Como escolher o melhor dedilhado para piano

Este assunto é muito útil para levar os iniciantes a visualizarem como o treinamento técnico é indispensável. A parte “dura” e “chata” do trabalho gera as CONDIÇÕES da boa execução — deixando de ser dura e chata quando realmente entendemos o motivo de sua existência.

No caso dos dedilhados, é no estudo das escalas e dos arpejos que encontramos as soluções necessárias para uma escolha sem prejuízo. As dificuldades naturais que os nossos dedos têm de alcançar uma CONTINUIDADE satisfatória nas melodias vai diminuir muito com o treino de escalas e arpejos.

Mas para entrar nesse assunto, vamos começar com uma opinião comum entre os iniciantes:

“COMO ESCOLHO OS DEDILHADOS?”

A idéia inicial que muitas pessoas têm em relação aos dedilhados se divide em dois extremos: ou há um padrão estabelecido, e os mesmos dedos são usados sempre nas mesmas teclas, ou não existe regra alguma, cabendo aos músicos uma escolha livre.

A verdade é que não acontece nem uma coisa nem outra.

As teclas NÃO são sempre atacadas com os mesmos dedos porque isso inviabilizaria a maioria das melodias. Só o desencontro entre os 5 dedos e as 7 notas já é suficiente para abandonarmos essa idéia.

Com relação à livre escolha, a explicação tem de ser mais detalhada, porque isso tem algum fundamento:

Sob certo aspecto, podemos dizer que a escolha é livre, já que o músico não está obrigado a usar um determinado dedilhado. Mas a escolha é feita dentro de um quadro de possibilidades amplamente conhecido.

É esse quadro de possibilidades que o treino das escalas dá. Afinal, é treinando as escalas que aprendemos a passar os dedos por baixo ou por cima um dos outros, a distribuir os ataques pelos dedos sem repetir o mesmo seguidamente, a iniciar uma frase com o dedo adequado, e por aí vai.

Já os arpejos nos ensinam a abrir as mãos e distribuir os dedos pelo teclado de uma maneira que inicialmente não é tão natural, para executarmos os saltos entre notas que algumas melodias exigem.

Se todos esses detalhes estiverem superados, podemos dizer que o músico vai “escolher” o dedilhado.

Essa escolha será feita em função do objetivo mais importante desse assunto: alcançar a CONTINUIDADE do gesto, que resulta na CONTINUIDADE INTERNA DA FRASE MUSICAL.

Cada frase musical exige uma continuidade que NÃO pode ser quebrada. Isso significa que o começo, o meio e o fim das frases têm de ser executados com clareza, sem quebras. Caso contrário, se houver uma quebra, o resultado será um novo início, e uma divisão da frase em partes desconexas.

A intenção principal que o músico tem ao escolher um dedilhado é que ele proporcione a fluidez necessária ao gesto, para que a frase saia com uma continuidade perfeita.

No início, você deve seguir as indicações do professor, imitando os dedilhados que ele usa. Depois, quando você já souber ler partituras, poderá seguir as sugestões que muitos editores dão nas suas publicações.

Com o passar do tempo, depois de ter assimilado muitos dedilhados, você também poderá escolher o mais adequado para a melodia que estiver tocando. Isso acontecerá naturalmente.

Para melhorar sua compreensão do assunto, indico o vídeo abaixo, onde falo dos dedilhados e ensino duas escalas.

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