2 maneiras indispensáveis de estudar piano

Ainda vou escrever um artigo inteiro sobre a importância do treinamento técnico, subdividindo e esmiuçando esse assunto até deixá-lo explicado o suficiente.

Mas hoje quero falar de um treino específico, que desenvolve a percepção e a execução das articulações entre as notas.

Esse treino, na verdade, está dividido em duas etapas, porque deriva das duas formas básicas de se conectar, articular, uma nota à outra: LEGATTO e STACCATO (termos italianos – como toda a terminologia musical erudita – que significam ligado e destacado).

Tradicionalmente, as articulações são classificadas em 4 categorias: legatto, staccato, non legatto e portato; mas podemos dizer tranquilamente que o legatto e o staccato são as formas principais de conexão entre as notas, uma vez que os dois outros modos são uma espécie de variação dessas.

No processo de sucessão das notas, quando uma dá lugar à outra, podemos tanto conectá-las ligando-as (sem deixar um espaço de silêncio) quanto destacando-as (deixando acontecer um breve silêncio).

Então:

  • LEGATTO é a articulação que não deixa um espaço de silêncio entre as notas;
  • STACATTO é a articulação que deixa um espaço de silêncio entre elas.

Muito bem. Os treinamentos que descrevo a seguir se baseiam nessas duas articulações, o primeiro chama-se LEGATTO LENTO e o segundo STACCATO FORTE.

Antes de abordá-los, quero deixar claro que a ênfase que vou dar está em COMO ESTUDAR; isso significa que não vou falar da execução do legatto e do staccato nas músicas, mas de como exagerá-los, por assim dizer, para que você desenvolva o seu mecanismo e a sua sensibilidade às nuances. Você deve treinar as mesmas melodias ou escalas das duas maneiras.

LEGATTO LENTO

O principal objetivo de treinar o legatto lentamente é alcançar um melhor controle das intensidades e das dinâmicas, porque é muito comum e inapropriado que aconteçam acentos em trechos leves das peças.

Um acento errado desequilibra a harmonia da frase musical e muda completamente a “mensagem” que o compositor desejava transmitir. Se um acento não estiver escrito, ele não deve ser executado, a não ser que o músico esteja reinterpretando a peça e acrescentando mudanças conscientemente. Nesse caso, o interprete está num patamar muito alto.

O que você vai evitar ao praticar o legatto lento são erros mesmo. Com ele você alcançará a capacidade de tocar de acordo com o anotado, no que diz respeito às intensidades e dinâmicas.

Toda a prática do legatto lento deve estar envolvida numa atmosfera de lentidão e maciez. Isso quer dizer que o andamento usado no exercício será lento e que os seus músculos trabalharão com leveza e velocidade constantes, sem acelerações repentinas.

Então você vai escolher a melodia ou escala que deseja treinar e executá-la de maneira que as notas se sucedam sem intervalos.

A alternância dos dedos tem de ser ininterrupta, um dá lugar ao outro como se o movimento fosse um só, e você vai atacar as teclas como se estivesse apertando um travesseiro, como se não houvesse um limite final ao seu ataque.

É necessário que todas as notas se sucedam sem quebra de som e que você, ao atacar as teclas, perceba o mecanismo do instrumento, sinta o momento em que cada nota soa.

Praticando esse exercício regularmente você melhorará muito no controle dos dedos e do instrumento.

STACCATO FORTE

Quase em oposição ao legatto lento está o staccato forte. Por esse motivo, eles se complementam maravilhosamente bem, conferindo ao estudante uma habilidade suficiente de execução das diferentes articulações.

O principal objetivo desse exercício é evitar o desequilíbrio rítmico, principalmente nos trechos mais rápidos. O problema do desequilíbrio rítmico é muito sério, até os leigos o percebem, tamanho o “ruído” causado por ele.

Praticando o staccato forte, você vai estimular seus dedos a aprenderem melhor as peças, diminuindo a diferença de precisão entre eles e aumentando a precisão de ataque.

Os dedos 4 e 5 sempre serão mais fracos, no entanto, esse treinamento vai aumentar a capacidade deles, afinal, os teimosos também sedem à disciplina.

Nesse exercício, as idéias de força e impulsividade dão o colorido ideal. Você vai executar o trecho escolhido acionando os dedos para baixo e para cima em movimentos bruscos, como se estivesse arrancando as notas do instrumento.

Serão ataques rápidos, que começam e terminam de uma vez e deixam um espaço de silêncio entre as notas. Os dedos devem começar o exercício encostados nas teclas – não se deve trazê-los de cima – e o movimento de cada um é feito num disparo.

Se você quiser deixar as melodias mais precisas, não há exercício melhor.

VÍDEO DE EXEMPLO

Para entender melhor o que eu disse, assista ao vídeo que gravei sobre esse tema, você me verá executando os dois exercícios.

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