Entendendo as teclas do piano e a postura correta ao tocar

Senhoras e senhores, apresento-vos O Instrumento!!!

Vou falar aqui a quem precisa receber e entender as PRIMEIRAS INFORMAÇÕES a respeito do nosso caríssimo e amantíssimo piano, aqueles que mal tiveram um pianinho ou tecladinho na infância.

Essas informações são do tipo “ah, que bom, acho que é possível entender esse negócio”; com isso você olha para as teclas e não fica perdido, achando que aquele primo que toca atirei o pau no gato tem um talento especial.

Elas vão te dizer como o piano está organizado, o quê está por trás daquele monte de teclas iguais (ou muito parecidas, já que as diferenças de cor e posição são evidentes).

Outra coisa importante, que por falta de boa instrução gera muitos vícios, é a ABORDAGEM CERTA AO PIANO, ou seja, a posição correta da coluna, das pernas, dos braços, das mãos e dos dedos.

Se você desde o princípio souber como deve se comportar ao tocar, vai começar melhor do que eu, que sofri reprimendas dignas dos mestres japoneses de karatê que moram no topo de colinas e meditam embaixo de cachoeiras às cinco da manhã.

Comecemos do começo:

“Façam-se os pianos. E os pianos se fizeram, com teclas brancas e pretas.”

Sim! Você vai ficar sabendo algo das teclas pretas! Essas que os professores deixam para depois e os alunos desconfiam que servem para pouca coisa.

Em primeiro lugar, o tamanho maior das teclas brancas realmente significa a maior importância delas, porque são elas que vão soar as notas naturais: Dó, Ré, Mi, Fa, Sol, La, Si.

As pretas sempre vão soar as notas alteradas ou acidentes (sustenido ou bemol), ou seja, as notas que estão no meio do caminho sonoro entre duas naturais.

Entre um Dó e um Ré, por exemplo, existe um caminho longo. Mas exatamente no meio desse caminho está uma nota que é soada pela tecla preta situada no meio das teclas Dó e Ré (chamá-la de sustenido ou bemol vai depender do “trajeto” que a música está tomando).

Para não ficar difícil de acompanhar, vamos olhar o teclado e misturar essas informações com outras, sem perder o fio da meada.

Destaque em um conjunto de notas brancas (naturais) e pretas (acidentais)

Destaque em um conjunto de notas brancas (naturais) e pretas (acidentes)

Como você já sabe, as teclas brancas fazem soar as notas Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, La, Si.

Mas estou vendo pelo menos umas 50 teclas, por acaso a seqüência das notas naturais se repete?“, você pode perguntar.

E eu vou responder: Bravo, bravissimo!! Você já está usando o que sabe para encontrar o que não sabe. As teclas brancas vão repetir as 7 notas naturais muitas vezes, e para saber qual tecla soa qual nota vamos nos basear nas teclas pretas.

Perceba que ao longo do teclado temos DUPLAS e TRIOS de teclas pretas. Isso forma um padrão de 5 teclas. O grupo de teclas brancas logo abaixo dessas 5 teclas pretas – isto é, desde a branca anterior à dupla de pretas até a branca posterior ao trio de pretas – forma o conjunto Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, La, Si.

Esse conjunto de 7 teclas brancas com 5 cinco teclas pretas compõe uma unidade que se repete várias vezes no instrumento. A diferença entre as unidades está na altura sonora de cada uma, sendo que da esquerda para a direita há uma subida de mais grave para mais agudo.

Reconhecendo essa unidade de 12 teclas, você já é capaz de encontrar todas as notas naturais no seu piano, certo?

Isso porque todas as teclas brancas imediatamente anteriores à dupla de pretas soam a nota Dó, e partindo do Dó encontramos o Ré, Mi, Fá, Sol, La, Si.

Tecla branca à esquerda do conjunto de duas teclas pretas: sempre nota DÓ.

Tecla branca à esquerda do conjunto de duas teclas pretas: sempre nota DÓ.

Ufa! Vamos dar uma respiradinha… … … … Isso, agora, sem parar de respirar, continuemos 😉

Você lembra que as teclas pretas são o meio do caminho sonoro entre duas brancas vizinhas? Ok.

Por que então existem teclas brancas sem uma tecla preta entre elas?

Para responder essa questão temos de falar um pouquinho de TOM.

A “subida” de um Dó para um Ré é de UM tom. A tecla preta entre eles é MEIO-TOM mais aguda que o Dó e meio-tom mais grave que o Ré. Sendo assim, subimos de meio-tom em meio-tom se atacarmos uma tecla branca, depois uma preta, depois outra branca, depois outra preta, depois ainda outra branca (todas vizinhas, claro).

Como a primeira branca era Dó, a primeira preta será Dó sustenido, a segunda branca será Ré, a segunda preta será Ré sustenido e a terceira branca será Mi. Isso significa que entre o Ré e o Mi a subida também é de um tom, como entre o Dó e o Ré.

Repare que entre o Mi e o Fá não tem nenhuma tecla preta.

A coisa é assim porque entre o Mi e o Fá a subida é só de meio-tom.

Agora você é capaz de me responder: por que não há uma tecla preta entre o Si (última nota da série de 7) e o Dó (primeira nota da série seguinte)?

Seria porque entre eles a subida é de meio-tom?

Essa foi na bunda da mosca!!!

No quadro abaixo você encontra a subida de tom/meio-tom entre as notas naturais:

Distância de TONS entre as notas brancas (naturais)

Distância de TONS entre as notas brancas (naturais)

Mas antes que você comece a impressionar sua mãe com esses conhecimentos todos, vamos falar do seu corpo, para que ele seja um peso visual que argumente a favor da sua genialidade.

Você já viu um pianista em ação?

Ótimo.

Os grandes pianistas possuem muitas características próprias quanto aos movimentos e postura do corpo.

Mas em geral os fundamentos são os mesmos.

A altura do banquinho deve ser regulada de maneira que o antebraço fique paralelo ao teclado. Com isso o cotovelo não fica nem acima nem abaixo das teclas, mas na mesma linha.

Depois de acertar esse detalhe, você deve se sentar deixando as pernas livres; ou seja, não sente muito para trás no banco, sente no meio dele, quase na ponta. Essa é uma posição de prontidão, da qual seria muito fácil levantar sem usar as mãos. É como estar de pé, mas sentado 😀 .

A coluna é sempre reta, mas não enrijecida. Sempre, sempre, sempre. Aliás, duvido que alguma instrução na história inteira da humanidade foi dada no sentido de solicitar uma corcunda. A não ser nas escolas secretas de bruxas.

Chegamos, enfim, às mãos.

Partindo do polegar, em ambas as mãos, os dedos são numerados em 1, 2, 3, 4 e 5.

Números dos dedos

Números dos dedos

E para posicioná-los sobre as teclas a mão deve estar o mais natural possível, com o pulso na linha do braço, permitindo que os dedos fiquem curvados e suas pontas toquem as teclas (mas não as unhas), sem quebrar as falanges.

Muito bem.

Aqui abaixo deixo o vídeo com mais algumas instruções para você executar a sua primeira música e colocar todo esse conhecimento em prática:

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