e destruir o anel.

Quem resolve o problema?

Sam.

Ele carrega Frodo nas costas e, como se fossem um só, chegam aonde tem de chegar.

Esse é o real motivo pra você fixar uma meta.

Variando entre lembrar e esquecer esse objetivo, como em um relacionamento normal.

Não porque isso seja bonitinho.

Não porque é da moda fixar objetivos.

O objetivo e o relacionamento com ele é capaz de criar uma testemunha interior que, se devidamente alimentada (lembra-se da chama que já falei anteriormente?), pode te carregar para os estudos mesmo que você esteja desmotivado, com preguiça, cansado, inseguro, triste, etc. É como seu Sam pessoal.

Os nossos sentimentos não são guias confiáveis…

E se você criar esse Sam interior, pode, com certeza, ter uma opinião mais confiável do que simplesmente esperar aparecer a vontade do nada.

De fato, fazer isso também não é fácil.

Exige maturidade.

Mas, como sempre, nada que seja fácil vale realmente a pena.

(Nota: Se você quer descobrir como começar a aprender piano, entre no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Improvisação não é improvisação

Perguntaram no Facebook: “Improvisação é música?”

Minha resposta foi:

“Claro! Improvisação só não é improvisação”

Já conheci muitas pessoas que confundem “improvisar” com não estudar muito.

Diga isso pra algum jazzista.

Ele vai jogar na sua cara todos os anos que ele passou absorvendo repertório, dissecando técnicas, fazendo junções de músicas, dividindo músicas, ouvindo músicas e tentando decifrar toda a rede de coisas utilizadas na composição.

Leia biografias de improvisadores.

Perceba que não há nada improvisado ali.

Além do mais, pensar que qualquer pessoa que “improvisa” é capaz de fazer todas as coisas que todos os improvisadores já fizeram é apenas ingenuidade.

É o mesmo que acontece com qualquer tipo de estudo.

Alguns vão se dedicar pra entender os princípios e poder aplicá-los em várias ocasiões.

Outros estão satisfeitos em apenas repetir.

Enfim, o nome “improvisação” é realmente infeliz.

Mais confunde do que explica.

Além disso, músicos desse tipo não precisam aprender a lidar com o ritmo, a dar saltos, a trabalhar dinâmica, a fortalecer os dedos para realmente tirar o som e tocar com segurança? Bem, então também a polêmica do “improvisadores não precisam de técnica” tem de acompanhar um baita asterisco explicando em letras miúdas que “não precisa, mas precisa sim”.

Os improvisadores que visitam este blog podem confirmar o que estou dizendo.

Muitos deles vem estudar piano comigo.

(Nota: Se você é um estudante intermediário de piano e sente que está empacado no aprendizado, faça seu cadastro pra receber o conteúdo Como Criar Exercícios Para Piano! Cadastre-se aqui.)

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Como ser aprovado ao ser reprovado

Tive um professor que era um verdadeiro caça-talentos.

Em questão de minutos vendo uma criança, era capaz de reconhecer uma oportunidade.

E aqui estamos falando de músicos de alto nível do circuito erudito, aqueles que se não começarem a estudar na infância, tem poucas chances de desenvolver sua habilidade ao máximo. Pelo menos não conheço nenhum que não tenha começado muito cedo.

Assim que o caça-talentos viu um certo menino ao piano, percebeu que o pequeno tinha um ouvido maravilhoso, mas não sabia realmente o que estava fazendo.

Ele tinha certeza que ali havia uma chance de grandes realizações.

Mas o menino já estudava música e estava prestes a mudar de escola.

E o que o professor fez?

Por alguns anos REPROVOU o rapaz para que ele não precisasse procurar outra escola…

Assim o manteve sob sua tutela e guiamento.

E hoje realmente o rapaz participa do grande circuito.

É o ganhador de apenas 43 concursos internacionais 😀

O que nós aqui meros mortais temos a ver com isso?

Bom, a história mostra um princípio que ninguém pode evitar: sem errar, não há verdadeiro aprendizado. Toda vez que sentamos no banquinho e tentamos alguma coisa, dificilmente temos a sensação de que tudo está bem. Essa sensação é inevitável para o iniciante, mas quem possui muitos anos de estudo, também sofre com isso. Toda vez temos certeza absoluta que fomos reprovados, mas, na verdade, se tudo estiver sendo feito com coerência, estamos sendo aprovados.

A segurança de continuar estudando está mais relacionada a não tatear no escuro.

A partir do momento que o caminho está mais ou menos claro a segurança aumenta.

Mas, na prática, sentimos que falhamos.

Isso é apenas algum pedaço seu resistindo a mudança…

É o seu corpo tentando se manter onde está…

É a sua mente querendo vagar sem controle…

Mas se você entendeu direito o que e como fazer, então está no caminho certo, mesmo pensando que não.

