A desgraça do método “Sejam Eu” de aprender piano

É muito comum encontrar por aí professores ou instrutores ou vendedores-de-curso de piano ou teclado que afirmam coisas do tipo:

“– Você não precisa estudar escalas pra aprender piano…”

“– Exercícios técnicos são perda de tempo, vá direto para as músicas…”

“– Não estude piano, TOQUE PIANO…”

“– Faça só o que gosta no piano e sua motivação o levará sozinho para o instrumento…”

“– Partitura é um papel pintado e não é música, lide com música!”

E por aí vai…

Bem, muitas dessas coisas são meias-verdades.

E já dei muitas explicações disso.

Hoje quero destacar outra coisa: a maioria esmagadora de quem faz essas afirmações, está tentando desvincular sua imagem de qualquer coisa relacionada com “estudar piano” ou “método de piano”, MAS, essa mesma maioria, estudou e seguiu um método de piano por ANOS; muitos ainda tiveram certas experiências irrepetíveis com música, que o forçaram a aprender música de um determinado jeito.

Por exemplo, tiveram pais músicos, mesmo que amadores.

Isso faz uma diferença danada.

Ou muito cedo já estavam tocando com amigos, ou na igreja, o que os forçava a entender e lidar com música de uma maneira muito direta e prática, se realmente quisessem tocar com esses conhecidos.

Enfim, eles tiveram professores…

Pais…

Amigos…

Familiares…

Que os corrigiam e apontavam o caminho.

E sua experiência de vida como um todo moldou sua prática.

Agora, depois de décadas lidando e estando sempre rodeados de música, esses mesmos sujeitos têm a cara-de-pau de dizer publicamente que aqueles estudos que fizeram, que a condição que a sua vida tomou, foi tudo apenas um detalhe, eles agora têm o segredo pra ensinar piano de maneira rápida, divertida, e indolor.

É como se dissessem:

“– Apenas sejam eu, pessoal, agora neste momento e pronto! o problema de vocês está resolvido”.

Mas como ninguém pode ser aquela pessoa sem ter vivido a vida dela, qual é o resultado?

Frustração…

Sensação de que falta o dom…

De que falta talento…

De que para os outros é tão fácil…

E, assim, enquanto se exibe como o gostosão que não precisa de método ou passo-a-passo ou tempo de dedicação, esse “professor” vai com sucesso expulsando muitos de participar da música, que é a desgraça final de quem pensou em aprender um instrumento depois de adulto.

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