Um vício ou um preconceito favorável?

Como toda arte ou técnica, tocar piano é um modo de conhecer, aceitar e incorporar uma porção de preconceitos.

Isso quer dizer que é necessário se adestrar em coisas que não sabemos o porquê.

Ou em modos de fazer que podem ser contraditos em outra ocasião.

Isso é muito, muito, MUITO diferente de um vício.

O preconceito correto é o preconceito que favorece o aprendizado.

Algumas semanas atrás eu gravava uma aula sobre um Noturno de Chopin, e uma das características de tal peça é que o compositor pretende que os finais de frase não sejam leves, mas que sejam bem marcados ou expressivos, assim a sensação de continuidade entre as frases é muito maior. E você já deve ter topado com algum vídeo meu em que digo o seguinte:

“– Faça o começo e o final das frases de maneira leve”

Essa é uma regra geral que sempre ensino.

Pois no momento em que fui executar as frases do Noturno, mesmo sabendo da intenção de Chopin, os finais saíram leves.

Se bem me lembro, digo até algo assim:

“– Olha aí o vício de fazer um final de frase leve quando não é pra fazer…”

Mas isso não é um vício.

É o bom e velho preconceito favorável.

Tudo bem que fica automatizado como um vício.

Mas a grande diferença é que o preconceito correto favorece o seu contrário.

Quem controla com leveza os finais de frase, já está 90% preparado pra fazer ao contrário.

Agora, vejamos um tipo de vício comum:

Colocar etiquetas nas teclas do piano.

Etiquetas que indicam a nota.

Isso é simplesmente adiar o inevitável.

E, como acontece com a maioria das pessoas, adquire-se o vício de tocar com as etiquetas.

Depois de tirar as etiquetas, grande parte dos alunos continua tão atrapalhada quanto teria ficado se tivesse insistido só um pouquinho no começo, e tentado lidar com as posições das teclas sem colocar etiquetas.

Ficou clara a diferença?

Existe uma porção de outros vícios por aí.

E a grande maioria dos “truques” que professores ou curiosos dizem ter inventado, não passa de vícios que na verdade prendem os estudantes cada vez mais, tornando-os viciados em cada vez mais truques.

Existe uma defesa contra isso:

Formar uma base sólida de preconceitos favoráveis.

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