(Nota: Se você ainda está tateando, pode entrar no Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Este conselho estúpido ainda vai matar muita gente

Um jovem hindu, depois de ouvir as explicações do seu mestre, saiu na rua com a plena convicção de que era o deus supremo.

E ele estava muito orgulhoso de si.

Um dia, enquanto caminhava despreocupadamente, viu um elefante e seu condutor vindo em sua direção.

Claro que ele não sairia dali, ele era o deus supremo.

O elefante que desviasse.

Mas, PAU!, levou uma trombada e ficou todo quebrado.

O mestre o visitou no hospital, e ele perguntou indignado “Mestre, você me disse que sou o deus supremo, como o elefante pode ter feito isso comigo?”, e o mestre respondeu “Sim, claro, você é o deus supremo, mas o elefante também é, e o condutor também é…”

Enfim, um conselho ou ensinamento pode tornar-se estúpido por dois motivos:

1) Por falta de clareza.

2) Por falta de sensatez.

Portanto não existe conselho mais estúpido do que aquele que junta obscuridade e insensatez.

É o que permeia toda essa auto-ajuda atual relacionada ao “desejar”.

Eles dizem:

“Se você quiser e pensar muito uma coisa, o universo vai ‘manifestar’ isso para você”

Minha escola é outra…

É a escola do:

“De pensar morreu um burro”

Muita gente pode sentir-se ofendida por isso, mas é a pura verdade: desejar é com certeza parte do processo, é a faísca que acende uma fogueira, mas uma porção de faíscas em madeira molhada não dá resultado. Por isso você precisa ter certeza do lugar em que quer chegar, de quais são os materiais que podem lhe ajudar nesse caminho, qual o melhor processo a seguir para aproveitar esses materiais etc.

Por isso nos meus treinamentos tento ao máximo deixar claro os princípios utilizados.

Assim você pode tomar posse das ferramentas do aprendizado com mais segurança.

Aliás, essa é uma vantagem que o ensino online tem em relação ao presencial: as doses de princípios podem ser menores e mais focadas, já que o aluno pode rever o material.

Mas, claro, é sempre possível ficar apenas desejando tocar piano…

Se continuar pensando assim, torço pra que essa pessoa não cruze com um elefante.

(Nota: Se você quer ir além do desejo e desenvolver suas habilidades, participe do Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Como flertar com o piano

Muita gente ainda não tem piano nem teclado, mas não é preciso ficar totalmente solteiro.

Você pode começar a flertar com o instrumento antes do casamento.

Por isso publiquei o vídeo abaixo sobre o que é possível treinar longe do piano. Alguns preferem ficar na teoria musical, mas você já pode ativar seus dedos em uma simples superfície plana.

Quem já tem o instrumento também pode aplicar os exercícios quando está afastado.

No trabalho ou em outro momento qualquer.

Assim você vai treinando as olhadas, indiretas, piscadas, enfim, o que precisa pra arrastar a asa para o piano.

(Nota: Se você já tem acesso a um instrumento, então participe do Minicurso Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Não estou nem aí pra sua felicidade

Já me chamaram de muita coisa pela internet afora: ditador, general, torturador…

Mas meu aluno Roberto Paniagua caprichou no Facebook: “Ok Marechal”.

“Marechal”.

Muito mais digno e pomposo. Gostei mesmo.

E pra fazer jus a tão alto epíteto, devo lembrar que não estou no ramo do tráfico de drogas, nem no de filmes adultos, então não estou aqui pra dar a você um gostinho de felicidade. Estou aqui pra ensinar piano.

E se você se colocar sob meu cetro de ferro, tem de aprender um princípio importante:

Sua inteligência não precisa estar intoxicada de teoria musical.

Mas seu corpo precisa ser ensinado a como lidar com o instrumento.

Por isso, o treino técnico é que vai dar as ferramentas da liberdade que você precisa.

E se isso trás felicidade ou não, realmente não me importa.

Ninguém precisa de pão pra ser feliz, mas precisa de pão pra sobreviver.

(Aliás, falando nisso, toda essa analogia entre pão e vinho que venho usando, é de crédito total do meu professor Luiz Gonzaga de Carvalho Neto. Ele usou essa imagem falando sobre religião, mas é possível usá-la pra qualquer arte)

O que me importa é ver você sabendo enfrentar os problemas no instrumento.

Me importa que você esteja avançando nas músicas.

Na técnica.

No aprendizado.

E aí pode ter certeza: se você fizer tudo isso com consciência, se souber porque cada coisa estudada é importante, se você ver o resultado vindo, então é impossível que não esteja feliz e motivado.

Quando meus alunos relatam as dificuldades que estão vencendo…

As lições que estão avançando….

Aí sim o Marechal tem certeza do dever cumprido.

Isso pode ser inadmissível pra muita gente.

