Pra onde vai qualquer sistema de ensino

É praticamente inevitável:

Quando se sistematiza demais uma forma de transmissão de conhecimento, o sistema mesmo acaba por tomar conta de tudo. Chega-se em um ponto em que nem a transmissão nem o conhecimento interessam mais, mas apenas cumprir com o sistema. E, claro, o passo seguinte é modificar o sistema até que ele pareça eficiente.

O que interessa é que o sistema apenas PAREÇA eficiente.

Não há nenhuma responsabilidade em REALMENTE SER eficiente.

Isso não acontece apenas no sistema escolar formal…

Escolas de música e conservatórios há muito tempo entraram nessa dança…

E nem mesmo iniciativas individuais parecem ter se livrado disso.

Ano passado escrevi o seguinte no Facebook:

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Volta e meia aparece um charlatão (ou um grupo deles) que dá um tapa em alguma fórmula já antiga chamando-a de nova e revolucionária. Nos últimos anos ressuscitaram a científica, inovadora e ultra-eficiente nova maneira de estudar solfejo rítmico: em uma analogia com a relação das notas musicais e as sílabas dó-ré-mi-fá-sol-lá-si, inventaram que as divisões rítmicas também deveriam ter relação com sons definidos e não-neutros, ou seja, uma semínima é “tá”, duas colcheias é “ti-te”, quatro semicolcheias é “tu-te-ti-to”, etc.

Em primeiro lugar: isso já tem mais de 100 anos. Então, caros charlatães, “novo método” é a vó.

Em segundo lugar: é preciso de quantos neurônios pra entender que utilizar um som neutro EXIGE que o sujeito entenda realmente a DIVISÃO do tempo entre os sons e não simplesmente relacione o som da sílaba com um nome de divisão rítmica? Relacionar ritmo com a qualidade do som é o mesmo que não entender ritmo.

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Trocando em miúdos:

Não interessa mais se o aluno sabe ou não fazer a divisão rítmica.

O que interessa é fazê-lo passar em um teste burocrático que mede seu aparente conhecimento utilizando o subterfúgio de relacionar uma divisão rítmica com um som definido.

Claro que nem todos são charlatães em sentido pleno.

Muitos professores aplicam isso por pura falta de conhecimento.

Apenas entraram no sistema sem a devida atenção.

Mas aqueles que não sabem algo que deveriam saber pela responsabilidade de professores que assumiram, também aplicam um tipo de charlatanismo.

Nesse sentido, o ensino online tem uma vantagem real.

É possível ter acesso a uma variedade maior de “professores”…

Assim basta ser crítico o suficiente pra encontrar quem é realmente um professor.

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