Fazer o quê?!?…

Quem sejam felizes em outro lugar.

(Nota: Se você quiser começar a aprender piano com o Marechal, então participe do Minicurso Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Quando uma dor insuportável é o seu melhor professor

Segundo o pai dos burros modernos — Google — a maior dor que um homem pode sentir é a dor de pedras nos rins.

Não posso confirmar essa informação.

Só posso dizer que é insuportável mesmo, já que tive essas rochas incandescentes há poucos meses.

Agora está tudo bem.

E depois de passar por uma dessas é inevitável pensar:

“Por que isso aconteceu?”

Não faço essa pergunta em termos fisiológicos.

Não quero saber se a causa material foi arroz cru ou uma maçã mal lavada.

Algo para além disso é possível aprender.

Como acredito que a imaginação é mais poderosa do que nosso corpo ou nossos desejos (claro, no sentido de mundo interior, e não que você imagine que é a Mariah Carey e, puf!, se transforme nela), rapidinho essa dor me ensinou como tenho várias pedras na minha imaginação. E isso acontece com muita, MUITA frequência com quem se envolve com um instrumento.

Imaginamos que seremos mais amados se tocarmos piano.

Imaginamos que não somos capazes de tocar.

Imaginamos que nunca poderemos seguir o metrônomo.

Imaginamos que basta mais teoria e o resto vem sozinho.

Imaginamos que partitura é um bicho de 83 cabeças.

Imaginamos que determinação é tudo.

Imaginamos que só porque temos 20 minutos pra estudar, é melhor nem tentar.

A lista não para.

Muita gente tem várias dificuldades corporais pra tocar um instrumento.

Mas nada se assemelha a essas opiniões que criamos.

E ainda conseguimos piorar:

Temos a impressão de que em algum momento um herói montado num cavalo branco, com armadura reluzente, chegará pra ensinar o pulo do gato.

Mas é o seguinte:

Nenhum truque, nenhum pulo de angorá, nenhum ensinamento surtirá o efeito desejado, se junto com isso não trabalharmos pra expelir essas pedras da nossa imaginação.

Igualzinho tive de fazer com a pedra que estava no meu rim.

Provavelmente a pedra que mais nos atrapalha, é aquela que nos impede de criar uma rotina de estudos. Um pequeno núcleo central que nos proponha desafios e nos force a avançar.

Essa deveria ser atacada a golpes de marreta.

(Nota: Se você quer começar a entender na prática o que isso quer dizer, então aproveite o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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Conte com o inesperado, você vai precisar dele

Sempre deixei claro que a melhor forma de aprender piano é com um professor presencial.

Claro que isso é complicadíssimo para a maioria.

Mas o importante mesmo é você não exagerar na autopiedade e não fazer drama.

Veja só o que me aconteceu:

Alguns sabem que estou planejando a gravação de um novo disco.

Talvez não consiga este ano, mas a idéia não sai da minha cabeça.

Não só a falta de tempo estava me impedindo, mas sentia que precisava de alguém que me visse tocando regularmente e que fosse capaz de me ajudar a enxergar pontos que preciso melhorar. Acontece que eu não estava encontrando essa pessoa. Não tinha ninguém disponível na regularidade necessária.

E aqui a bendita sorte entrou em cena.

Algumas semanas atrás, em um lugar que não tem nada a ver com o meio musical, em um momento totalmente inesperado, conheci uma pessoa que, ao saber que sou pianista, me recomendou um professor que mora a dez minutos da minha casa.

Alguns dias atrás fui lá, sem muita expectativa.

E, você não vai acreditar, esse é, com certeza, o melhor professor de piano que já encontrei em toda minha vida.

Em 3 minutos que toquei, ele descreveu todo o meu estilo.

Além disso, soube captar exatamente meu mundo interior.

E me mostrou os pontos que preciso trabalhar.

Simplesmente fantástico!

Felizmente agora conto com uma opinião hiperconfiável pra guiar meu projeto.

Veja:

Sei que muitos moram em lugares sem algum bom professor; ou que o valor de aulas presenciais não se encaixam no orçamento; ou o professor acessível é bom, mas não está mais conseguindo fazer você avançar.

Enfim, as circunstâncias são muitas, por isso repito:

É importante você não exagerar na autopiedade e não fazer muito drama.

Saiba:

A sina do estudante de qualquer instrumento é a busca por um professor.

Alguém que lhe dê uma visão compreensível do caminho.

Ou alguém que explique a coisa de tal modo que as barreiras que enfrentamos sejam derrotáveis.

Claro, a internet é revolucionária por causa disso:

É capaz de diminuir a distância entre aluno e professor, como aconteceu aqui com muita gente.

(Nota: Gostaria de iniciar o estudo de piano? Então, aproveite o Minicurso de Piano Para Iniciantes. Cadastre-se aqui.)

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